Brasileiro Feminino 2023 tem recorde de times de camisa e promessa de equilíbrio

O Brasileirão Feminino Neoenergia 2023 ganha um tempero extra em ano de Copa do Mundo, já que não é segredo para ninguém que ainda restam algumas vagas na seleção brasileira e a técnica Pia Sundhage está de olhos bem atentos no campeonato nacional. 

Diante do aumentos dos investimentos dos clubes e do aquecimento do mercado do futebol feminino, a expectativa é de grandes jogos, maior competitividade e briga acirrada pelo G8, grupo que define os classificados para a fase eliminatória do Brasileiro.  Assim como tem sido a cada edição do torneio, a promessa é de ter também uma audiência crescente nas transmissões e um aumento da presença do público nos estádios. 

Santos e Flamengo abrem a maior campeonato nacional do futebol feminino de 2023 nesta sexta-feira (23), a partir das 20h, na Vila Belmiro, com transmissão do SporTV. Duas equipes que buscam reviver tempos áureos em que levantaram a taça de campeão brasileiro – a equipe rubro-negra em 2016; e as sereias da Vila em 2017.

Mas é o tetracampeão Corinthians que entra como favorito. Para defender o título que conquistou de forma consecutiva nas três últimas edições, o Timão segurou Arthur Elias no comando do elenco, cargo que ocupa desde 2016, manteve a base da equipe e ainda contratou Duda Sampaio, eleita a melhor jogadora da última temporada, em que foi vice-campeã com o Internacional. Após um ano oscilante, o clube começou 2023 já levantando a taça de campeão da Supercopa, que lhe rendeu R$500 mil em premiação, e chega como o time a ser batido.

 

Times na disputa

O Brasileiro Feminino de 2023 conta com a presença massiva de clubes tidos como de camisa. Os times masculinos que disputam a Série A do campeonato nacional masculino são obrigados a manter equipes femininas desde 2019. Para além da obrigatoriedade, atualmente uma boa parte deles passou a investir com mais interesse nas mulheres e vêm colhendo frutos positivos disso dentro e fora de campo. 

Neste ano, estão na disputa do Brasileirão Feminino os times remanescentes de 2022: Atlético Mineiro, Avaí/Kindermann, Corinthians, Cruzeiro, Ferroviária, Flamengo, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Real Brasília, Santos e São Paulo.

E ainda entram na briga: o Bahia, que retorna à elite após ter sido rebaixado em 2021, que levou junto para a elite do futebol feminino os estreantes Athletico Paranaense, Ceará e Real Ariquemes. 

 

JOGOS DA PRIMEIRA RODADA

24/02 (sexta-feira) – 20h- Santos x Flamengo, Vila Belmiro (sportv)

25/02 (sábado) – 11h – Internacional x Atlhetico-PR, SESC Campestre

25/02 (sábado) – 11h- Corinthians x Ceará, Nogueirão

25/02 (sábado) – 16h- São Paulo x Bahia, Marcelo Portugal

25/02 (sábado) – 19h- Cruzeiro x Grêmio, local a definir (sportv)

26/02 (domingo) – 11h- Palmeiras x Real Ariquemes, Allianz Parque

26/02 (domingo) – 15h- Avaí-Kindermann x Real Brasília, local a definir

27/02 (segunda-feira) – 20h- Atlético-MG x Ferroviária, SESC Alterosas

 

Transmissão

O SporTV exibirá dois jogos por rodada da primeira fase e toda a fase mata-mata. A emissora só transmitirá a fase eliminatória em TV aberta

Uma das novidades da 11ª edição do Brasileiro Feminino é que o campeonato fechou os direitos exclusivos de transmissão na televisão com o Grupo Globo até 2024, contrato em que houve efetivamente o pagamento de valores pelos direitos de transmissão, diferentemente do acordo existente anteriormente com a Band, sem qualquer valor financeiro envolvido. 

