No último domingo (12), aconteceu o primeiro jogo da grande decisão do Brasileirão Feminino. No Allianz Parque, o Palmeiras recebeu o Corinthians e foi superado pelo rival pelo placar de 1×0, com gol de Gabi Portilho aos 22 minutos da etapa final.
O duelo final acontecerá no dia 26 de setembro, às 20h, na Neo Química Arena. O Corinthians tem a vantagem do empate.
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Mas, para além do resultado, o dérbi feminino reservou outros grandes momentos importantes e nós vamos elencar sete deles abaixo:
FINAL INÉDITA COM DÉRBI
Pela primeira vez, o Campeonato Brasileiro contou com um dérbi na decisão. Dois times da capital paulista que estão acostumados a decidir títulos no masculino, mas que em nível nacional, não havia registros de jogos oficiais entre eles no feminino antes dos moldes atuais do Brasileirão (de 2013 para cá), nem pela Copa do Brasil, nem pela Taça Brasil (que existiu entre 1983 a 2007).
No Brasileirão, o retrospecto é recente. Desde que os clubes retomaram o investimento na modalidade (o Corinthians em 2016 e o Palmeiras em 2020), a vantagem é corintiana desde o primeiro duelo.
Pela estreia do Brasileirão de 2020, o Alvinegro venceu por 3 a 1. Depois, os times se encontraram na semifinal do nacional, com empate em 0 a 0 no jogo de ida e vitória corintiana no da volta por 3 a 0.
Nesta temporada, as duas equipes se enfrentaram em maio, no 1º turno do Brasileiro, fazendo um bom jogo. O Palmeiras abriu o placar com Bruna Calderan, aos 10 do segundo tempo, mas o Corinthians empatou com Vic Albuquerque aos 33 minutos finais.
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Com a derrota no primeiro jogo da final, o retrospecto entre as duas equipes tem 3 vitórias alvinegras e 2 empates. O time alviverde tem agora a difícil missão de vencer as rivais em Itaquera para darem um fim na invencibilidade corinthiana e, de quebra, conquistarem o título nacional.
AUSÊNCIA DE PÚBLICO, PRESENÇA DE MÍDIA
Por conta da pandemia do Coronavírus, o futebol feminino segue sem a presença de público desde março de 2020. Depois da histórica Copa do Mundo da França, em 2019, que atraiu os olhares do público para a modalidade, as mulheres da bola não conseguiram jogar diante de suas torcidas.
Muitos acharam que, mesmo após o sucesso do Mundial, o futebol feminino fosse cair no esquecimento e seguir sem a visibilidade esperada. Mas não foi isso que aconteceu, aqui no Brasil o campeonato só se fortaleceu, despertando ainda mais o interesse dos veículos de comunicação.
Até então, a série A1 nunca havia tido tantos times chamados “de camisa”, que elevaram o nível da competição, juntamente com as equipes tradicionais que souberam bater de frente com eles. A Série A2 também foi emocionante e o campeonato de base se fortaleceu.
Em 2021 não houve retrocesso e sim novos avanços. Mais veículos de imprensa passaram a cobrir o dia-a-dia dos clubes e o futebol feminino foi ganhando espaço em programas tradicionais da TV aberta e fechada. Entrevistas, transmissões, matérias especiais fizeram parte da rotina da mídia – seja nos portais, jornais, televisão ou rádio.
No primeiro jogo da final, a CBF recebeu um volume altíssimo de pedidos de credenciamento. Segundo informações divulgadas pela Confederação, a partida contou com mais de 100 profissionais de mídia, número que se assemelha aos dos jogos mais importantes do futebol masculino.
TRANSMISSÃO EM DIVERSAS PLATAFORMAS E COM PRESENÇA FEMININA
Se antes a gente implorava por uma transmissão online das partidas do Brasileirão Feminino e com equipe formada por jornalistas e comentaristas que entendessem do jogo, agora precisamos comemorar os grandes feitos!
Desde o início do campeonato, a TV Bandeirantes dedicou o horário nobre de seus domingos às transmissões do futebol feminino e também reservou espaço em sua programação para noticiar a modalidade delas.
O SporTV e os programas da Rede Globo também abriram mais espaço para que as histórias das mulheres ganhassem destaque nas programações. E na internet, o Desimpedidos e o Tik Tok também fizeram sua parte, transmitindo um jogo durante a semana e também aos finais de semana.
E claro, não tem como não celebrar a presença feminina na cobertura desses jogos. São mulheres que estão narrando, reportando e comentando as partidas na maioria das vezes.
No primeiro jogo da final, a equipe de transmissão da Band foi formada 100% por mulheres com Isabelly Morais (narração), Milene Domingues e Alline Calandrini (comentários) e com Bianca Molina e Luiza Oliveira nas reportagens.
A transmissão do Dérbi fez a Band bater o recorde de audiência no horário, que teve uma média de 3,6 pontos no Ibope na Grande São Paulo, com picos de 4,5 pontos. A audiência representa um crescimento importante em comparação à transmissão da semifinal do Brasileirão Feminino Neoenergia, na semana anterior, que registrou média de 1,7 ponto. Com isso, a competição chegou a cerca de 4 milhões de telespectadores alcançados em transmissões da Band.
