Dérbi centenário tem mulheres como protagonistas em final do Brasileiro

Palmeiras e Corinthians estiveram no centro das atenções por inúmeras vezes na história do nosso futebol, seja em Paulistão, Campeonato Brasileiro, Taça Libertadores da América, Torneio Rio-São Paulo. O que não falta são registros de grandes confrontos na história do clássico, que começou lá em 1917.

Porém, registros esses que excluem o futebol das mulheres, que hoje assume o protagonismo desse Dérbi centenário. Neste domingo (12), às 21h, os dois times se encontraram para o primeiro jogo desta final inédita de Brasileirão Feminino. Apesar da história não contatada, este é só mais um dos muitos clássicos jogados por elas.

O Dérbi na “Antiga Era”

Créditos: Arquivo Pessoal

Em nível nacional, não há informações de que Palmeiras e Corinthians já tenham se enfrentado no feminino antes dos moldes atuais do Brasileirão (de 2013 para cá), nem pela Copa do Brasil, nem pela Taça Brasil (que existiu entre 1983 a 2007). Já no estadual a história é diferente.

Nos últimos anos a Federação Paulista de Futebol iniciou um resgate da história da modalidade onde é possível encontrar registros de pelo menos seis Dérbis durante a “primeira temporada” do futebol feminino nos clubes – ambos ficaram anos sem ter time de mulheres. O primeiro confronto aconteceu em 1997, quando houve o investimento de uma patrocinadora para a realização dos campeonatos.

O retrospecto dessas seis partidas é de cinco vitórias para o lado do Corinthians e uma para o lado do Palmeiras, esta justamente quando se sagrou campeão do Paulistão Feminino de 2001 eliminando o rival nas semifinais. Quanto aos gols, o Timão marcou 24 vezes e o Alviverde apenas nove.

O Dérbi na “Nova Era”

20 anos se passaram até os dois times se encontrarem novamente em campo. O Corinthians com um projeto mais sólido, iniciado em 2016 numa parceria com o Audax, posteriormente assumindo a gestão da equipe dois anos depois. Já o Palmeiras retomou o interesse na modalidade apenas em 2019.

Se por um lado temos uma máquina de ganhar títulos – bicampeão Brasileiro (2018 e 2020), campeão da Copa do Brasil (2016), bicampeão do Paulista (2019 e 2020) e bicampeão da Libertadores (2017 e 2019) –, do outro temos um projeto promissor, que em dois anos chegou à elite do campeonato nacional, venceu a Copa Paulista e decidiu vir com tudo na temporada 2021 para bater de frente com o poderoso papa troféus.

O retrospecto da retomada é favorável ao Corinthians desde o primeiro duelo. Pela estreia do Brasileirão de 2020, o Alvinegro venceu por 3 a 1. Depois, os times se encontraram na semifinal do nacional, com empate em 0 a 0 no jogo de ida e vitória corintiana no da volta por 3 a 0. No Paulista, história semelhante com o Timão eliminando o rival também nas semis por 3 a 2 no agregado.

2021 e a história pode ser outra

Créditos: Rebeca Reis & Cristiane Mattos/Staff Images Woman/CBF

Virada de ano e quem sabe de chavinha. O Palmeiras se reforçou com 14 contratações para a temporada 2021 – incluindo a badalada Bia Zaneratto – com o intuito de seguir numa crescente na modalidade, e quem sabe, desbancar o poderoso Corinthians. De cara já vimos evolução: futebol atraente, dinâmico, peças individuais muito boas e coletivo pegando corpo. Já o rival trouxe peças pontuais que só acrescentaram no impecável elenco e o levaram à sua quinta final consecutiva de Brasileirão.

Ambos os times travaram uma disputa sadia pela liderança do campeonato nacional com o Palmeiras se mantendo no topo entre a quinta e a sétima rodada e o Corinthians terminando por lá. Não à toa, o Dérbi na primeira fase terminou empatado em 1 a 1.

Somente um ponto separou as equipes na tabela de classificação. Passadas as semis (em que o Corinthians eliminou a Ferroviária e o Palmeiras, o Internacional) o panorama é o seguinte: 16 vitórias, dois empates, uma derrota, 60 gols marcados e 16 gols sofridos para as Brabas do Timão; 14 vitórias, quatro empates, uma derrota, 55 gols marcados e 17 gols sofridos para as Palestrinas. É uma final de times e números grandiosos.

O que dizem os personagens

Técnicos e capitãs de ambas as equipes participaram do evento de lançamento das finais realizado nesta sexta-feira (10) pela CBF. Lá, Arthur Elias e Tamires, pelo lado do Corinthians, e Ricardo Belli e Agustina, pelo lado do Palmeiras, comentaram sobre o que esperam deste confronto histórico.

