Lesões de LCA ‘assombram’ estrelas do futebol feminino antes da Copa; veja lista

A atacante Ludmila está fora da Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia, que será disputada entre julho e agosto. O Atlético de Madrid confirmou que a jogadora da seleção brasileira rompeu o ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho direito no jogo contra o Real Madrid, pela liga espanhola, no último domingo (12). Essa é uma das lesões mais recorrentes – e temidas – do futebol feminino.

Com a proximidade do Mundial, a preocupação com lesões graves desse tipo só aumenta. Por isso, o Dibradoras reuniu abaixo as principais estrelas do futebol mundial que sofreram essa lesão às vésperas do Mundial Feminino de 2023 – algumas correm risco de ficar fora da Copa e outras correm contra o tempo para recuperar o nível físico e o ritmo de jogo para a competição.

O LCA é uma estrutura fibrosa que se assemelha a uma corda e serve para ligar os dois principais ossos do joelho (o fêmur e a tíbia). A lesão ocorre quando se realiza um movimento rotacional do joelho no sentido inverso, podendo resultar em uma ruptura total ou parcial dessa “corda”.

Como o  LCA é um ligamento que não cicatriza, se o rompimento for total, é preciso intervenção cirúrgica para reconstruí-lo. Por isso, a recuperação é mais longa, podendo durar quase um ano. Mas a lesão do LCA também pode ser de uma ruptura pequena quando se fala em um estiramento do ligamento. Nesse caso, um período em repouso e exercícios de fortalecimento podem ser suficientes, sem a necessidade cirúrgica, o que pressupõe uma recuperação de algumas semanas.

 

Alexia Putellas (Espanha)

A atual melhor do mundo rompeu o LCA do joelho esquerdo em treino da Espanha no início de julho, três dias antes da estreia da seleção espanhola da Eurocopa Feminina de 2022. A meio-campista de 28 anos era a grande atração da competição continental e esperança de conduzir o seu país ao seu primeiro título relevante no futebol feminino. Ela ganhou o prêmio de melhor do mundo da Fifa nos últimos dois anos e é considerada a craque da seleção espanhola.

Alexia estava voando quando se machucou. Ela foi campeã espanhola e da Copa da Rainha e ficou com o vice-campeonato na Champions League – o Barça perdeu para o Lyon na final. Fechou a temporada pelo clube com 34 gols e deu 19 assistências. A lesão foi exatamente um ano antes da Copa do Mundo e a meio-campista deverá voltar aos gramados a tempo de disputar o Mundial da Austrália e Nova Zelândia. Resta saber com qual ritmo de jogo. 

 

Beth Mead (Inglaterra)

Pedro Soares/SheKicks/SPP

Eleita a melhor jogadora da Eurocopa de 2022, a atacante inglesa rompeu o LCA no fim de novembro de 2022, na derrota do Arsenal por 3 x 2 para o Manchester United na Superliga Feminina. Mead foi a artilheira da Euro, com seis gols, e ainda deu cinco assistências, sendo decisiva para a Inglaterra conquistar o primeiro grande título no futebol feminino. O desempenho também rendeu à jogadora de 27 anos o segundo lugar tanto no prêmio Fifa The Best quanto ​​na Bola de Ouro Feminina, atrás da espanhola Alexia Putellas.

Apesar de não ter vencido a premiação, Beth Mead foi a preferida da técnica da seleção brasileira Pia Sundhage, que dedicou seu voto à inglesa. Independentemente da coroação, o maior lamento da inglesa é o curto período entre a grave lesão e a Copa da Austrália e Nova Zelândia, sendo muito difícil de retornar a tempo de reforçar uma das seleções favoritas ao título no Mundial de 2023.

“Obviamente com o coração partido pela notícia da minha lesão, infelizmente essas coisas fazem parte do jogo. Mas vou trabalhar muito para voltar aos gramados o mais rápido possível. Por enquanto serei a maior torcedora do Arsenal e da Inglaterra. Muito obrigado por todo o amor e apoio”, escreveu a atacante no Twitter depois que o Arsenal revelou a notícia.

 

Vivianne Miedema (Holanda)

Getty Images

Destaque da seleção holandesa e do Arsenal, a atacante de 26 anos foi mais uma vítima do rompimento do LCA com praticamente um mês de diferença para a colega de clube Beth Mead. Miedema sofreu a lesão em 15 de dezembro, na derrota do clube inglês por 1 a 0 para o Lyon, pela Champions League Feminina. Pelas redes sociais, a jogadora lamentou muito a lesão e foi realista ao não alimentar qualquer esperança de se recuperar a tempo de disputar a Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia.

“Totalmente arrasada por compartilhar que eu rompi meu ligamento cruzado no nosso último jogo contra o Lyon. Foi um daqueles momentos que eu já sabia imediatamente. Não vou poder ajudar meu time mais nessa temporada, fico fora da Copa do Mundo, cirurgia e reabilitação por um longo tempo. Será duro, com muitos dias difíceis (cheios de lágrimas, que eu já derramei bastante), mas infelizmente isso faz parte do futebol”, escreveu. 

 

Marie-Antoinette Katoto (França)

Getty Images

Outra jogadora que rompeu o ligamento no meio do ano passado foi a francesa Katoto. A atacante de 24 anos sofreu a lesão no jogo da França contra a Bélgica pela Eurocopa e desfalcou a equipe no restante da competição continental. Katoto havia sido a principal goleadora da primeira divisão francesa nas últimas três temporadas.

