Melchie Dumornay, a adolescente que transformou a seleção do Haiti

Foto: Getty Images

Com Julia Belas

O Haiti vendeu caro a derrota para a Inglaterra, uma das favoritas ao título da Copa do Mundo de 2023, por 1×0, na primeira rodada da competição. Tanto que a equipe americana ganhou a simpatia da torcida – em grande parte, graças à Melchie Dumornay, adolescente, eleita a melhor jogadora sub-17 pela Concacaf em 2018 e melhor jogadora jovem pela NXGN em 2022. Uma adolescente, sim, mas com maturidade de veterana.

Dumornay tem 19 anos e joga sua primeira Copa do Mundo, assim como o Haiti. Aliás, foi por causa dos dois gols da meia-atacante sobre o Chile, na repescagem, que a seleção conseguiu a vitória por 2×1 e a vaga inédita. Com explosão e personalidade, a jovem chamou atenção do Lyon, clube sete vezes campeão da Champions League, pelo qual Dumornay atua desde o ano passado. Representar seu país na maior competição de futebol feminino do mundo tem uma responsabilidade especial.

“De início, estou me sentindo muito orgulhosa de estar aqui. E isso é por causa do trabalho que fazemos juntas. Para chegar nesse momento, trabalhamos muito e isso me faz orgulhosa”.

A estreia diante da Inglaterra deu frio na barriga, mas não o suficiente para abalar a confiança da jogadora. “Eu estava um pouco nervosa em relação ao jogo, mas foi só tirar uma soneca que passou”, contou, aos risos, após a partida de estreia. “Estamos no mesmo campo, jogamos com a mesma bola. E todas as jogadoras tiveram uma caminhada para chegar aqui. Então pensei: ‘Vou agir naturalmente e jogar meu jogo que vai dar tudo certo’”, completou.

A vitória não veio, mas o Haiti competiu. E, segundo a meia-atacante do Lyon, o jogo foi tão disputado que dava para ter saído com os três pontos.

“Nós tivemos três ou quatro chances no jogo, estivemos bem pertinho de marcar. Mas é detalhe e, como disse, vamos ter que trabalhar para melhorar no próximo. Esse jogo foi bem físico para as duas equipes, a gente sabia que a Inglaterra tinha um ataque perigoso, mas nós temos também. Foi um jogo 50-50, bem disputado.”

Dumornay ou Corventina – apelido que ganhou do irmão ainda na infância – começou a jogar descalça em meio aos meninos. Foi só quando um olheiro enxergou seu potencial e a levou para a Academia Haitiana de Futebol, que ela aprendeu a jogar calçada. Por lá, passou oito anos e conseguiu dar um grande salto na carreira rumo ao futebol profissional.

Em 2022 a atleta fechou com o Lyon. (Foto: Olympique Lyonnaise)

Desde os 14 anos, Corventina serve a seleção haitiana. Ela atuou no sub-20 e chamou atenção a ponto de, aos 17 anos, arrumar as malas para jogar no futebol francês defendendo o Reims. No ano seguinte, fecharia com o Lyon e, na sequência, ajudaria a seleção do seu país a disputar um Mundial pela primeira vez.

O Haiti volta a campo na próxima sexta-feira (28), contra a China. Já a Inglaterra enfrenta a Dinamarca no mesmo dia. Os dois países estão no grupo D, ao lado de China e Dinamarca.

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