Sobre ser a maior edição da história do Brasileirão desde seu formato atual, em 2013:

“Não só pela final, mas o que o campeonato mostrou, foi a maior edição, tem sido uma crescente muito importante para o desenvolvimento do futebol feminino. Equipes mais organizadas melhores investimentos, times que fizeram seu melhor. Um clássico dessa dimensão na final engrandece ainda mais o campeonato. Esperamos dois grandes jogos, equipes com as melhores campanhas, nada mais justo e merecido para quem for acompanhar. Serão dois grandes jogos” – Arthur Elias.

“Palmeiras e Corinthians é uma rivalidade centenária, histórica no futebol brasileiro. Acho que é também a maior edição. Chegaram as duas melhores equipes, as que mais pontuaram, melhor saldo de gols, melhores defesas, ambas merecem estar aqui hoje. O Corinthians é uma equipe que vem de muitos anos, projeto de mais tempo. Depois que o Palmeiras reativou (a modalidade) é ainda nosso segundo ano na primeira divisão. No primeiro ano chegamos às semis, e aprendemos que temos que jogar muita bola agora porque tem um adversário muito difícil pela frente. Mas estamos prontos” – Ricardo Belli.

Ponto forte do time:

Do lado do Palmeiras, a capitã Agustina, e o técnico Ricardo Belli destacaram o futebol coletivo.

“Nosso todo foi muito importante durante esse ano, não só o físico, o tático, o técnico, a direção deu um suporte muito forte, foi o que fez o Palmeiras ser diferente esse ano. Nosso futebol é muito dinâmico, intenso, fisicamente tem que estar sempre muito bem, esse foi um diferencial durante o ano e fez nosso jogo ser difícil para as outras equipes” – Agustina

“A rivalidade é sempre boa, sadia porque obriga todo mundo a melhorar, a se esforçar cada vez mais, competir. Nosso elenco é muito trabalhador, comissão trabalha muito, atletas também. Essa intensidade que vocês acompanham nos jogos acontece no dia a dia, nos treinamentos. A grande marca dessa equipe é o futebol coletivo; Não temos as titulares, ou um time titular, cada jogo o palmeiras pode entrar com uma formação diferente. É um grupo humilde e que quer muito, trabalha muito e vem crescendo muito na competição, principalmente nessa reta final” – Ricardo Belli.

Do lado do Corinthians, o técnico Arthur Elias destacou a “força mental do time”, e a capitã, Tamires, ressaltou a união das atletas.

“Voltamos muito bem depois da Olimpíada, o Arthur soube treinar muito bem nesse período, o elenco estava muito feliz, com alegria de jogar bola e isso nos motiva mais ainda. Sabíamos que tínhamos muita coisa a construir nesse segundo semestre. O Corinthians sempre foi muito forte nessa parte coletiva, tem a união que faz a diferença e estamos aqui hoje para mais uma disputa de Brasileiro” – Tamires.

“Nós sabemos da dificuldade que foi chegar às finais até hoje. Temos uma característica importante no grupo que é a mentalidade vencedora. Não é fácil construir e manter durante muito tempo nas suas relações, dia a dia, ambiente motivado com treinamento intenso, qualidade. É parte do que construímos ao longo desses anos e aprender tanto na vitória quanto na derrota. Chegar à sexta final seguida traz experiência e tranquilidade para tomar decisões, o que não garante nada porque tem um adversário à altura, um clube que investiu, deu estrutura, com grande profissionais e atletas” – Arthur Elias.

Ponto forte do adversário:

“Sabemos da qualidade do time, que tem peças individuais e no grupo é muito forte, a gente as estuda, conhecemos o ponto forte e o fraco. É se concentrar nos detalhes, focar no nosso jogo e fazer o resultado positivo para nós”, analisou a zagueira palmeirense Agustina.

“A gente hoje tem analista de desempenho, estuda o adversário, os pontos fortes, os fracos. O que sabemos fazer bem é pensar no nosso estilo de jogo, o que vem colocando desde então, é uma equipe equilibrada, com excelentes peças em todos os setores. É um jogo que será decidido nos detalhes. As duas equipes estão bem preparadas. É fazer o que estamos fazendo todo dia, estamos mentalmente muito fortes, além de serem dois excelentes estádios para abrilhantar ainda mais a grande final”, concluiu a jogadora corintiana mais versátil, Tamires.

O primeiro jogo do Dérbi acontece já neste domingo (12), às 21h, no Allianz Parque. A volta será na Neo Química Arena no dia 26 de setembro, às 21h. Ambas as partidas com transmissão do SporTV, da Band e do Tik Tok do Brasileirão e do Desimpedidos.

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