No SporTV, Renata Silveira foi quem narrou a partida, que contou com comentários de Ana Thaís Matos e Casagrande, além de Lívia Laranjeira e Victor La Regina nas reportagens.
No Tik Tok da CBF, a equipe foi formada por Felipe Rolim, Leandro Mamute e Nathalia Ferrão. E no Tik Tok do Desimpedidos, Chico fez a narração enquanto Alê Xavier e Mari Pereira faziam os comentários e Marília Galvão na reportagem de campo. Juntas, as duas transmissões atingiram mais de 300 mil espectadores únicos durante o jogo
No estádio cobrindo a partida estavam os grandes veículos e também os sites independentes que cobrem a modalidade durante todo o ano, além de rádio-webs de clubes e páginas esportivas. Não há mais desculpas: o futebol feminino é uma realidade na mídia, mas esperamos que a visibilidade dure o ano todo.
AUMENTO DE PATROCINADORES
Em junho deste ano, a CBF anunciou um patrocínio exclusivo para as seleções femininas (principal e as de base) e também para o Brasileiro feminino. Essa foi a primeira vez que uma empresa firmou contrato com a CBF para investir exclusivamente no futebol das mulheres.
A Neoernegia comprou os naming rights do Brasileirão Feminino e, desde então, exibe sua marca nos uniformes de treino das seleções femininas até 2024.
Além dela, outras marcas também estão investindo na modalidade: Guaraná Antarctica, Riachuelo, Assaí Atacadista e Uniasselvi Educação.
Com a chegada de novas marcas, o futebol feminino se consolida e com a divulgação da mídia, a tão sonhada visibilidade (para o esporte delas e patrocinadores) vai subsidiando e melhorando a qualidade do campeonato nacional. É assim que a roda começa a girar, como sempre gosta de frisar Aline Pellegrino, Gerente de Competições na CBF.
EVOLUÇÃO DO JOGO
É nítido que a cada ano que passa o Brasileirão Feminino sobe de patamar. E podemos perceber o reflexo disso dentro de campo, com jogos cada vez mais equilibrados e sem aquelas goleadas grotescas que eram comum de ver nas primeiras edições.
Para Aline, a tendência é que a cada ano o Campeonato Brasileiro Feminino supere as edições anteriores a nível de competitividade e crescimento. “Eu acho que essa é a maior final da história e não é especificamente pela chegada desses dois clubes (Palmeiras e Corinthians). Eu acho que é o processo de desenvolvimento, são nove anos de competição, então ano passado foi melhor que 2019, que foi melhor que 2018, então essa crescente é natural, está acontecendo de forma exponencial. Tenho certeza de que ano que vem, independentemente dos clubes finalistas, o campeonato vai ser maior, a final vai ser mais grandiosa”, analisou Pelle.
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Até mesmo a técnica Pia Sundaghe, que está no Brasil há apenas dois anos, consegue enxergar a evolução do futebol das mulheres. “É impressionante o que esse campeonato cresceu nos últimos dois anos. Eu olho para o primeiro jogo que vi em 2019 e olho para os jogos de hoje, é impressionante a diferença! Parece outro campeonato. O futebol feminino está se desenvolvendo muito por aqui e é muito legal acompanhar isso de perto”, pontuou a comandante.
Com o avanço do preparo físico das jogadoras e crescimento do nível técnico do jogo dentro de campo, dá pra acreditar que estamos fugindo de vez das famosas análises sem nexo sobre diminuir o tamanho do gol, dos campos e o tempo das partidas.
JOGADORAS DA SELEÇÃO EM CAMPO
Só nesta final entre Palmeiras e Corinthians, sete jogadoras que foram convocadas para o próximo amistoso da seleção brasileira contra a Argentina estavam em campo. Cinco eram do Corinthians (Tamires, Erika, Yasmin, Andressinha e Vic Albuquerque) e três do Palmeiras (Katrine, Thaís e Ary Borges).
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Além delas, outras quatro atletas convocadas atuam no Brasil: Lorena (Grêmio), Lauren e Duda (São Paulo) e Bruninha (Santos).
Durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, esse número ficou ainda maior. Das 22 convocadas, 12 atletas atuavam no Brasil, representando cinco equipes. O time que mais cedeu jogadoras foi o Corinthians, com cinco atletas na relação, seguido pelo Palmeiras, com três, e o São Paulo, com duas.
Isso só reforça que cada vez mais o campeonato fica competitivo, atraindo as jogadoras que atuam fora do país a pensarem em voltar pra perto de suas origens.
CRAQUE DA PARTIDA
Coroar o desempenho das atletas dentro de campo também é importante. Oferecer um prêmio e destaque à jogadora que mais brilhou nas quatro linhas tem um valor imenso para quem é homenageada. E claro, quando tem a participação do público, a ação gera ainda mais engajamento.
Pelas redes sociais, os torcedores ajudam a eleger a melhor em campo e, no final da partida, a eleita é coroada com um vale compras no valor de xxxx da Riachuelo.
No primeiro duelo, a escolhida foi Gabi Portilho, a atacante corinthiana que fez o único gol da partida. E, no dia 26 de setembro, outra jogadora pode ter a chance de levar esse prêmio e lembrança pra casa.
Por aqui, a gente comemora toda a evolução da modalidade. Esse é o maior prêmio que o futebol feminino poderia ter!
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