O contrato de exclusividade limita-se às transmissões em televisão. Portanto, o Brasileiro feminino poderá ser exibido também pela internet. Em 2022, a CBF firmou contrato com a Eleven Sports até 2024 para exibir os confrontos que não tiverem transmissão da TV aberta e pay-TV (Globo e Sportv) das séries A1, A2 e A3 do Brasileiro feminino de forma gratuita na plataforma digital. Mas a transmissão pela Eleven não foi confirmada pela CBF.


VAR em todo o mata-mata

Reivindicação muito frequente entre clubes, jogadoras e torcedores, o VAR vai integrar toda a fase mata-mata do Brasileiro Feminino de 2023. Antes, a tecnologia de vídeo usada pela arbitragem só era usada a partir das semifinais.

O Brasileiro é disputado em duas fases. A primeira adota o sistema de pontos corridos em que todos os clubes se enfrentam em turno único. Os oitos melhores colocados classificam-se para a fase eliminatória, que começa nas quartas de final e é disputada em dois jogos. Já os quatro últimos times na tabela de classificação da primeira fase são rebaixados para Série A2.

A Primeira Fase do Brasileiro vai até o dia 16 de junho. O campeonato terá uma pausa para a disputa da Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia, entre 20 de julho e 20 de agosto. Depois volta na fase eliminatória. A final está prevista para os dias 10 e 17 de setembro.

 

Nova identidade visual


O campeonato deste ano chegou de cara nova. A nova logomarca traz traços que destacam a igualdade de gênero, a força das mulheres no esporte e também a relevância da maior competição nacional da categoria. Segundo a CBF, organizadora do Brasileirão Feminino, a união das cores está associada ao movimento feminista e à luta pelos direitos das mulheres. A identidade visual  estará presente em diferentes materiais que serão usados durante a competição, como as placas de campo, pódio e totem de bola.

 

Recorde de estrangeiras

Esta é a edição do campeonato com o maior número de jogadoras estrangeiras. Com 40 atletas de outros países, o Brasileirão feminino vem se consolidando como um pólo da modalidade na América do Sul. Muito do interesse dos clubes brasileiros começa pelo intercâmbio gerado na Copa Libertadores. Dos 16 times da Série A1, apenas dois não contam com estrangeiras: Ceará e São Paulo. Por outro lado, o espanhol virou idioma presente nos elencos de Palmeiras e Atlético Mineiro, com seis estrangeiras em cada um. 


Diminuição de treinadoras mulheres

Foto: Andrielli Zambonin
Técnica do Avaí/Kindermann, Carine Bosetti é uma das três mulheres treinadoras do Brasileiro Feminino de 2023

Dos 16 clubes que disputam o Brasileiro Feminino em 2023, três são comandados por mulheres: Lindsay Camila (Atlético-MG), Carine Bosetti (Avaí/Kindermann) e Jéssica Lima (Ferroviária). Delas, apenas a treinadora das Vingadoras atuou também no ano passado, quando o campeonato começou com cinco técnicas. Em 2022, além da Lindsay Camila, havia Patrícia Gusmão (Grêmio), Tatiele Silveira (Santos), Roberta Batista (Ferroviária) e Rosana Augusto (Red Bull Bragantino).

 

Os campeões e as artilheiras de cada edição


2022 – CORINTHIANS

Foi uma temporada marcada por desfalques devido a muitas lesões no elenco em que o Timão oscilou bastante, terminando a primeira fase apenas na quarta colocação. Mas a edição do Brasileiro de 2022 também ficou marcada pela capacidade do time se superar e colocar à prova o poder mental de vencedor a partir das quartas de final. 

A arrancada na fase decisiva do Brasileiro começou pelo Real Brasília, contra quem o Corinthians venceu os dois jogos das quartas de final, por 2 x 0 e 1 x 0.  Nas semifinais, superou o rival Palmeiras, que havia terminado a primeira fase na liderança. Mas a tradição das Brabas do Timão falou mais forte e elas venceram as palestrinas por 2 x 1 e 4 x 0. 

