Perseguindo um sonho: técnico da Colômbia acredita em melhorias no país pós-Copa

(Foto: Reprodução Twitter / @FCFSeleccionCol)

As cafeteras já fizeram história nesta Copa do Mundo Feminina disputada na Austrália e Nova Zelândia. Ao vencer a Jamaica por 1×0 – no último jogo da equipe na fase de grupos – a Colômbia alcançou sua melhor classificação na história do torneio. Antes disso, o melhor desempenho do time em Mundiais havia sido nas oitavas de final da edição de 2015, quando caiu diante dos Estados Unidos.

E na última terça-feira (08), em uma disputa equilibrada, Catalina Usme marcou o primeiro gol das colombianas em um mata-mata de Mundial e garantiu seu país nas quartas. Não foi por acaso: o time sul-americano se classificou em primeiro lugar do Grupo H para a fase eliminatória. A derrota para o Marrocos não foi capaz de apagar o brilho da campanha que começou no dia 30 de julho com vitória diante das alemãs por 2×1 com um golaço da jovem revelação do país: Linda Caicedo, de apenas 18 anos.

Além disso, as colombianas tiveram mais posse de bola em todos os jogos até agora, mas é possível que, contra a Inglaterra, o técnico Nelson Abadia possa promover mudanças táticas em sua equipe.

“É uma sensação incrível (estar nas quartas de final), mas queremos mais. Não é o nosso limite. Estamos pensando na Inglaterra, vai ser um jogo incrível. Precisamos ter calma e fazer um jogo inteligente, com a certeza de que podemos alcançar coisas ainda maiores neste Mundial”, declarou Catalina Usme, capitã da Colômbia, ao site da FIFA.

Na coletiva pre-jogo, o profe Abadia declarou, confiante, que é possível fazer um bom jogo diante das inglesas. “O otimismo é o mesmo de cada partida. Sabemos das condições, das capacidades que tem nossa seleção. Analisamos muito a a Inglaterra e sabemos o que elas tem, já enfrentamos equipes europeias e isso nos dá uma certa possibilidade de ter êxito na partida. O jogo contra a Alemanha foi muito estratégico e nossa equipe tem muita personalidade. Cada partida é uma história e uma estratégia diferente.”

Entre as equipes que disputam as quartas de final, a Colômbia é o time que conta com a pior classificação no ranking da Fifa, ocupando a 25ª posição.

‘Vai mudar’, declarou o técnico Abadia sobre a realidade do futebol feminino na Colômbia

Foto: Roberta Nina / Dibradoras

No jogo contra a Jamaica, no estádio Aami Park, em Sydney, as arquibancadas estavam tomadas de torcedores colombianos. Dentro de campo, o saldo da equipe já é expressivo e pode, quem sabe, ajudar no desenvolvimento da modalidade no país.

O campeonato local disputado pelas mulheres na Colômbia ainda é muito fraco e não dura nem metade do ano. Mesmo com pouco apoio e investimento, o plantel colombiano já fez história e, se vencer a Inglaterra, tem grandes chances de sair da Austrália com uma histórica medalha.

O treinador Abadia acredita que o desempenho do time na Oceania pode ajudar a mudar o cenário dentro de seu país. “Vai mudar pelo que nossa seleção está fazendo. É preciso muito mais competitividade no torneio local. A maioria de nossas jogadoras jogam no Brasil e na Europa e já temos outra visão do jogo. Mas, localmente, é preciso que se fortaleça mais a Liga (colombiana). Não precisamos de muitos times, se tivermos 10, 12 equipes bem competitivas e ter ao longo do ano cerca 40 partidas é muito importante para o crescimento e para as próximas jogadoras que virão, porque essas (jogadoras atuais) têm a solidez de jogar na Europa, então precisamos fortalecer as jogadoras Sub-17 e Sub-20”, declarou durante coletiva de imprensa em Sydney.

Vice-campeãs da Copa América e do Mundial Sub-17 em 2022

No ano passado, Brasil e Colômbia se enfrentaram na decisão do título sulamericano e o jogo não foi nada fácil para as brasileiras. A vitória da equipe comandada por Pia Sundhage foi conquistada pelo placar magro de 1×0 (com gol de pênalti) e não apresentou bom futebol dentro de campo. Este foi o menor placar imposto pela seleção brasileira a um rival na competição e na decisão, o estádio contou com mais de 20 mil torcedores apoiando as cafeteras.

Ainda durante a Copa América, as jogadoras protestaram contra o cancelamento do calendário nacional no segundo semestre.

Protesto da seleção colombiana durante a Copa América (Foto: EFE)

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Vale destacar que em 2022, a Colômbia foi também vice-campeã mundial sub-17, vencendo as equipes do México, China, Tanzânia e Nigéria. As jovens cafeteras perderam o título da base para as espanholas. Já no Mundial Sub-20, a atuação também foi boa, mas elas se despediram mais cedo, nas quartas de final, para o Brasil, por 1×0.

Talentos revelados

Mesmo sem o apoio necessário, uma jovem geração de jogadoras começou a despontar no país. A maior dela é Linda Caicedo, o principal nome da equipe principal na Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia.

Linda passou a se destacar aos 14 anos, quando jogava pelo América de Cali e conquistou o Campeonato Colombiano de 2019 sendo também a artilheira da competição. No ano seguinte, Linda precisou enfrentar o maior desafio de sua vida ao descobrir um câncer no ovário. A atleta se afastou dos gramados e passou por um tratamento de quimioterapia por três meses. Seis meses depois, ela recuperou, voltou a jogar no ano seguinte.

Em 2021, com apenas 17 anos, fez história novamente: foi novamente campeã colombiana, conquistou a artilheira e foi eleita como a melhor jogadora da Libertadores da América.

Jogando pelo Deportivo Cali, a ponta de 18 anos foi contratada no meio deste ano pelo Real Madrid, clube espanhol que pode impulsionar, ainda mais o desenvolvimento da atleta que já é muito técnica e veloz.

Além de Linda, outras jovens começam a ganham espaço no futebol mundial, entre elas, Mayra Rodríguez (atacante do Levante) e Leicy Santos (meio-campista do Atlético de Madrid) que atuam na Europa.

Usando como lema a frase #PersiguiendoUnSueño, a Colômbia enfrenta a Inglaterra, campeã da Europa em 2022 às 7h30 (horário de Brasília), no Accor Stadium, em Sydney.  

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