Ana Thaís quebra barreiras em jogo da seleção na Copa: é daqui pra mais

(Foto: João Cotta / Rede Globo)

Quando o Brasil estreou na Copa do Mundo do Catar, diante da Sérvia, mais uma mulher quebrou uma barreira no jornalismo esportivo. Nesta quinta-feira, 24 de novembro de 2022, Ana Thaís Matos se tornou a 1ª mulher comentarista em TV aberta a participar de uma transmissão de Seleção Brasileira em um Mundial.

Ao lado de Galvão Bueno, Maestro Júnior e Roque Jr., Ana Thaís escancarou uma porta que, há mais de 50 anos, esteve fechada. “Hoje eu me permito desfrutar da minha conquista. Ela é coletiva e também é individual. O mais importante é saber que para trás nós não vamos mais andar”, declarou a jornalista, a única comentarista enviada pela emissora ao Catar.

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Pelas redes sociais, Ana Thaís tem feito postagens no país da Copa e demonstrando toda sua felicidade por fazer parte de uma cobertura de Copa do Mundo pela 1ª vez. “Se eu disser que não imaginei isso, vou estar mentindo, mas se eu disser que eu imaginei que seria assim, estarei mentindo também”, escreveu em seu Instagram.

Trajetória

Ana Thaís Matos foi criada na periferia de Itanhaém (litoral de São Paulo). Ela foi aluna de escola pública, mudou-se sozinha para a capital aos 17 anos e conseguiu cursar a faculdade de jornalismo graças a uma bolsa de estudos.

Com passagens por Lance!, BandSports, Rádio Globo de São Paulo e Sportv, a jornalista se tornou a primeira mulher a comentar um jogo masculino de futebol na Globo, em rede aberta, em 2019.

Foram necessários 54 anos para que finalmente uma mulher comentasse um jogo do Brasileirão na TV Globo, a maior emissora do país. Ana Thaís Matos foi a responsável pelo feito na transmissão de Santos e Athletico Paranaense ao lado de Cleber Machado e Caio Ribeiro.

Em afiliadas regionais da Globo, isso até já havia acontecido antes – como na transmissão do Baiano em 2011 com Clara Albuquerque comentando na Tv Bahia -, mas em 2019 foi a primeira vez que uma voz feminina esteve nos comentários no horário nobre de transmissão do futebol para todo o país.

Ana Thais já havia sido a primeira a comentar na Globo com o futebol feminino, na Copa do Mundo de 2019, na França, e na sequência, ela quebrou mais uma barreira para as mulheres participando da transmissão do Brasileirão masculino.

A representatividade feminina

A cada edição de Copa do Mundo, o número de mulheres na cobertura aumenta. Além de Ana Thaís, a TV Globo enviou uma equipe significativa de mulheres para o Catar – entre elas, Karine Alves, Débora Gares, Júlia Guimarães, Gabriela Ribeiro, entre outras – e também turbinou a equipe que participa das transmissões no estúdio.

Ainda nesta edição, Renata Silveira e Natália Lara colocaram suas vozes nas transmissões e se tornaram as primeiras mulheres a narrarem um jogo de Copa do Mundo na TV aberta e no SporTV, respectivamente.

A importância de ver mulheres ocupando essas posições em TV aberta é gigantesca. Em primeiro lugar porque serve de inspiração e exemplo para tantas outras que desejam seguir o mesmo caminho. E em segundo lugar – não menos importante – para quebrar o preconceito enraizado em muitas pessoas que ainda acreditam que mulher não entende de futebol, que não tem conhecimento e nem competência para narrar ou opinar sobre o esporte.

Ana Thaís é responsável por romper uma barreira imensa e, por ser pioneira em muitas situações, sofre ataques constantes por ocupar um espaço que historicamente pertencia apenas aos homens. O duro caminho percorrido até conquistar o reconhecimento não é fácil, mas Ana Thaís sempre faz questão de se manter em pé e encorajar outras mulheres da cobertura esportiva.

“A Copa do Mundo masculina tem que deixar um legado para as mulheres do Catar. Eu espero muito que os questionamentos sociais dessa Copa passem pelo papel da mulher, pela liberdade feminina. Nós saímos do lugar do entretenimento e passamos a ocupar o lugar de opinião dentro do jornalismo esportivo. A mulher foi, e ainda é muito invalidada no lugar da opinião. Sempre foi permitida uma: uma apresentadora, uma comentarista, sempre um espaço individual. Durante muito tempo, eu e outras mulheres nos sentimos muito sozinhas (nas redes sociais). Mas eu tenho para mim que o pior já passou”, disse a comentarista em entrevista ao G1.

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