Primeiro jogo da Seleção com Arthur Elias pode ter Marta e Cristiane juntas

Marta e Cristiane atuando juntas pela Seleção Brasileira nas Olimpíadas do Rio-2016 Foto: Fifa/Divulgação

Foto: Fifa/Divulgação

A estreia do técnico Arthur Elias no comando da Seleção Feminina será no amistoso contra o Canadá neste sábado (28/10), às 15h30 (de Brasília), no Estádio Saputo, em Montreal. Depois, a equipe brasileira segue para Halifax para o segundo amistoso diante das donas da casa, marcado para terça-feira (31), às 19h30, no Wanderers Stadium. Os jogos terão transmissão do SporTV.

Sob novo comando, existe a expectativa que Cristiane e Marta voltem a atuar juntas vestindo a amarelinha. A última vez que Cristiane entrou em campo com a Seleção foi contra o próprio Canadá, pela She Believes, em 24 de fevereiro de 2021. Mas ela não chegou a jogar com Marta, porque a camisa 10 foi substituída na hora em que a centroavante entrou em campo, no segundo tempo. 

Marta e Cristiane não entram em campo juntas com a amarelinha desde 21 de fevereiro daquele ano, quando o Brasil perdeu para os EUA por 2 a 0 também na She Believes, sob comando da sueca Pia Sundhage. Depois, Cristiane não voltou mais a defender a Seleção por decisão da treinadora, ficando fora dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021 e da Copa do Mundo de 2023. 

Com a mudança técnica da Seleção Brasileira, Arthur Elias voltou a convocar a atacante do Santos nas duas primeiras oportunidades no novo cargo. A primeira ocorreu em setembro, quando Arthur foi anunciado oficialmente no posto e incluiu Cristiane entre as 30 jogadoras relacionadas para a data Fifa usada para treinamentos na Granja Comary. 

Na segunda convocação para os primeiros amistosos da Seleção sob comando de Arthur, Cristiane voltou a ser relacionada e chegou a treinar nesta semana como titular ao lado de Marta. Diante da expectativa de a dupla artilheira voltar a atuar junta após 2 anos e 8 meses, o treinador disse que “a equipe que jogará terá a base da que foi treinada ao longo da semana, com duas possíveis alterações”. 

Foto: Clara Bahri/CBF

“A importância das duas é muito grande, elas têm uma história e representam muito para o futebol brasileiro e mundial. Mais do que o discurso delas – quando geralmente saem excelentes palavras de motivação, experiência e entendimento – é também o que elas mostram no dia a dia: de conduta, profissionalismo, qualidade de treino, dedicação e humildade. São valores que elas têm e, por isso, são gigantes como mulheres e como atletas. Temos esse privilégio”, disse Arthur Elias, em coletiva de imprensa na véspera do jogo. 

Já em relação às duas jogarem juntas e o tempo que teriam em campo, o treinador preferiu ser mais ponderado: “Isso tudo a gente vai testando. Sei que elas estão aqui para fazer o melhor pela seleção, assim como todas as jogadoras e a comissão técnica”.

Arthur Elias também esclareceu em qual faixa do campo Marta vai atuar nos primeiros jogos da Seleção sob seu comando e, provavelmente, daqui pra frente: “Eu vejo a Marta como uma atleta que rende muito mais com liberdade pelo centro do campo, sendo uma jogadora que constrói o jogo por dentro e que também chega na área, que tem um poder de finalização que todos conhecem, excelente”.

Em entrevista ao jornalista André Gallindo, do ge, Marta declarou que ficou insatisfeita com a ex-técnica da Seleção Brasileira, Pia Sundhage, por ter a colocado pra jogar na Copa do Mundo fora da sua posição. “Eu joguei pouco e o pouco que joguei não joguei na posição que ela sempre disse que estava me levando. Não houve sinceridade com algumas coisas. Gostaria que quando fosse utilizada, colocada em campo, fosse colocada da maneira que eu sempre joguei”, criticou Marta.