A final contra o Internacional reservou dois recordes de público nos estádios do Beira Rio e da Neo Química Arena. Após empatar em 1 x 1 no primeiro jogo decisivo, o Corinthians carimbou o terceiro título consecutivo com uma vitória por 4 x 1. 

A artilheira da competição em 2022 foi Cristiane, do Santos, com 13 gols em 15 partidas. A atacante que fez história com a camisa da seleção brasileira segue sendo decisiva aos 37 anos. 

 

2021 – CORINTHIANS

O clube manteve o domínio do futebol brasileiro e teve a segunda conquista consecutiva. Foi a melhor campanha da primeira fase, com apenas uma derrota em 15 jogos. Nas quartas, as alvinegras superaram o Avaí/Kindermann. O duelo das semifinais foi contra a Ferroviária, com duas vitórias por 3 a 1.

A final foi decidida em um dérbi em que a equipe corinthiana venceu o Palmeiras por 1 a 0 no jogo de ida, e 3 a 1 no jogo de volta, em casa, conquistando seu terceiro título da competição.

Os gols foram marcados pela zagueira palmeirense, Agustina, que empurrou para as redes e acabou marcando contra, abrindo o placar para as alvinegras. Adriana fez o segundo com um belo chute no ângulo e, ainda no primeiro tempo, a Vic Albuquerque matou a bola no peito e encaixou uma bicicleta para fazer o terceiro gol do time alvinegro e fazendo a festa da fiel torcida presente nas arquibancadas.

Com um trabalho importante desde 2016, com a mesma base de jogadoras e mesma comissão técnica, o Timão se consolidou ainda mais como o grande protagonista do futebol feminino no país.

A artilheira de 2021 foi Bia Zaneratto, do Palmeiras, anotando 13 gols em 15 jogos, além de oito assistências. A atacante terminou o campeonato como artilheira e melhor jogadora da competição.

 

2020 – CORINTHIANS

Em partida intensa e movimentada, o Corinthians conquistou seu bicampeonato brasileiro na Neo Química Arena, em São Paulo. As alvinegras disputaram o título contra o Avaí Kindermann.

O jogo de ida terminou em um empate sem gols. Já o jogo da volta, diante da sua torcida, as brabas fizeram 4 a 2 e se sagraram, pela segunda vez, campeãs brasileiras. Os gols foram marcados por: Gabi Nunes, Gabi Zanotti (duas vezes) e Vic Albuquerque pelo lado corinthiano e Lelê e Zoio, descontaram para as avaianas.

A artilheira desta edição foi Carla Nunes, atacante do Palmeiras, que anotou 12 gols no torneio.

 

2019 – FERROVIÁRIA

Em uma final disputadíssima, as grenás venceram a equipe de Arthur Elias e conquistaram o bicampeonato.

No jogo de ida, as equipes ficaram no empate de 1 a 1, fato que marcou o fim da sequência histórica de vitórias do clube alvinegro, 34 jogos sem saber o que é perder ou empatar.

Já na final disputada na Fazendinha, diante de seis mil torcedores, Corinthians e Ferroviária não saíram do 0 a 0 e o campeão foi decidido nos pênaltis.

A artilheira da competição foi Millene, do Corinthians, com 19 gols marcados.

 

2018 – CORINTHIANS

Chegou a vez do Corinthians levantar a taça e o melhor de tudo, diante de sua torcida. O adversário era o Rio Preto e o Timão venceu o primeiro jogo por 1×0 com gol de Maga e goleou no segundo: 4 a 0.

Millene, Yasmin, Marcela e Maga foram as protagonistas do festejo no Parque São Jorge, marcando os quatro gols que levaram o Corinthians ao primeiro título nacional com apenas uma derrota durante toda a competição. 

