Vai começar o Brasileirão Feminino: 10ª edição promete ser a mais competitiva de todos os tempos

O Campeonato Brasileiro Feminino Neoenergia 2022 começa nesta sexta-feira (4) e quem abrirá a rodada será o Palmeiras, vice-campeão do ano passado contra o Atlético-MG, finalista da série A-2 de 2021. A partida vai acontecer no Allianz Parque, às 21h, com transmissão do SporTV.

Esta será a 10ª edição da competição que passou a ser organizada pela CBF somente em 2013 e que se reformulou ao longo do tempo, com mais times participantes e a criação da Série A2, que dá acesso à elite do campeonato nacional.

Antes disso, na década de 1990, chegaram a existir competições nacionais em formatos menores e sem a chancela da CBF.

Atualmente a prática do esporte se consolida cada vez mais entre as meninas e mulheres e o Brasileiro Feminino segue quebrando recordes de audiência, engajamento e público. O que ainda não evoluiu no futebol delas – até então -, foi a premiação, que segue com os mesmos valores há cinco anos.

Histórico

O primeiro campeonato nacional recebeu o nome de Taça Brasil e o time imbatível era o Radar Esporte Clube, uma equipe tradicional de Copacabana que venceu seis edições do torneio de 1983 a 1989. Além do Radar, times como o Vasco da Gama, Saad, São Paulo, Portuguesa também venceram o campeonato. 

Vale destacar que a disputa da Taça Brasil acontecia em um curto espaço de tempo. Os times se encontravam em uma cidade que sediava o campeonato e em poucos dias o campeão nacional era definido.

São José vice-campeão da Copa do Brasil em 2016 (Foto: Prefeitura de S.José dos Campos)

A Taça Brasil chegou ao fim em 2004 e por cerca de três anos o futebol feminino viveu uma lacuna sem torneios para disputar. Somente em 2007 a Copa do Brasil passou a ser o campeonato nacional de maior relevância. O Santos e o São José venceram duas edições cada e além deles, os vencedores até 2016 foram Saad, Duque de Caxias, Foz Cataratas, Ferroviária, Kindermann e Audax/Corinthians. 

E, por fim, criou-se o Brasileirão Feminino no formato que conhecemos até hoje, realizado anualmente e com duração de quase cinco meses.

Premiação

O Campeonato Brasileiro Feminino foi criado com 20 equipes em divisão única sem qualquer premiação para campeão e vice. Só a partir de 2017, o torneio organizado pela CBF passou a premiar as equipes de acordo com o desempenho delas no torneio, mas parou por aí. O Brasileiro Feminino paga a mesma premiação ao campeão desde essa época. O Corinthians, a última equipe a levantar o troféu, ganhou R$120 mil, mesmo valor pago desde 2017 aos campeões da competição. O vice levou R$60 mil. Para 2022, ainda não foi anunciado se haverá mudança na premiação.

É preciso sinalizar que o cenário do futebol feminino no Brasil mudou bastante de 2017 para 2021. Há muito mais visibilidade com os jogos transmitidos na TV aberta e fechada e lucro com a venda de naming rights da competição (para a Neoenergia desde junho do ano passado) e a entrada de patrocinadores (Guaraná Antártica, Riachuelo e uma casa de apostas).

Com a chegada de tantos investidores, não faz sentido que a premiação do campeonato nacional siga a mesma de anos atrás, quando nem havia metade da visibilidade que existe atualmente. É preciso estimular os clubes a se fortalecerem no cenário e bonificá-los pelo investimento. Só isso pode despertar ainda mais o interesse de outros times em uma vaga no Brasileirão.

Com o dinheiro que a CBF dispõe é bem possível oferecer um prêmio mais justo aos finalistas. A própria Gabi Zanotti, camisa 10 do Corinthians e multicampeã já falou sobre o assunto em diversas entrevistas, expondo seu ponto de vista com muito fundamento.


Os números do torneio no ano passado mostram o sucesso crescente da competição. A Band se tornou a emissora oficial do Brasileiro em 2019, e teve um crescimento significativo da audiência em 2020, alcançando números que só haviam sido registrados antes com o Pânico na TV em 2017, segundo informações do repórter Gabriel Vaquer no Notícias da TV. O Sportv passou a exibir jogos do mata-mata, em 2021, e também registrou números significativos, liderando a audiência da TV paga com folga.

Tudo isso mostra que o campeonato está crescendo e, com isso, nada mais justo do que fazer crescer também a recompensa dos clubes pela conquista.

+ SETE MOTIVOS QUE MOSTRAM A EVOLUÇÃO DO BRASILEIRÃO FEMININO

Campeonato Brasileiro 2022

A edição de 2022 do Brasileirão Feminino será composta por dezesseis times: Corinthians (atual campeão), Avaí/Kindermann, Palmeiras, São Paulo, Santos, Internacional, Ferroviária, Grêmio, Flamengo, Cruzeiro, São José, Real Brasília, e as quatro equipes que subiram para a elite do campeonato: Red Bull Bragantino, Atlético-MG, Cresspom-DF e ESMAC-PA.


