Bia Haddad é 1ª brasileira a chegar às quartas em Roland Garros desde Guga

Foto: Getty Images

Bia Haddad Maia escreveu mais uma vez o nome na história do tênis mundial. Dessa vez, em um cenário que guarda lembranças especiais para os brasileiros: Roland Garros. Após quase 4 horas, a brasileira de 27 anos venceu a espanhola Sara Sorribes Tormo, por 2 sets a 1 (parciais 6/7(3), 6/3 e 7/5), nesta segunda-feira (5/6), e garantiu a classificação às quartas de final do tradicional torneio de saibro francês. 

Diante de uma classificação histórica de uma tenista brasileira nesse cenário, é inevitável lembrar de Gustavo Kuerten, o Guga, três vezes campeão em Roland-Garros, em 1997, 2000 e 2001. Mesmo para quem nem chegou a vê-lo em quadra ao vivo. “O Guga é um ídolo, eu tinha somente 1 ano na primeira conquista dele. Mas Guga é importante para todos os tenistas”, disse Bia, ao ser perguntada sobre o maior tenista masculino da história do Brasil ainda em quadra, após o jogo válido pelas oitavas de final. 

Desde 2004 um tenista brasileiro – entre homens e mulheres – não chegava tão longe em uma disputa de simples de Grand Slam. Há 19 anos, Guga jogava seu último ano em alto nível e já enfrentava desconfianças por causa das dores no quadril que acabaram encurtando sua carreira. Em Roland Garros, quando ainda lutava pelo tetracampeonato, Guga venceu o então nº 1 do mundo Roger Federer, por 3 sets a 0, mas depois caiu nas quartas de final diante do argentino David Nalbandian.

Com a classificação histórica, Bia se iguala na Era Aberta à Maria Esther Bueno, única tenista mulher do Brasil até hoje a chegar às quartas em Roland Garros, em 1964, quando foi finalista do torneio. A classificação de Bia Haddad também rendeu 140 pontos no ranking da WTA à tenista paulista, que chegará a  2560 e saltará da 14ª para a 13ª posição. Com mais uma vitória no saibro francês, Bia pode entrar no top 10 mundial.

Jogo mais longo da temporada de Roland Garros

Contra Sara Sorribes Tormo, 132ª do ranking, a brasileira mostrou resiliência e precisou de quatro match points para encerrar o jogo mais longo da temporada de Roland Garros, que levou Bia às lágrimas após 3h51 de duração. 

Bia começou melhor na partida contra a espanhola, abriu vantagem de 5 a 2 no primeiro set e acabou sofrendo a virada da adversária, que fechou a parcial no tie break 7/6 (7-3). Apesar de começar perdendo por 3 a 0, a brasileira se recuperou no segundo set, empatando o jogo com 6/3. Em uma disputa nervosa e de altos e baixos dos dois lados, a terceira parcial chegou a ficar igualada em 5/5, mas Bia soube controlar os ânimos para fechar o confronto em 7/5. 

Foi um teste de nervos, tanto para os torcedores quanto para a própria tenista, que revelou a estratégia que o técnico, Rafael Paciaroni, usou para inspirá-la antes do jogo. “Eu tentei pensar de uma forma positiva nos momentos mais difíceis. Pensei que, se eu estava sentindo o nervosismo, minha adversária também estaria sentindo. Meu técnico me mandou uma entrevista do Djokovic, falando de nervosismo. Então, se o Djokovic fica nervoso, quem sou eu para não ficar? Precisamos aceitar, nos mantermos firmes para aguentar a pressão”, contou Bia, após a vitória.

Adversário Top 10 nas quartas de final de Roland Garros

Assim como foi a partida contra Sara Sorribes Tormo, o caminho de Bia promete ser ainda mais árduo nas quartas de final, contra Ons Jabeur, número 7 do mundo, e uma das estrelas do circuito na atualidade. O jogo entre Bia Haddad e Ons Jabeur está marcado para quarta-feira (7/6), às 6h (de Brasília), com  transmissão ao vivo do Star+ (serviço de streaming), da ESPN2 e do sportv3.

Em 2022, a tunisiana de 28 anos chegou a ficar em segundo lugar no ranking e foi finalista de Wimbledon e do US Open. Nesta temporada de Roland Garros, Jabeur venceu a americana Bernarda Pera por 2 sets a 0 (parciais 6/3 e 6/1) para avançar às quartas de final.

O desafio é enorme, mas Bia tem quebrado várias barreiras no tênis feminino. Aos 20 anos, em novembro de 2016, ela assumiu a liderança do ranking brasileiro, aparecendo na 170ª. colocação do ranking mundial da WTA. No ano passado, foi considerada a jogadora que mais evoluiu no ano em premiação da WTA.

Próxima do top 10, Bia estreou como cabeça de chave em Roland Garros neste ano após uma sequência de 0resultados expressivos em torneios menores: dois títulos de WTA 250, uma final de WTA 1000, um vice em um 250 e mais uma semi em um 500.

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