A artilheira do Campeonato Brasileiro de 2018 foi Danyelle Helena, do Flamengo, que marcou 15 gols na competição.

 

2017 – SANTOS 

Neste ano, a CBF realizou mudanças no sistema de disputa do Campeonato Brasileiro. A principal delas foi a criação de mais uma divisão que dividiu a competição em Série A1 e Série A2, com 16 clubes cada.

Dentro de campo, a disputa foi entre Santos e Corinthians e as Sereias da Vila venceram os dois confrontos: 2×0 no jogo de ida e 1×0 na volta. 

Essa edição teve recordes de público em Manaus, com o jogo entre Iranduba e Santos levando mais de 25 mil pessoas para a Arena da Amazônia, e a própria final na Vila Belmiro, que teve o estádio com lotação máxima e mais de 15 mil pessoas apoiando as Sereias. 

O Santos conquistou o título com grande campanha. Foram 16 vitórias em 20 jogos, com apenas duas derrotas e dois empates.

A artilheira do campeonato também foi do Peixe: a argentina Sole James, que balançou as redes 18 vezes.

 

2016 – FLAMENGO/MARINHA

A final de 2016 foi disputadíssima! Após perder por 1 a 0, no Rio de Janeiro, o Flamengo superou o Rio Preto por 2 a 1, em São Paulo, e conquistou o título pela primeira vez em sua história. 

Com gols de Larissa, aos 5 minutos, e Gaby, aos 45 minutos do primeiro tempo, o Flamengo levou a taça, pela primeira vez, para fora de São Paulo. Destaque para as jogadoras Tania Maranhão, que defendeu a zaga rubro-negra aos 42 anos de idade e Bia Vaz, que após se aposentar dos gramados se tornou auxiliar técnica da seleção feminina brasileira. 

A artilharia do campeonato foi de Milene, do Rio Preto, com 10 gols marcados. 

 

2015 – RIO PRETO 

Neste ano foi a vez do Rio Preto – time de São José do Rio Preto – se tornar campeão nacional. A equipe comandada pelo casal Chicão e Dorotéia e que tinha no ataque uma de suas filhas, a craque Darlene, levou o troféu pra casa após bater o São José por 1×0 na primeira partida e empatar por 1×1 o segundo confronto. 

A artilheira da temporada foi Gabi Nunes, do Centro Olímpico, com 14 gols. 

 

2014 – FERROVIÁRIA

A Ferroviária, tradicional time de Araraquara, foi a segunda equipe a vencer o Campeonato Brasileiro Feminino ao derrotar o Kindermann (time de Santa Catarina) nas duas partidas: 3×0 no primeiro jogo e 5×3 no segundo. 

Dentro de campo, grandes nomes do futebol feminino participaram desta edição. Entre os destaques da equipe do interior de São Paulo estavam a goleira Luciana, a zagueira Tayla, a meio-campista Maurine e as atacantes Raquel e Bia Zaneratto.

Do lado do time do Sul estavam a goleira Bárbara, as meias Andressinha e Camilinha – todas elas disputaram ao menos uma Copa do Mundo pela seleção brasileira.

A artilharia da competição foi de Raquel, que marcou 14 gols.

 

2013 – CENTRO OLÍMPICO

A primeira edição do torneio contou com 20 equipes participantes e foi vencida por um clube formador de atletas da cidade de São Paulo: o Centro Olímpico. 

O time da capital paulista disputou o título com o São José – equipe do Vale do Paraíba – em dois jogos. A primeira partida acabou empatada em 2×2 e no último jogo, o Centro Olímpico venceu por 2×1 com gols de Tamires e Cristiane, jogadoras que serviram a seleção brasileira. 

O Centro Olímpico terminou o campeonato com 10 vitórias, três empates e uma derrota.

A artilheira foi a camisa 10 Gabi Zanotti, com 12 gols marcados.

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