“Compactação e coragem”: a estratégia de Pia para quebrar tabu contra a França

No próximo sábado (19), a seleção feminina entra em campo diante da França no Torneio Internacional. O último confronto das duas equipes foi em 2020, na mesma competição, e o Brasil foi derrotado por 1×0 com gol de Gauvin.

O histórico contra as francesas não é dos melhores. A seleção brasileira feminina nunca conseguiu vencer a França – são dez confrontos no histórico, sendo cinco empates e quatro vitórias das adversárias.

Em coletiva de imprensa realizada na véspera do jogo, a técnica Pia Sundhage falou sobre como preparou o time para enfrentar as adversárias que nunca foram derrotadas pelo Brasil, as lições que tirou do jogo contra a Holanda e sobre os exemplos de coragem (palavra que ela vem repetindo com frequência) para colocar em prática diante das francesas.

Confira abaixo algumas das declarações da treinadora sueca.

Quebra de tabu diante da França

(Foto: A2M / CBF)

“É sempre emocionante quando você tem um adversário contra o qual você nunca venceu. Dois anos atrás, nós perdemos por 1 a 0 contra a França, então é a hora de mudar essa história um pouco. Nos preparamos assistindo França x Finlândia (as donas da casa venceram por 5×0), e jogos anteriores da França. E também tivemos um curto treinamento, e acredito que seja importante lidar com as personalidades do ataque que elas têm. Então um exemplo é o 1 contra 1, que vai ser importante driblar e aceitar aquela situação. Se fizermos bem a compactação, teremos uma chance de atacar, porque provavelmente o melhor jeito de ter um bom jogo é ter um bom ataque, para que não tenhamos que nos defender dos ataques delas.”

Como o Brasil vai a campo diante das francesas

(Foto: Thais Magalhães/CBF)

“Teremos jogadoras novas amanhã. Uma das razões é porque elas já lidaram com o fuso horário  e como elas vinham jogando, então teremos jogadoras mais descansadas. Outra das razões é que deixamos elas irem com calma, vindo para a França e sendo titulares contra a França. Então com certeza teremos mudanças. O que aprendemos no último jogo foi como lidar com ataques diversos, então precisamos fazer um trabalho melhor. Falamos sobre nos mover e a palavra compactação, que nos ajuda bastante a lidar com os ataques delas. Se fizermos um bom trabalho contra a Holanda, tem que ser ainda melhor contra a França. E ajudar umas às outras, a palavra juntas também será importante. Se fizermos isso, vamos mostrar como as brasileiras são boas no ataque. Então esse é o plano para o jogo de amanhã.”

Pontos fortes das donas da casa

(Foto: Reprodução Twitter / Equipe de France Féminine)

“Elas são boas no 1 contra 1 e são boas no alto. Você tem jogadas de bola parada com as quais vai ter que lidar. Então podemos começar sem permitir que elas consigam muitos escanteios, e isso começa com a defesa e a compactação. Mas não é o bastante. Temos que ter coragem, falamos muito sobre isso, não só na defesa, mas também na coragem. Então ter uma mistura entre partir para o contra-ataque ou ficar com a bola. É uma decisão a ser tomada não só por uma jogadora, mas por toda a equipe, para que estejamos na mesma página. Se tivermos um período em que a gente ganhe mais confiança, se tivermos uma defesa mais apertada vamos ganhar confiança, e essa coragem da qual precisamos para enfrentar uma das melhores equipes do mundo.”

A importância da parte física nos confrontos e as respostas que bons jogos trazem 

“A parte física, a velocidade do jogo é muito importante, eu diria. Temos uma chance de enfrentar os melhores times, porque você tem respostas. Quando enfrentamos times sul-americanos, temos algumas respostas, e quando enfrentamos times europeus, temos outras respostas. E uma das respostas é a parte física. E agora você tem que considerar, temos algumas jogadoras que vieram dos Estados Unidos e do Brasil, e temos que lidar com o jet lag e a viagem. Jogadoras na Europa têm uma preparação diferente, é claro. Mas de qualquer maneira, este é um ótimo jeito de falar sobre a velocidade do jogo.

(Foto: Thais Magalhães/CBF)

Se quisermos aumentar a velocidade de jogo, um pouco mais rápido, eu me ouço falar muito “mais rápido”, é sobre organização, o último passe, mover a bola e ficar com a bola. E se você não é rápida o bastante contra a Holanda e a França, você é desarmada. Se você não é rápida o bastante para se reorganizar na defesa, elas marcam um gol. Então isso é muito importante. Se você quer competir por uma medalha no futuro, se você quer se classificar para uma Copa do Mundo no futuro, você realmente precisa enfrentar os melhores times, e amanhã teremos essa oportunidade. Se pudermos fazer isso por 90 minutos, eu estarei o mais feliz possível. Se pudermos fazer isso por menos, então saberemos a resposta: precisamos trabalhar na velocidade de jogo.”

É preciso ter coragem

Luana voltou à seleção após um ano e começou como titular diante da Holanda (Foto: Thais Magalhães/CBF)

“Falamos de coragem e você precisa de coragem para colocar a Fernanda na defesa pela lateral contra a Holanda, e realmente acreditar que ela poderia jogar ali, e estou muito feliz que ela jogou. Então estou feliz, a comissão está feliz e ela e as jogadoras estão felizes. Realmente acreditar em algo. Se você olhar para o jogo, há coragem em Luana, por exemplo. Há uma situação no meio em que estávamos compactas e ela desarmou e continuou mesmo estando cansada. Ela não jogou muitos jogos, mas ela acredita que consegue, eu acredito que ela consegue, e você precisa da coragem para acreditar. Você também tem no ataque Geyse, que não vinha jogando 90 minutos. Ela jogou 90 minutos, teve a coragem para tentar correr nos últimos 10 minutos. Algo como ir para o 1 contra 1 mesmo quando você está cansada. Tem algumas coisas dessas que posso falar. E eu acho que é uma das palavras mais importantes para este time do Brasil.”

Jogos preparatórios para Copa América e Copa do Mundo

(Foto: Thais Magalhães/CBF)

“Se você só enxerga o que está perto, é tudo sobre o próximo jogo, então você precisa ter o melhor time neste momento. Então, por exemplo, Luana nunca iria jogar. Ela não é a melhor jogadora no meio. Mas pensamos que ela precisa de alguns jogos para entender a nossa maneira de jogar. Então você precisa olhar além, para o futuro, então precisa de um equilíbrio. Porque senão você vai perder, vai perder, vai perder, e vai perder a confiança. É um equilíbrio entre este time, que realmente acreditamos que podemos vencer se não jogar 90 minutos, que podemos colocar uma jogadora nos últimos 30 minutos ou tirá-la no intervalo. Porque nós precisamos de respostas, resposta contra times bons. Porque no fim do dia, quando nós formos para a Copa do Mundo, nós vamos enfrentar bons times. E precisamos preparar todo mundo para isso. É um pouco de equilíbrio e um pouco de olhar para cada indivíduo, ter uma relação com cada jogadora, e junto com a comissão, encontrar o melhor time para este momento específico.”

A seleção feminina encara a França, no próximo sábado (19), às 17h10 (horário de Brasília). E fechando a competição, o Brasil enfrenta a Finlândia, na terça-feira (22), às 14h (horário de Brasília). As partidas acontecem no estádio Michel D’Ornano, em Caen, na França, e contam com transmissão do SporTV.

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