Putellas, Sarina e Mary Earps levam Fifa The Best: a premiação foi coerente?

Pelo segundo ano seguido, a espanhola Alexia Putellas é eleita a melhor jogadora do mundo pelo pela segunda vez no Fifa The Best – ela havia vencido também de novo a Bola de Ouro da revista France Football.

Apesar da meia-atacante ter sido coroada pela ótima atuação com o Barcelona, a conquista dela foi na contramão das demais premiações, em que o título da Eurocopa vencido pela Inglaterra, pesou para definir Sarina Wiegman como a melhor treinadora e Mary Earps como a melhor goleira, ambas protagonistas nas suas funções com a seleção inglesa. Isso sem falar no domínio argentino nas premiações masculinas (melhor jogador, goleiro, treinador e Fan Award) após a vitória na Copa do Mundo no Catar. 

Se as competições com seleções tivessem um peso realmente maior para esta temporada, tanto Alexia Putellas quanto o francês Karim Benzema estavam em desvantagens. Os dois foram finalistas para o/a melhor/a do mundo pelo Fifa The Best, mas ambos se lesionaram e não puderam disputar a Eurocopa feminina e a Copa do Mundo masculina, respectivamente. 

Na votação entre os homens, Lionel Messi realmente fez valer o peso de uma conquista mundial. Já Alexia Putellas venceu pela criatividade e capacidade de finalização que mostrou mais uma vez com o clube até romper os ligamentos do joelho na véspera do torneio europeu, no meio do ano passado, lesão da qual ainda se recupera. 

Na temporada 2021/2022, a meio-campista marcou 34 gols e deu 19 assistências em 42 jogos pelo Barcelona. E foi decisiva para o clube catalão sagrar-se campeão da Copa do Rei e do Campeonato Espanhol. É verdade que não levou o título mais importante da temporada, apesar de ter batido na trave. O Barça foi vice-campeão da UEFA Champions League, após perder para o Lyon, por 3 a 1, na final. 

Ainda assim, a atacante terminou como artilheira do torneio, com 11 gols. Ou seja, as pessoas que elegeram a espanhola deram maior relevância ao que ela fez dentro de campo durante a maior parte da temporada deixando de lado, inclusive, o peso do título. O período de análise para a premiação foi de agosto de 2021 a julho de 2022.

“Eu não estava preparada para receber esse prêmio, muito obrigada a todos que votaram em mim”, agradeceu Alexia Putellas, sem esconder a surpresa pela conquista. “Eu gostaria também de dar os parabéns a Alex (Morgan) e Beth Mead, vocês merecem esse troféu também. Gostaria de agradecer minhas companheiras, corpo técnico, clube. Todos aqueles que trabalham no clube”, completou a espanhola. 

Não há discussão que Alexia Putellas é craque de bola. Mas a grande polêmica da noite foi que a espanhola superou a inglesa Beth Mead, do Arsenal, na votação do Fifa The Best. Após uma temporada abaixo em 2020/2021, a habilidosa atacante Mead se sobressaiu tanto pelo Arsenal quanto pela Euro de 2022, em que foi eleita melhor jogadora do torneio e terminou como artilheira, com seis gols e 5 assistências no primeiro grande título da Inglaterra no futebol feminino. 

Título inglês impulsiona prêmios de Sarina e Mary Earps

Com exceção do prêmio de melhor jogadora do mundo dado à espanhola Alexia Putellas, a Eurocopa foi diferencial para consolidar uma hegemonia inglesa nas demais premiações. Aos 29 anos, Mary Earps foi destaque da Eurocopa defendendo o gol da seleção inglesa e parece ter sido o resultado do crescimento que a goleira vinha demonstrando nos últimos anos – ela inclusive voltou a ser convocada com a chegada de Sarina Wiegman ao comando, já que antes havia sido deixada de fora por Phill Neville. A temporada com o Manchester United também foi bastante sólida e corroborou para superar os votos recebidos pela alemã Ann-Katrin Berger (Chelsea) e pela chilena Christiane Endler (Lyon).

