São Paulo decepciona e encerra temporada fora das finais no futebol feminino

(Foto: São Paulo FC)

A temporada de 2022 para o São Paulo acabou de forma amarga. Depois de cair nas semifinais do Campeonato Brasileiro, diante do Internacional, a eliminação para o Santos no Paulista – perdendo os dois jogos da semifinal – no Morumbi foi muito dolorosa.

Após a derrota por 3×1 em casa, o técnico da equipe tricolor, Lucas Piccinato, chegou a declarar que essa partida tinha sido uma das piores do time sob o seu comando.

“Primeiro, acho que a equipe dos Santos fez duas grandes partidas, tanto na Vila quanto aqui, e o Santos tem todo o mérito da vitória. Acho que a gente começou o jogo em uma rotação legal, a gente teve, não só o gol, mas algumas oportunidades no início da partida mas, depois de uma falha defensiva, sofremos o primeiro gol e o jogo mudou. Mentalmente a chavinha virou e a partir daí, a gente fez um jogo muito ruim, um dos meus piores jogos aqui dentro do São Paulo. Tecnicamente ruim, a gente não se achou no timing da marcação e não conseguimos sair com o resultado positivo.”

“Não caímos de paraquedas nessas finais e ter perdido assim é muito doloroso, mas eu tenho mais um ano de contrato com o São Paulo, então vou buscar chegar nessas finais no ano que vem e conseguir o grande objetivo que é trazer um troféu para o São Paulo”, declarou a atacante Glaucia, que entrou no time aos 15 minutos do segundo tempo.

Em busca de um título na elite do futebol feminino
Léo Sguaçabia/Ag. Paulistão/Centauro

No comando da equipe desde 2019 – quando o São Paulo reativou o Departamento de Futebol Feminino – Piccinato conduziu o time na conquista da Série A2 do Brasileirão em 2019, levando o tricolor à elite do campeonato nacional. Sob o seu comando, o São Paulo disputou duas finais de Paulistão e ficou com o vice-campeonato em ambas as decisões diante do Corinthians, em 2019 e 2021.

Com campanhas parecidas no Brasileirão e no Paulista, o time do Morumbi acabou a primeira fase das duas competições em segundo lugar, atrás apenas do Palmeiras. No campeonato nacional, o São Paulo foi eliminado de forma dolorosa na semifinal para o Inter. Após garantir o empate em 1×1 no Beira-Rio, o São Paulo não conseguiu vencer as gaúchas em casa para chegar à final. O Inter fez 1×0 no segundo tempo e o Tricolor ainda teve a chance de levar a partida para os pênaltis antes do apito final. Bruna Benites derrubou Yayá dentro da área, mas na cobrança, Micaelly escorregou no momento da batida e a goleira do Internacional fez a defesa.

Para a temporada desse ano, o clube do Morumbi se reforçou e algumas dessas contratações se garantiram como titulares em grande parte dos jogos de 2022, como a zagueira Pardal, a lateral Fe Palermo, a meia Aline Milene e a atacante Rafa Travalão. A grande ausência da temporada foi da atacante Glaucia, que rompeu o LCA no final de 2021 e ficou praticamente o ano inteiro em recuperação, voltando aos gramados nas rodadas finais do Paulista.

“O sentimento é de muita tristeza. Estávamos bem confiantes de poder reverter esse placar (do 1º jogo das semis do Paulista), deu confiança, mas uma fatalidade de ter tomado dois gols em seguida, nossa equipe perdeu um pouco do ritmo e depois voltamos para o segundo tempo, tomamos mais um gol, então isso pode ter abalado um pouco a nossa equipe”, declarou Gláucia em entrevista pós-jogo.

No papel, o time são-paulino é muito bom. Há pilares que defendem a equipe desde sua reativação (como a goleira Carla, a zagueira Thaís Regina, a lateral Dani e a meio-campista Yayá), os reforços que chegaram ao longo dos anos e as atletas da base que sempre ganham oportunidade a cada temporada, como Clara, Duda e Isa.

Importante destacar que o São Paulo repatriou a ex-atleta Formiga em julho de 2021 e a meio-campista defendeu o time por um ano e meio, jogando em alto nível e atraindo olhares das marcas e dos torcedores que desejavam ver uma atleta histórica em campo. Após a eliminação do Paulista, Formiga encerrou sua passagem pelo time do Morumbi.

Mais investimento e profissionalismo
(Foto: Rodrigo Corsi/Ag.Paulistão/Centauro)

Não é de hoje que a torcida e parte da imprensa cobram que o clube tenha uma gestão mais atenta para o Departamento de Futebol feminino. Apesar de ter alguma estrutura, as atletas treinam em gramado sintético durante todo o ano (e parte delas reclama muito disso) e a gestão da modalidade não é feita por pessoas capacitadas e interessadas em mudar – pra melhor – a estrutura e o olhar dos dirigentes.

As atletas quase não jogam no Morumbi durante o ano (apenas em jogos decisivos) e a diretoria pouco faz para atrair seus torcedores ao estádio. Corinthians e Palmeiras já conseguem lucrar com o valor do ingresso e as vendas acontecem também pelo programa de Sócio Torcedor, mas o clube do Morumbi, em quatro anos de modalidade, não consegue implantar um sistema de cobrança de ingressos (nem que seja um valor simbólico de início) e ainda coloca seu time feminino para jogar no CT de Cotia em grande parte da temporada.

Para efeito de comparação, o Corinthians reativou sua modalidade em parceria com o Audax em 2016. Três anos depois, conquistou seu primeiro título paulista lotando a Neo Química Arena com mais de 28 mil nas arquibancadas. No Palmeiras – que reativou o futebol feminino em 2019, na mesma época em que o São Paulo – o time feminino já disputa suas partidas com mais frequência no Allianz Parque e a bilheteria também cobra ingresso.

Sabemos que o São Paulo vive crise financeira há alguns anos – e nem de longe o futebol feminino tem culpa nisso -, mas a verdade é que para fazer a modalidade crescer é preciso ter vontade (e coragem). O Corinthians e o Internacional são bons exemplos de gestão, de estrutura, de divulgação da modalidade e investimento.

E assim, a temporada de 2022 do futebol feminino no São Paulo termina no “quase”, mais uma vez.

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