Andreia Silva faz história em Tóquio e se torna a 1ª árbitra a atuar no basquete masculino

Na última terça-feira (27), a árbitra Andreia Silva se tornou a primeira mulher a arbitrar uma partida de basquete olímpico masculina na história. Foi no duelo entre Estados Unidos x Irã que a paulista de Bauru quebrou barreiras ao fazer parte da equipe de arbitragem da partida.

“Fiquei muito feliz quando recebi a escala para trabalhar no jogo masculino e no feminino. É muito bom saber que posso trabalhar tanto no masculino, quanto no feminino. Agora é seguir focada porque a Olimpíada ainda não acabou. Temos que manter o foco e o importante é estar trabalhando aqui e fazendo o meu melhor ”, disse Andreia, que foi a terceira brasileira a trabalhar como árbitra em jogos de basquete na Olimpíada.

Antes dela, Tatiana Steigerwald foi a Atenas-2004 e Fátima da Silva trabalhou em Pequim-2008, mas nenhuma delas atuou em jogos masculinos.

(Foto: BRIAN SNYDERS/REUTERS)

Antes de apitar o jogo dos homens, ela já havia feito sua estreia olímpica no domingo (25), compondo o trio de arbitragem que atuou no jogo de abertura da competição de basquete feminino dos Jogos Olímpicos de Tóquio, na partida entre Coréia e Espanha, na Saitama Super Arena.

A árbitra fez questão de enfatizar que para além da marca história, seu desejo é seguir trabalhando com o que ama. “Não é sobre ultrapassar barreiras ou quebrar recordes. Essas coisas acontecem naturalmente, não é o meu foco. Meu foco é trabalhar de forma profissional, séria e fazendo aquilo que eu amo. E a consequência de um trabalho sério e forte, certamente é colher bons frutos. Essa é a vantagem de se trabalhar com seriedade e profissionalismo. Os frutos vem e as coisas acontecem naturalmente.”

Trajetória nas quadras

Aos 41 anos, Andreia foi uma das cinco mulheres escolhidas entre os 30 árbitros da modalidade para estar no Japão. Mas, para chegar à terra do sol nascente, ela enfrentou muitas dificuldades.

Amante do basquete desde nova, Andreia decidiu ir para São Paulo aos 20 anos para ingressar no curso de arbitragem. Sem dinheiro, a opção foi ficar de favor na casa de uma conhecida de sua avó. Mas, as coisas não saíram como o planejado. “Com o tempo ela me pediu R$ 150,00 para o aluguel, mas eu ganhava 10 reais pelos jogos universitários que eu apitava. Ela me expulsou e eu voltei para Bauru”, recordou a árbitra em entrevista às Dibradoras.

PIONEIRA NO BASQUETE, ÁRBITRA SUPEROU ‘PORTAS FECHADAS’ RUMO A TÓQUIO

(Foto: Divulgação)

Mesmo faltando quase um mês no curso, Andreia passou nos testes e se tornou árbitra. Entre portas fechadas e olhares tortos, a paulista foi evoluindo na modalidade e em 2017 se tornou a primeira mulher a conquistar a licença black da Federação Internacional de Basquete, que permite apitar qualquer partida da modalidade, seja ela feminina ou masculina.

“Cheguei a ligar para a minha vó dizendo que não aguentava mais, e ela me disse: ‘Você não vai voltar, eu não quero uma neta fracassada’. Eu me tornei uma mulher guerreira, aguerrida, que aprendeu a lutar pelo que quer”.

Ao longo de sua carreira, Andreia atuou em grandes competições nacionais e internacionais: Novo Basquete Brasil (NBB), Liga de Basquete Feminino (LBF), Campeonato Paulista Masculino e Feminino (adulto e base), Campeonato Sul-americano, Pré-olímpico Feminino Sul-americano, Pré-olímpico Feminino Europeu, Basketball Champions League, Copa Intercontinental Masculina e Campeonato Mundial Feminino, entre outras.

Superando até o machismo vindo da arquibancada, hoje com 41 anos Andreia se sente realizada. “Quando eu entrei na quadra pela primeira vez para apitar um jogo de NBA, passou uma novela na minha cabeça: ‘Olha onde eu estou. Valeu a pena!’. Espero que quando minha carreira se encerrar eu possa ter deixado um legado. Se uma mulher conseguiu, outras também vão conseguir”.

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