Assim como na edição anterior, a primeira fase da competição será realizada em formato de pontos corridos entre os 16 clubes participantes. Ao final das 15 rodadas, as oito melhores equipes avançam para as quartas de final. Na terceira fase, as quatro equipes que vencerem os seus respectivos jogos, irão disputar a semifinal e as vencedoras de seus confrontos irão disputar a grande final. As três últimas fases serão disputadas em jogos de ida e volta em modelo de mata-mata.

Logo na primeira fase, a competição terá uma pausa por conta da Conmebol Copa América Feminina que acontecerá entre 8 e 30 de julho, na Colômbia. O retorno está previsto para o dia 3 de agosto, concluindo assim a 14º e 15º rodadas e a disputa da fase final. Segue a previsão das datas para a sequência do campeonato:

1ª Fase: 04/03 a 07/08
2ª Fase: 14/08 e 21/08
3ª Fase (Semifinal): 28/08 e 11/09
4ª Fase (Final): 18/09 e 25/09

Elas no comando!

Neste ano teremos cinco mulheres à frente das equipes que disputam o torneio nacional da Série A-1. São elas: Patrícia Gusmão (Grêmio), Tatiele Silveira (Santos), Roberta Batista (Ferroviária), Lindsay Camila (Atlético-MG), Rosana Augusto (Red Bull Bragantino).

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Isso significa que quase 1/3 dos clubes serão comandados por mulheres, um recorde que quintuplica o número de treinadoras desde 2013, quando aconteceu a primeira edição do Brasileirão feminino oficialmente organizado pela CBF.

Conheça os campeões de cada edição e suas artilheiras:

2013 – CENTRO OLÍMPICO

A primeira edição do torneio contou com 20 equipes participantes e foi vencida por um clube formador de atletas da cidade de São Paulo: o Centro Olímpico. 

O time da capital paulista disputou o título com o São José – equipe do Vale do Paraíba – em dois jogos. A primeira partida acabou empatada em 2×2 e no último jogo, o Centro Olímpico venceu por 2×1 com gols de Tamires e Cristiane, jogadoras que serviram a seleção brasileira. 

O Centro Olímpico terminou o campeonato com 10 vitórias, três empates e uma derrota. A camisa 10 Gabi Zanotti ficou com a artilharia da competição, com 12 gols marcados. 

Centro Olímpico – Primeiro Campeão do Brasileiro Feminino 2013 (Foto: Assessoria/CBF)

2014 – FERROVIÁRIA

A Ferroviária, tradicional time de Araraquara, foi a segunda equipe a vencer o Campeonato Brasileiro Feminino ao derrotar o Kindermann (time de Santa Catarina) nas duas partidas: 3×0 no primeiro jogo e 5×3 no segundo. 

Dentro de campo, grandes nomes do futebol feminino participaram desta edição. Entre os destaques da equipe do interior de São Paulo estavam a goleira Luciana, a zagueira Tayla, a meio-campista Maurine e as atacantes Raquel e Bia Zaneratto.

Do lado do time do Sul estavam a goleira Bárbara, as meias Andressinha e Camilinha – todas elas disputaram ao menos uma Copa do Mundo pela seleção brasileira.

A artilharia da competição foi de Raquel, que marcou 14 gols.

Raquel Fernandes, artilheira do Brasileiro 2014 – (Foto: Créditos: Rafael Ribeiro/CBF)

2015 – RIO PRETO 

Neste ano foi a vez do Rio Preto – time de São José do Rio Preto – se tornar campeão nacional. A equipe comandada pelo casal Chicão e Dorotéia e que tinha no ataque uma de suas filhas, a craque Darlene, levou o troféu pra casa após bater o São José por 1×0 na primeira partida e empatar por 1×1 o segundo confronto. 

A artilheira da temporada foi Gabi Nunes, do Centro Olímpico, com 14 gols. 

(Foto: Assessoria/CBF)

2016 – FLAMENGO/MARINHA

A final de 2016 foi disputadíssima! Após perder por 1 a 0, no Rio de Janeiro, o Flamengo superou o Rio Preto por 2 a 1, em São Paulo, e conquistou o título pela primeira vez em sua história. 

Com gols de Larissa, aos 5 minutos, e Gaby, aos 45 minutos do primeiro tempo, o Flamengo levou a taça, pela primeira vez, para fora de São Paulo. Destaque para as jogadoras Tania Maranhão, que defendeu a zaga rubro-negra aos 42 anos de idade e Bia Vaz, que após se aposentar dos gramados se tornou auxiliar técnica da seleção feminina brasileira. 

A artilharia do campeonato foi de Milene, do Rio Preto, com 10 gols marcados. 

(Foto: Ricardo Stuckert/CBF)

2017 – SANTOS 

Neste ano, a CBF realizou mudanças no sistema de disputa do Campeonato Brasileiro. A principal delas foi a criação de mais uma divisão que dividiu a competição em Série A1 e Série A2, com 16 clubes cada.

