Fora de Tóquio, Verônica Hipólito comentará Jogos Paralímpicos pelo SporTV

Entre cirurgias e tratamentos, Verônica Hipólito competia e quebrava recordes. Desde que ouviu dos médicos a frase: “Não sabemos se você vai voltar a andar”, a atleta já acumula 11 medalhas.

Natural de São Bernardo do Campo, Verônica conheceu cedo as batalhas da vida. Recentemente passou por mais uma: ela não conseguiu alcançar o índice classificatório para estar nos Jogos Paralímpicos de Tóquio.

“O ciclo agora é curto, os desafios são gigantes, mas continuarei lutando e dando o meu melhor, por todos nós, afinal a vida é uma benção, viver é um desafio e eu estou viva e mais do que viva, de cabeça erguida”, postou em sua rede social.

A incrível Verônica

Apaixonada por esportes e incentivada por seus pais desde novinha a praticá-los, a velocista descobriu aos 13 anos de idade um tumor no cérebro e passou por sua primeira, de muitas cirurgias.

Impedida de praticar esportes de contato – na época o judô –, ela viu no atletismo um parceiro de vida. Um ano depois da descoberta do tumor, Verônica sofreu um AVC ficando com o lado direito do corpo todo paralisado e sem saber se recuperaria os movimentos do corpo.

Ela não só recuperou como naquele mesmo ano foi campeã mundial nos 200m rasos se tornando a mulher mais rápida do mundo e vice-campeã mundial nos 100m rasos nos Jogos Parapan-americanos em Lyon, na França. Tudo isso aos 17 anos de idade.

Competindo na classe T38 (deficiências de coordenação motora como hipertonia, ataxia e atetose, mas que competem em pé), Verônica seguiu dividindo sua vida entre tratamentos e competições. Nos Jogos Parapan-americanos de Toronto, em 2015, ela quebrou um novo recorde se tornando a maior medalhista de todos os tempos e a primeira mulher na lista de atletas com pelo menos três pódios na competição – venceu por lá os 100m, os 200m, os 400m e foi vice no salto em distância.

Créditos: Getty Images

O auge chegou no ano seguinte, mas não sem antes um novo procedimento cirúrgico para a retirada de 200 tumores e 90% do intestino grosso. Internada em agosto de 2015, lá estava ela em setembro de 2016 no Rio de Janeiro para disputar sua primeira Paralimpíada e conquistar a prata nos 100m e o bronze nos 400m.

A batalha travada contra o câncer teve um novo episódio em 2018 e Verônica precisou novamente ser internada. A atleta paralímpica ficou três semanas de cama se alimentando com a ajuda dos seus pais e engordou 20 kg por conta dos corticoides. Com isso, ela desceu uma classe (T37) e nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, em 2019, faturou três medalhas de prata nos 100m, nos 200m e no revezamento 4x100m misto.

Mesmo sem conseguir disputar os Jogos de Tóquio, essa Paralimpíada significa para Verônica um importante capítulo na sua história de conquistas e cuidados com a saúde. No começo de 2021 ela descobriu que o tumor no cérebro havia voltado e junto de sua equipe médica optou por outros tratamentos que não a cirurgia – por ora.

Daqui do Brasil, ela fará parte do time de comentaristas do SporTV para as provas de atletismo. Com isso, a conquista pelo ouro inédito na classe T37 foi adiado. Mas a presença de Verônica no esporte vai além do pódio, vai além do que a ciência e os médicos podem explicar.

“Nada é impossível. As coisas são muito difíceis, e difícil não é impossível”, Verônica Hipólito, 24 anos, a mulher mais rápida e inspiradora do mundo.

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