Já Cristiane ressaltou a função de centroavante que pode exercer na Seleção, segurando a linha de zaga adversária. “Temos jogadoras com mobilidade jogando pelos lados. Serei a chata que segura o sistema defensivo para as meninas se aproximarem, além de fazer a pivô, a parede, e ser jogadora de área”, explicou Cristiane em coletiva de imprensa, na quinta-feira (26).

Ainda que tenha sido um longo tempo longe da Seleção e sem atuar ao lado de Marta, Cristiane garante que esse período não foi suficiente para as duas perderem o entrosamento que já rendeu 238 gols para o Brasil (116 da Cris e 122 da Marta, segundo contagem da CBF). “Crescemos dentro da Seleção e agora mudou um pouco nossas posições dentro de campo, mas a sintonia, o entendimento e a leitura não mudam. Hoje, a gente tem um time mais ofensivo, com mais proximidade das outras meninas, mas jogar com a Marta é fácil.”

Cristiane tinha apenas 18 anos no seu primeiro ciclo olímpico até os Jogos de Atenas-2004. Hoje, aos 38, a atacante destaca o cuidado que tem com o físico, mental e até mesmo com a maneira de falar. “As coisas mudaram muito desde quando eu comecei para o que é hoje. Trago mais experiência e já estava num momento mais tranquilo desde a chegada do meu filho e com outro entendimento comportamental”, comentou.

Arthur dá dicas de como Brasil enfrentará o Canadá

Foto: Clara Bahri/CBF

Arthur Elias deixou claro que pretende manter na Seleção o estilo agressivo que marcou seu trabalho no Corinthians, com a posse de bola e atacando com muitas jogadoras no terço final do campo. “Não vou abrir mão da convicção que tenho, que as jogadoras brasileiras precisam jogar com a bola. É assim que elas se sentem bem, é assim que elas gostam de fazer, se aproximando e chegando com um número grande perto do gol para que a qualidade delas fale mais alto.”

O objetivo do novo treinador da Seleção é ter a posse de bola para propor o jogo buscando o ataque. Mas ele também ressaltou o planejamento para a transição ofensiva quando o Brasil tiver a oportunidade de contra-ataques. “Quando nós formos contra-atacar, precisamos conseguir decidir rápido as jogadas ou segurar a bola no campo de ataque para trabalhar dentro da aproximação e qualidade que temos para criar uma chance boa de gol.”

Em relação à parte defensiva, o Canadá inspira preocupações com as bolas aéreas e as jogadas que podem explorar as costas das defensoras brasileiras quando conseguir encaixar contra-ataques. “Treinamos bastante tanto pra defender quanto pra atacar no jogo aéreo nos últimos dois dias especialmente. Acho que é um ponto chave para esse jogo, assim como as transições. O Canadá é uma equipe rápida para contra-atacar e nós vamos ficar com a bola. Precisamos errar pouco e, quando errar, estar bem posicionado para o equilíbrio defensivo, sabendo onde cobrir os espaços. Trabalhamos para que as jogadoras tenham essa leitura dentro de campo e estou muito confiante que elas entenderam muito bem”, explicou.

Apesar do pouco tempo para imprimir o seu estilo de jogo na Seleção, Arthur Elias conta com muitas jogadoras que já trabalharam com ele nos clubes por onde passou, especialmente no Corinthians nos últimos sete anos. A goleira Lelê é uma delas. Titular da equipe brasileira na Copa do Mundo e do Corinthians, ela tem como ponto forte o jogo com os pés e conhece bem a proposta do treinador de participar ativamente da construção das jogadas. Mais uma característica marcante do trabalho de Arthur no Corinthians que deve aparecer na Seleção.

Desfalques e novas convocadas

As notícias tristes foram os desfalques de duas jogadoras por lesão. Kerolin, do North Carolina Courage (EUA), rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito na partida contra o Washington Spirit, em 15 de outubro, e terá que passar por cirurgia. Já a zagueira Kathellen, do Real Madrid (ESP), sentiu um desconforto no quadril direito após a última partida da equipe. A atacante Ivana Fuso, do Birmingham City (ING), e a meia Brena, do Santos, foram convocadas para as respectivas vagas.

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