Para Pia, desempenho é mais importante que resultado contra Inglaterra e Alemanha

Inglaterra e Alemanha em campo pela Eurocopa de 2022 (Foto: Shaun Botterill/Getty Images)

A seleção feminina de futebol terá dois bons desafios antes de estrear na Copa do Mundo diante do Panamá no dia 24 de julho, em Adelaide, na Austrália. Nesta segunda (20), a técnica Pia Sundhage convocou as jogadoras que enfrentarão dois times finalistas da Eurocopa: Inglaterra e a Alemanha. Os confrontos vão acontecer nos dias 06 de abril, em Londres (ING) e 11 de abril, em Nuremberg (ALE).

Os duelos serão com seleções que figuram o top 5 do ranking da Fifa – a Inglaterra é a 4ª colocada e a Alemanha ocupa a 2ª colocação. As duas equipes se encontraram na final da Eurocopa Feminina em julho de 2022 e, na ocasião, a equipe inglesa levou o título após vitória por 2 a 1 sobre as alemãs.

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Durante a coletiva de imprensa, a treinadora falou sobre a importância de fazer jogos diante de duas seleções bem ranqueadas e como acredita que será o tipo de jogo das adversárias. “Eu sempre tento me colocar no lugar das outras técnicas e todas nós queremos ganhar. Apesar de tentarmos coisas diferentes taticamente, mas quando falamos da escalação inicial, ali você tem que mostrar que quer ganhar. Você vai para Wembley, então eu e Sarina (treinadora da Inglaterra) vamos querer ganhar e vamos competir. A mesma coisa acontece com a Alemanha porque todo jogo é um ensinamento”, disse Pia Sundhage.

Foto: Thais Magalhães/CBF

“Pode-se ganhar confiança jogando contra equipes que não estão tão bem ranqueadas, mas, se o Brasil quer ganhar alguma coisa, é muito importante jogar contra adversários bons porque cada jogadora precisa reconhecer que precisa melhorar e nós damos muito feedbacks mostrando onde cada uma precisa melhorar, como aumentar a velocidade em algumas jogadas, tomar as decisões corretas na finalização”.

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“O resultado não é tão importante quanto o desempenho contra Inglaterra e Alemanha. O meu trabalho é trazer coisas boas e garantir que diminuam os erros que estejamos cometendo. A Inglaterra tem uma das melhores técnicas do mundo e se conseguirmos deixá-las um pouco desconfortáveis, marcar um gol, empatar em 1×1, esse tipo de desempenho vai nos levar para o próximo confronto contra a Alemanha e, depois, para a Copa do Mundo”, completou a técnica.

Ana Lorena Marche, supervisora da Seleção Brasileira, destacou a importância dos amistosos diante de duas equipes qualificadas antes do Mundial. “Iremos jogar contra a Inglaterra na Finalíssima, uma iniciativa muito interessante da Conmebol, que teve grande sucesso no (futebol) masculino e vai ter um grande sucesso também no feminino, com casa cheia em Wembley, com todos os ingressos vendidos e diante de um grandíssimo adversário. Depois vamos jogar contra a Alemanha, também finalista da Euro, um grande adversário e serão dois jogos muito importantes para nós.”

O Brasil não enfrenta a Inglaterra desde 2019 e a Alemanha desde 2015. Contra as inglesas, o último confronto aconteceu em um amistoso sob o comando de Pia Sundhage e Debinha marcou os dois gols da vitória por 2×1. Contra as alemãs, a partida era válida pela Copa Algarve e, sob o comando do técnico Vadão, as brasileiras perderam por 3×1.

A evolução do futebol inglês
Créditos: Reprodução/@Lionesses

A Inglaterra jogará sua 6ª edição de Copa do Mundo (1995, 2007, 2011, 2015 e 2019) e chegam para a disputa deste ano mais fortes e competitivas do que nunca. Historicamente, assim como aconteceu no Brasil, as inglesas também sofreram com a proibição da prática esportiva. Em 1969, fundaram uma associação para divulgar a modalidade com o objetivo de pressionar o fim do veto e organizar uma seleção. Deu certo, mas a proibição só caiu dois anos depois, em 1971, 50 anos após ter sido estabelecida.

Em 2015 e em 2019, elas chegaram às semifinais do Mundial e foram derrotadas por Japão (vice-campeão na Copa do Canadá) e Estados Unidos (atual campeão na Copa da França) respectivamente. Mas a grande responsável pela evolução que a seleção inglesa atingiu é a treinadora Sarina Wiegman que assumiu o comando das Lionesses em novembro de 2021, no lugar de Phil Neville (e também após um período com a norueguesa Hege Riise como técnica interina).

