Brasileiro feminino prometeu e entregou: já é o mais equilibrado da história

(Foto: Fabio Menotti / Palmeiras)

Fim de primeira fase do Brasileirão Feminino e conhecemos os times classificados para o mata-mata, assim como os quatro que irão disputar a A2 do ano que vem. Tanto no G8 quanto no Z4 temos elementos inéditos na história da competição.

Não à toa a expectativa para esta edição do Brasileiro Feminino era alta antes mesmo de a bola rolar. Muita movimentação no mercado durante a pré-temporada e promessa de briga boa pela parte de cima da tabela.

Atlético-MG, Red Bull Bragantino, Esmac-PA e Cresspom-DF debutavam na elite, e somente o vice-campeão da segunda divisão de 2021 conseguiu permanecer. O RB Bragantino bateu e voltou de forma surpreende, vencendo só um jogo (na última rodada). E juntou-se aos três o São José, triste notícia para o único campeão Mundial de Clubes feminino do Brasil.

“Essa foi, sem dúvidas, a edição de maior equilíbrio do Brasileirão Feminino Neoenergia. Vimos as equipes se preparando, contratações importantes e isso nos proporcionou grandes confrontos, clássicos e uma briga emocionante na reta final pela classificação e pelo rebaixamento. Estamos no caminho certo, essa edição mostra que não há mais volta para o crescimento do futebol feminino. Agora na fase mata-mata teremos os jogos em grandes estádios e o VAR a partir da semifinal, elementos que irão potencializar toda competição que por si só já é especial”, avaliou Aline Pellegrino, gerente de competições da CBF.

G4 inédito e apertado

O Palmeiras terminou a fase de grupos liderando o torneio com 37 pontos (foram 12 vitórias e o melhor ataque, com 45 gols), dois a mais que o vice-líder São Paulo. Em seguida, em terceiro, veio o Internacional e em quarto, o Corinthians.

Disputando seu terceiro ano seguido a A1 do Brasileiro Feminino, esta foi a melhor colocação do Tricolor Paulista na fase classificatória. Em 2020 o clube avançou em sétimo e em 2021, em terceiro.

Além disso, a distância do primeiro para o quarto colocado é a menor desde que o campeonato passou a ser disputado neste formato – sem divisão de grupos na primeira fase (2019). Apenas cinco pontos separaram o Palmeiras do Corinthians na edição atual, bem diferente dos 13 que as Brabas do Timão abriram para a Ferroviária em 2020 (42 para 29).

Nas edições de 2019, 2020 e 2021, a diferença de pontuação do primeiro para o quarto colocado na primeira fase sempre foi de mais de 10 pontos – isso caiu pela metade nesta edição.

Fim de uma hegemonia?

Já falamos da liderança alviverde e precisamos destacar o feito das palestrinas. Desde que adotou o modelo atual de competição, o Brasileirão Feminino não conhecia outro líder senão o Corinthians.

Foram três anos consecutivos avançando para as quartas de final na liderança, conquistando neste período dois títulos (2020 e 2021) e um vice (2019). Mas na temporada passada o Palmeiras já dava sinais de que viria forte.

O time comandado por Ricardo Belli (que retornou ao clube no mês passado) ficou apenas um ponto do Corinthians na primeira fase e conseguiu chegar à final. Perdeu o primeiro jogo somente por 1 a 0, mas no segundo levou o 3×1.

Na 11ª rodada da edição atual, as palestrinas venceram o Derby disputado no Allianz Parque por 2 a 0 (dois gols de Duda Santos). Foi a primeira vitória no clássico desde que o clube retomou a modalidade. E foi esta a única derrota do Corinthians na primeira fase. Mas como teve mais empates que o rival, a equipe alvinegra experimentou uma nova realidade na primeira fase e terminou em quarto, enquanto as Palestrinas ficaram na liderança.

Distrito Federal representado no mata-mata pela 1ª vez na história

Em 2020, um ano após ser criado, o Real Brasília subiu para a elite do Brasileirão Feminino com uma campanha impecável. Foram cinco vitórias, seis empates e nenhuma derrota em 11 jogos, além de 12 gols marcados e três sofridos.