Ainda em recuperação, a jovem atacante se juntou a outras jogadoras da França que se recusaram a defender a seleção do país a quatro meses da Copa do Mundo devido a insatisfações com a direção da equipe. Junto da atacante Kadidiatou Diani, Katoto expressou apoio à zagueira Wendie Renard, que havia anunciado afastamento da seleção francesa. A pressão das atletas provocou a demissão da treinadora Corine Diacre no início de março. Katoto deve se recuperar a tempo de disputar a Copa, um reforço de peso para o principal adversário do Brasil na fase de grupos da competição.


Catarina Macario (EUA)

A brasileira naturalizada norte-americana rompeu o LCA do joelho esquerdo em 1º de junho de 2022, em um jogo do Campeonato Francês contra o Issy. A meio-campista de 23 anos é considerada uma grande promessa dos Estados Unidos. Até a lesão, o técnico Vlatko Andonovski a considerava peça chave na renovação que a seleção norte-americana vem passando no último ciclo. Macario mudou-se ainda na adolescência para os EUA, onde encontrou mais oportunidades de desenvolver o seu futebol. Ela formou-se na liga universitária por Stanford e, no início de 2021, foi anunciada como reforço do Lyon, dono de 8 títulos da Champions League feminina.

Catarina espera estar recuperada para voltar na fase mata-mata da Champions, que começa em 21 de março. Afinal, o foco principal do ano é estar pronta e conquistar uma vaga na Copa do Mundo de 2023, ainda que ela precise correr contra o tempo para ganhar ritmo de jogo quando retornar aos gramados.

 

Angelina (Brasil)

Foto Staff Images Woman – CONMEBOL

Destaque do Brasil na Copa América, Angelina sofreu ruptura total do ligamento cruzado anterior e menisco lateral do joelho direito na final da Copa América conquistada pela equipe brasileira sobre a Colômbia, em 30 de julho de 2022. A meio campista era uma aposta da técnica Pia Sundhage e vinha ganhando espaço no meio campo da seleção brasileira. Além da cirurgia habitual para a reconstrução dos ligamentos, a jogadora do OL Reign (EUA) precisou passar por uma segunda artroscopia para ganhar um pouco mais de movimento. 

Segundo Angelina, o segundo procedimento cirúrgico também foi um sucesso e não chegou a atrapalhar o período de recuperação. Em entrevista à Cíntia Barlem, em janeiro, a jogadora de 22 anos preferiu não estipular uma data de retorno. “Não tem como eu dizer quando que vou voltar. Se eu for pensar, quero estar pronta para a Copa, mas não posso querer adiantar as coisas. Não é assim que deve funcionar”, disse. Apesar do afastamento dos gramados, ela mantém contato com a seleção brasileira. Em novembro, Angelina marcou presença no amistoso do Brasil contra o Canadá e reencontrou jogadoras e comissão técnica.

Marta (Brasil)

Rompimento do LCA também foi o que afastou a Rainha Marta dos gramados por quase 11 meses, no ano passado. A capitã brasileira lesionou o joelho esquerdo em 26 de março de 2022, contra o North Carolina Courage, no início da temporada do Orlando Pride na NWSL (liga americana). Foi a primeira vez na carreira que ela teve uma lesão tão grave.

Após uma longa recuperação, Marta voltou a atuar em um jogo oficial em fevereiro deste ano, com a seleção brasileira, na She Believes Cup. A fome de bola era tamanha que, logo nos primeiros minutos  a camisa 10 do Brasil pedalou para cima da adversária em uma linda jogada de linha de fundo que resultou em assistência pro gol da Debinha contra o Japão.

“É a antiga Marta, no melhor dos sentidos, traz a experiência e também aquele passe final”, descreveu a técnica Pia Sundhage. Os meses até a Copa do Mundo serão dedicados à jogadora retomar ritmo de jogo. Mas o esforço para voltar aos gramados a tempo de disputar o Mundial, ao que tudo indica, funcionou.  O Brasil provavelmente contará com a técnica, o poder de decisão e a liderança da principal jogadora da história do país pela sexta vez em Copas do Mundo.

 

Lorena (Brasil)

Lucas Figueiredo/CBF

A jovem goleira do Grêmio se consolidou no último ano como a titular absoluta da posição na seleção brasileira. A menos de cinco meses da Copa do Mundo, porém, Lorena deu um baita susto nos torcedores brasileiros. O Grêmio informou que a arqueira de 25 anos sentiu um desconforto e uma instabilidade no joelho esquerdo durante um treinamento.

O clube confirmou que trata-se de uma lesão no LCA, mas não houve ruptura do ligamento. Exames apontaram que houve um estiramento de alto grau 2, lesão que não há necessidade de cirurgia e, portanto, demanda um tempo mais curto de recuperação. “A atleta já está em tratamento conservador, com previsão de retorno de 4 a 8 semanas”, comunicou o Grêmio. Assim, Lorena deve estar apta a voltar aos treinamentos entre abril e início de maio – ela ficará fora dos amistos de abril, contra Inglaterra (Finalíssima, dia 6/4) e Alemanha (dia 11/4).

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