Antes disso, Sarina já havia feito história no comando da seleção holandesa, quando conquistou a Eurocopa em 2017 de maneira invicta (seis vitórias em seis jogos). Além da Euro, Sarina também levou a seleção holandesa à uma final inédita de Copa do Mundo em 2019, mas acabou com o vice-campeonato diante das americanas.

Com pouco mais de dois anos à frente da seleção inglesa, Sarina já fez história. Em 2022 – depois de bater na trave duas vezes, a Inglaterra finalmente se tornou campeã da Eurocopa. A final contra a Alemanha foi vista por 87.192 pessoas no estádio de Wembley, principal palco do futebol inglês. O público foi o maior da história da Euro, masculina ou feminina, e o maior público em uma partida de futebol entre seleções de futebol feminino na Europa.

Dentro de campo, a Inglaterra se tornou a equipe com mais gols marcados em uma única edição – foram 21, sendo 14 só na fase de grupos. A inglesa Beth Mead foi uma das artilheiras da competição com seis gols marcados (assim como a alemã Alex Popp). Com isso, Wiegman, se tornou a primeira técnica a vencer o torneio com duas nações diferentes.

Desde que chegou ao cargo, a treinadora não perdeu um jogo sequer no comando do time inglês: são 25 triunfos e 4 empates em 29 partidas, o que dá 86,21% de aproveitamento. Mais impressionante do que isso: nos 29 jogos de Sarina no cargo, a Inglaterra fez 137 gols e só levou 9.

“Quando você chega, espera que as coisas andem bem e que você tenha uma conexão com a comissão técnica e as jogadoras. Desde o começo, houve um clique. Dava para perceber. Isso é trabalho duro também. Eu sinto a energia, que as pessoas acreditam em como trabalhamos, como queremos jogar. Os resultados têm sido muito, muito bons e isso é muito legal”, disse Sarina.

Para carimbar seu passaporte para o Mundial, a Inglaterra conquistou sua classificação sem sustos após bons resultados nas eliminatórias. O preparo para a grande competição também incluiu amistosos em 2022 com vitórias importantes, entre elas, contra a Béligica (3×0), Holanda (5×1), Suíça (4×0), Estados Unidos (2×1) e Japão (4×0).

Na Copa do Mundo, as Lionesses estão no grupo D e estreiam no dia 22 de julho contra o Haiti. Na sequência, jogam contra a Dinamarca no dia 28 e China no dia 01 de agosto.

O renascimento da campeã Alemanha
(Foto: Fifa)

Tem que respeitar a camisa alemã no cenário do futebol feminino. Bicampeã mundial (2003 e 2007), campeã olímpica (2016) e octacampeã da Eurocopa (1989, 1991, 1995, 1997, 2001, 2005, 2009 e 2013), a equipe europeia vem de uma retomada após maus resultados nos últimos quatro anos.

Na última Copa do Mundo, as alemãs se despediram da competição nas quartas de final após perder por 2×1 para a Suécia e mais: a derrota no Mundial também significou a ausência da equipe nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021. Segundo o critério de qualificação da UEFA, as três melhores seleções europeias da Copa do Mundo de 2019 garantiam automaticamente uma vaga na Olimpíada, ou seja, com a Inglaterra e a Holanda já classificadas para a semifinal, alemãs e suecas tiveram que brigar pela última vaga.

Com a técnica Martina Voss-Tecklenburg no comando do time desde 2019, a redenção alemã veio em 2022, quando a equipe voltou a brigar por um título relevante e foi uma das finalistas da Eurocopa. E uma das jogadoras que contribuíram para essa virada de chave dentro do time foi a capitã Alexandra Popp.

Popp foi uma das artilheiras da Euro-22 (Foto: Dylan Martinez / REUTERS)

Com 31 anos na época da Euro, a atacante precisou se recuperar por quase um ano de uma contusão no joelho. E vale destacar que a atleta não participou das duas edições anteriores da Euro (2013 e 2017) justamente por conta de lesões. Com o voto de confiança da treinadora, Popp disputou a competição e foi uma das estrelas do time. O título não veio, mas Popp foi uma das artilhieras da Euro, com seis gols marcados (ao lado de Beth Mead da Inglaterra).

Além da Euro, em 2022 as alemãs também disputaram as eliminatórias para garantir vaga na Copa do Mundo. Entre os bons resultados do time, estão a vitória contra a França (2×1) e os dois jogos contra os Estados Unidos em que as europeias venceram o primeiro por 2×1 e perderam o segundo pelo mesmo placar.

A estreia da Alemanha pelo grupo H na Copa do Mundo será diante do Marrocos, no dia 24 de julho. As outras adversárias serão Colômbia (30/07) e Coréia do Sul (03/08).

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