Com o rival Minas Brasília rebaixado no ano passado, o Real vive seu melhor momento com a modalidade. Após terminar o campeonato nacional de 2021 na 10ª colocação, três pontos apenas do oitavo colocado (Avaí/Kindermann), este ano o time comandado por Adilson Galdino (tricampeão da Libertadores com o São José) deu uma arrancada de cinco jogos de invencibilidade nas últimas rodadas e avançou às quartas de final em quinto, abrindo seis pontos do nono lugar, que ficou com o Santos.

Santos fora e descaso com a modalidade

A derrota por 3 a 1 para o Real Brasília logo na estreia já deixou o torcedor santista com a pulga atrás da orelha. Bicampeão da Libertadores e da extinta Copa do Brasil, tetra do Paulistão Feminino e campeão em 2017 do Campeonato Brasileiro Feminino. O Santos de Marta, Cristiane (que até hoje joga lá e é a artilheira da edição atual do campeonato nacional com 13 gols) e responsável por um dos primeiros recordes de público da modalidade no país (25 mil pessoas na Arena da Amazônia diante do Iranduba): tudo isso estava em jogo.

Ficar de fora do mata-mata após quatro temporadas caindo nas quartas de final reflete o tratamento que o Santos Futebol Clube está dando à modalidade. Foram sete derrotas, dois empates e seis vitórias. Desde que levantou a taça em 2017, as Sereias da Vila nunca perderam tanto quanto nesta edição (o máximo de derrotas foram cinco jogos nas temporadas 2020 e 2021).

O reflexo? A demissão de Tatiele Silveira do comando um dia após o fim da primeira fase (em que o time empatou em 1 a 1 com o Flamengo). A decisão em se desfazer da comandante parece ser a única “resposta” que o clube se propõe a dar ao seu torcedor. Planos, projetos, intenções? Nada, o silêncio da diretoria santista sobre o futebol feminino do clube segue ensurdecedor.

Flamengo investe e volta ao mata-mata

O Flamengo não chegava ao mata-mata do Brasileiro feminino desde 2019. Com muito investimento, contratações de peso – inclusive com reforços chegando agora na parada da Copa América -, o time carioca quer retomar o protagonismo no futebol feminino.

Ainda não há definição do estádio onde o clube irá mandar as quartas-de-final contra o Inter, mas espera-se que seja num local onde a torcida consiga comparecer. Os últimos jogos, realizados na Gávea, onde as arquibancadas estão interditadas há anos, não permitiram aos rubro-negros torcerem pela classificação das mulheres.

São José rebaixado e a necessidade de se reinventar

O clube detentor dos títulos mais importantes – e cobiçados – da modalidade amarga uma das suas piores fases. Pela primeira vez na sua história, o São José está rebaixado para a segunda divisão (criada em 2017).

Após ficar fora do mata-mata desde 2019 e não conseguir conquistar o único título que falta na sua prateleira, o time tricampeão da Libertadores, campeão do Mundial de Clubes, bi da Copa do Brasil e tricampeão Paulista conquistou somente duas vitórias na edição atual, além de três empates e dez derrotas (com três goleadas: 5×0 contra Palmeiras e Corinthians e 6×1 contra Ferroviária).

Contando com o apoio da prefeitura, o clube assinou recentemente o memorando de intenção para a venda da SAF (Sociedade Anônima de Futebol) à uma empresa interessada. A expectativa é de que a próxima temporada seja de reestruturação e que os ventos voltem a soprar a favor das Meninas da Águia.

As quartas de final do Brasileirão Feminino iniciam neste domingo (14), com a definição acontecendo no dia 21 de agosto. Leve favoritismo para os clubes que terminaram no G4, mas Grêmio, Real Brasília, Ferroviária (campeã em 2019) e Flamengo (campeão em 2016 e de volta ao mata-mata após duas temporadas) seguem na briga.

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