Brasil goleia Índia em despedida de fortes emoções para Formiga

Não faltaram emoções para a seleção brasileira no primeiro amistoso do Torneio Internacional de Futebol Feminino. Além dos seis gols da seleção, marcados por Ary (2), Debinha, Gio, Kerolin e Geyse no elástico placar de 6 a 1 (com Tamang descontando para as indianas), a partida foi marcada pelas homenagens a uma das maiores jogadoras da história do futebol brasileiro.

Formiga disputou o seu 234º jogo com a camisa da seleção brasileira de futebol feminino. A jogadora, um dos pilares da modalidade no país, foi homenageada antes da bola rolar na Arena da Amazônia, em Manaus. Apesar da baixa presença do público pela falta de divulgação e alto preço dos ingressos, o público fez barulho e aplaudiu a camisa 8 durante a homenagem. Ela entrou em campo aos 30 minutos do segundo tempo como atacante e teve algumas oportunidades, mas acabou não deixando seu golzinho de despedida.

A esposa Érica e a mãe Dona Celeste entregaram a camisa com o símbolo do infinito (Foto: Thaís Magalhães/CBF)

Com a presença da mãe, dona Celeste, e da esposa, Erica, ela anotou mais um momento com a camisa amarelinha. A pessoa que mais defendeu a seleção brasileira na história foi bastante aplaudida, mas fez questão de dividir os holofotes e abraçar as companheiras de time, a comissão técnica e até recebeu uma placa comemorativa da seleção da Índia. “Obrigada, minha mãe, por ter enfrentado o medo de avião. A senhora me deu chance, oportunidade, assim como a Dilma Mendes, que não pôde estar presente. Amor, obrigada por estar comigo em todos os momentos”, disse Formiga após a partida.

Formiga no vestiário antes da partida, acompanhada da esposa Erica (de azul) e da mãe Celeste (de amarelo). Foto: Thais Magalhães/CBF

A maior surpresa, no entanto, ficou para o final. Marta chegou a tempo do fim da partida e presenteou a amiga com flores. Ela pediu que Formiga, mesmo fora do campo, seguisse lutando pelo futebol feminino. Emocionada, a homenageada afirmou que se sentia privilegiada de ter compartilhado o campo por anos com a camisa 10. “Mesmo eu não estando dentro das quatro linhas, com certeza vou continuar contribuindo. Muitas dessas garotas têm um sonho, assim como você teve, e você conquistou. Obrigada pelas palavras”, disse.

 

“A Fu tem um repertório legitimado e o processo dela de ensinar pelo exemplo, nas suas ações e atitudes no dia-a-dia. Ela é um tesouro raro e o Brasil precisa cuidar bem hoje e amanhã”, disse Dilma Mendes antes da partida, às Dibradoras. Ela foi a treinadora responsável por revelar Formiga para o mundo e, apesar de não poder ir a Manaus, fez questão de falar sobre a pupila.

“Como eu vivi o período da proibição, é necessário falar, escrever e reafirmar: o Brasil tem uma dívida gigante com as mulheres do futebol, e nós começamos a pagar as primeiras parcelas desse boleto”, afirmou.

Entre as homenagens, as jogadoras da seleção entraram em campo com camisas com o símbolo de infinito, representando o legado eterno da jogadora na modalidade. Além disso, um vídeo mostrando alguns bastidores da despedida também foi exibido nos telões da Arena. Antes da partida, durante o hino nacional brasileiro, Formiga segurou as lágrimas. Mas ela não conseguiu manter a pose quando foi aplaudida pelas companheiras de seleção e recebeu uma placa das mãos da coordenadora de seleções femininas da CBF, Duda Luizelli.

Abraço da Formiga na mãe, Dona Celeste, com muita emoção (Foto: Thais Magalhães/CBF)

Além disso, nas redes sociais, personalidades fizeram questão de publicar homenagens à jogadora. Marta, Pelé, Cafu, Marquinhos, Sissi, Megan Rapinoe, Alisson, Cristiane (e Bento!), Therese Sjögran, Tiago Silva, Carli Lloyd, Pretinha, Christine Sinclair, Jordyn Huitema, Neymar e Tite se pronunciaram e falaram sobre a importância do legado de Formiga para o futebol mundial.

O jogo

A seleção brasileira entrou em campo sem Formiga, o que surpreendeu a torcida, já que o jogo era a sua despedida. Dentro de campo, no entanto, a confusão não apareceu logo de cara. Com menos de um minuto de jogo, Debinha recebeu um lançamento do meio de campo e chutou para abrir o placar para a seleção. A goleira Aditi Chauhan até tentou defender, mas deu o rebote e a artilheira da era Pia não desperdiçou.

No entanto, a alegria brasileira durou pouco. Em um apagão da defesa, a camisa 9 indiana Anju Tamang aproveitou um contra-ataque em velocidade e chutou da entrada da área, pela esquerda, para igualar o placar aos sete minutos da partida.

No primeiro tempo, o Brasil chegou a ter chances principalmente com Debinha e finalizou 18 vezes, mas encontrava dificuldades na pontaria. Aos 18 minutos, Duda aproveitou uma sobra de bola na área adversária, mas a bola foi no travessão. Aos 33 minutos, Debinha cruzou a bola e Duda cabeceou para o fundo das redes, mas estava impedida.

Gio e Kerolin durante comemoração no jogo da seleção brasileira contra a Índia. Foto: Thais Magalhães/CBF

A equipe brasileira conseguiu voltar à frente do placar. Aos 37 minutos, Ary fez uma bela jogada individual e a bola sobrou para Gio, que não desperdiçou e colocou a seleção de volta à frente no placar.

A Índia voltou a assustar a meta de Lelê na reta final da primeira etapa. Sanju Yadav recebeu um cruzamento e chutou, mas a bola foi para a linha de fundo.

No segundo tempo, as jogadoras da seleção se reencontraram em campo e conseguiram tomar o controle da partida. Aos 7 minutos, Ary recebeu um passe de Debinha e marcou um golaço para a seleção. Logo depois, aos 8 minutos, o Brasil voltou a marcar, desta vez com Kerolin. Após uma troca de passes, a jogadora chutou de cobertura para marcar o quarto gol do Brasil.

A seleção – ainda sem Formiga – voltou a marcar aos 30 minutos. Geyse, depois de um bate-rebate na área, aproveitou uma sobra de bola para marcar o quinto gol da seleção brasileira.

Aos 31 minutos, Formiga finalmente entrou em campo, para o delírio da torcida. Formiga substituiu Debinha e ficou com a faixa de capitã para a reta final da partida. A camisa 8 entrou em campo para jogar avançada e tentar deixar o seu em campo. Aos 36 minutos, Formiga chutou, a goleira fez a defesa e Ary aproveitou para deixar o seu segundo gol na partida.

Foto: Thais Magalhães/CBF

E a eterna Formiga correspondeu. Quase como uma centroavante, ela chegou a finalizar mais duas vezes: uma, chutando a bola para a defesa da goleira; a segunda, aproveitando uma sobra de bola na área e chutando de primeira, mas a bola foi alta demais e pela linha de fundo. E assim acabou a trajetória de Formiga com a camisa da seleção brasileira – dentro de campo, porque fora dele ainda tem espaço para muito mais.

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