“Nunca poderia imaginar que estaria aqui numa noite como essa, não sei nem o que dizer. Agradeço muitíssimo a todos, eu me sinto honradíssima de estar aqui, com esse troféu, que é realmente pesado”, comemorou Mary Earps. “Eu gostaria de dedicar a todos aqueles que passaram por momentos ruins. Vocês podem conseguir, continuem, sigam adiante. Às vezes, o êxito é esse aqui, um troféu como esse, mas em outros momento é só conseguir caminhar, um passo após o outro, estar no mundo e fazer a diferença”, completou a goleira.

O mesmo pode-se falar do prêmio dado à melhor treinadora do futebol feminino. A holandesa Sarina Wiegman soma 22 vitórias e 4 empates no comando da seleção da Inglaterra. No Fifa The Best, Wiegman venceu a votação superando a sueca Pia Sundhage, à frente da seleção brasileira, e a francesa Sonia Bompastor, técnica do Lyon.

Como treinadora da seleção inglesa, Sarina ainda repetiu o feito de levar sua equipe até o título de uma Eurocopa. Na primeira vez, ela conquistou o torneio continental com a seleção do seu país em 2017, quando também levou o prêmio da Fifa como melhor técnica do mundo. Depois, ganhou o prêmio novamente em 2020 e, agora, se iguala às três premiações da alemã Silvia Neid, recordista de troféus de melhor treinadora do mundo. Para comemorar, a holandesa dedicou o reconhecimento às mulheres. 

“Sou apaixonada por futebol desde criança, ao longo dos anos nós vamos vendo como o futebol vai se desenvolvendo e estar aqui é maravilhoso. O futebol das mulheres está crescendo muitíssimo, são muitas mulheres se dedicando para colocar o futebol feminino onde ele está hoje, e é a elas que eu dedico esse prêmio”, discursou Sarina. “As mulheres têm muita responsabilidade, há uma competição em campo, mas fora dos gramados nós formamos um só time”, finalizou.

As inglesas também foram maioria na Seleção FifPro feminina, que reúne um time completo das jogadoras que se destacaram na temporada. Lucy Bronze, Leah Williamson, Keira Walsh e Beth Mead representaram a Inglaterra na seleção, que ainda contou com a chilena Christiane Endler (eleita goleira da seleção apesar de não ter sido a escolhida na premiação individual, porque são pessoas diferentes que votam para cada uma dessas premiações), as espanholas Mapi León e Alexia Putellas, a francesa Wendie Renard, a alemã Lena Oberdorf, a estadunidense Alex Morgan e a australiana Sam Kerr.


Homenagem ao Rei Pelé

Marcia Aoki e Ronaldo Fenômeno participam de tributo ao Pelé no FIFA The Best | Foto: Reuters

A cerimônia foi aberta com uma linda homenagem ao Pelé, que morreu aos 82 anos, em 29 de dezembro de 2022. Cenas da trajetória do Rei no futebol foram exibidas na premiação, que também contou com um discurso do Ronaldo Fenômeno, que entregou à viúva dele, Marcia Aoki, um troféu da Fifa em tributo ao Rei. 

“O Pelé também será lembrado pelo impacto na sociedade. Quando ele jogava, o mundo era um lugar ainda mais racista do que era hoje. Ele, um atleta negro, se tornou o rei do esporte mais popular do planeta. Mostrou que o negro pode ser o melhor, mais bem-sucedido e pode vencer o racismo. Essa luta ainda não acabou, mas peço que todos se inspirem na luta do Rei Pelé, para que combatamos o preconceito”, disse Ronaldo. 

Jairzinho, tricampeão mundial ao lado do amigo, também exaltou a postura de Pelé: “Em 1970, foi um momento especialíssimo, como um homem que sempre foi. O Pelé era o espelho de todas as condições que um atleta tem que desenvolver”, saudou Jairzinho. O cantor Seu Jorge ainda cantou “Changes” para encerrar o tributo ao Pelé.

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