Dentro de campo, a disputa foi entre Santos e Corinthians e as Sereias da Vila venceram os dois confrontos: 2×0 no jogo de ida e 1×0 na volta. 

Essa edição teve recordes de público em Manaus, com o jogo entre Iranduba e Santos levando mais de 25 mil pessoas para a Arena da Amazônia, e a própria final na Vila Belmiro, que teve o estádio com lotação máxima e mais de 15 mil pessoas apoiando as Sereias. 

O Santos conquistou o título com grande campanha. Foram 16 vitórias em 20 jogos, com apenas duas derrotas e dois empates. Além da taça, a artilheira do campeonato também era do Peixe. A argentina Sole James balançou as redes 18 vezes.

(Foto: Marcelo Pereira / All Sports)

2018 – CORINTHIANS

Chegou a vez do Corinthians levantar a taça e o melhor de tudo, diante de sua torcida. O adversário era o Rio Preto e o Timão venceu o primeiro jogo por 1×0 com gol de Maga e goleou no segundo: 4 a 0.

Millene, Yasmin, Marcela e Maga foram as protagonistas do festejo no Parque São Jorge, marcando os quatro gols que levaram o Corinthians ao primeiro título nacional com apenas uma derrota durante toda a competição. 

A artilheira do Campeonato Brasileiro de 2018 foi Danyelle Helena, do Flamengo, que marcou 15 gols na competição.

(Foto: Mauro Horita/CBF)

2019 – Ferroviária

Em uma final disputadíssima, as grenás venceram a equipe de Arthur Elias e conquistaram o bicampeonato.

No jogo de ida, as equipes ficaram no empate de 1 a 1, fato que marcou o fim da sequência histórica de vitórias do clube alvinegro, 34 jogos sem saber o que é perder ou empatar.

Já na final disputada na Fazendinha, diante de seis mil torcedores, Corinthians e Ferroviária não saíram do 0 a 0 e o campeão foi decidido nos pênaltis.

A artilheira da competição foi Millene, do Corinthians, com 19 gols marcados.

(Foto: Divulgação Ferroviária)

2020 – Corinthians

Em partida intensa e movimentada, o Corinthians conquistou seu bicampeonato brasileiro na Neo Química Arena, em São Paulo. As alvinegras disputaram o título contra o Avaí Kindermann.

O jogo de ida terminou em um empate sem gols. Já o jogo da volta, diante da sua torcida, as brabas fizeram 4 a 2 e se sagraram, pela segunda vez, campeãs brasileiras. Os gols foram marcados por: Gabi Nunes, Gabi Zanotti (duas vezes) e Vic Albuquerque pelo lado corinthiano e Lelê e Zoio, descontaram para as avaianas.

A artilheira desta edição foi Carla Nunes, atacante do Palmeiras, que anotou 12 gols no torneio.

(Foto: Rodrigo Coca/Ag.Corinthians)

2021 – Corinthians

O clube manteve o seu domínio no futebol brasileiro e teve a sua segunda conquista consecutiva. Foi a melhor campanha da primeira fase, com apenas uma derrota em 15 jogos. Nas quartas, as alvinegras superaram o Avaí/Kindermann. O duelo das semifinais foi contra a Ferroviária, com duas vitórias por 3 a 1.

A final foi decidida em um dérbi em que a equipe corinthiana venceu o Palmeiras por 1 a 0 no jogo de ida, e 3 a 1 no jogo de volta, em casa e  conquistando seu terceiro título da competição.

Os gols foram marcados pela zagueira palmeirense, Agustina, que empurrou para as redes e acabou marcando contra, abrindo o placar para as alvinegras. Adriana fez o segundo com um belo chute no ângulo e, ainda no primeiro tempo, a Vic Albuquerque matou a bola no peito e encaixou uma bicicleta para fazer o terceiro gol do time alvinegro e fazendo a festa da fiel torcida presente nas arquibancadas.

Com um trabalho importante desde 2016, com a mesma base de jogadoras e mesma comissão técnica, o Timão se consolidou ainda mais como o grande protagonista do futebol feminino no país.

A artilheira de 2021 foi Bia Zaneratto, do Palmeiras, anotando 13 gols em 15 jogos, além de oito assistências. A atacante terminou o campeonato como artilheira e melhor jogadora da competição.

CONFIRA OS JOGOS QUE ABREM A PRIMEIRA RODADA DO BRASILEIRO FEMININO 2022

04/03 – 21h – Palmeiras x Atlético-MG (SporTV) – Allianz Parque/SP
05/03 – 14h – Corinthians x Red Bull (Brand) – Parque São Jorge/SP
05/03 – 15h – São José x Avaí – Martins Pereira – São José dos Campos
05/03 – 16h – Internacional x Cresspom – SESC Campestre/Porto Alegre
06/03 – 15h – Real Brasília x Santos – Defelê/Brasília
06/03 – 15h – Cruzeiro x Grêmio – SESC Alterosas/Belo Horizonte
06/03 – 18h – Ferroviária x Esmac – Fonte Luminosa/Araraquara
07/03 – 20h – Flamengo x São Paulo (SporTV) – Luso Brasileiro/RJ

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