Futebol feminino olímpico completa 25 anos; relembre as participações do Brasil

No dia 21 de julho, às 5h da manhã (horário de Brasília), a seleção feminina de futebol fará sua estreia nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Desde sua inclusão no ciclo olímpico, em 1996, a seleção brasileira de futebol busca a medalha de ouro. Em seis edições disputadas (Atlanta, Sydney, Atenas, Pequim, Londres e Rio de Janeiro), elas passaram perto do 1º lugar em duas ocasiões: em 2004 e 2008, ficando com a medalha de prata em finais contra os Estados Unidos.

A nova caminhada da seleção brasileira rumo ao degrau mais alto do pódio começa em poucos dias. A primeira adversária será a China, no dia 21 de julho, em Miyagi. Depois, no dia 24, a equipe enfrenta a Holanda, também em Miyagi. Por fim, fecha a fase de grupos contra a Zâmbia, em Saitama, no dia 27 de julho.

Em 2021 será a sétima participação do Brasil nos Jogos Olímpicos, o que faz do país um dos três únicos a disputar todas as edições do torneio, ao lado de Estados Unidos e Suécia. Nas últimas seis edições, a Seleção Brasileira acumulou 32 jogos, com 15 vitórias, seis empates e 11 derrotas.

Duas brasileiras ostentam marcas importantes nas Olimpíadas. Uma delas é a atacante Cristiane (jogadora do Santos), que é a maior artilheira entre homens e mulheres do futebol nos Jogos Olímpicos, com 14 gols marcados. Ela não foi convocada pela técnica Pia Sundhage para esta edição.

Outra recordista é a meio-campista Formiga, que defenderá o São Paulo nesta temporada e esteve presente em todas as competições olímpicas de futebol feminino até aqui. Neste ano, ela chegará a sua sétima participação.

Foto: CBF

E por falar na técnica Pia, a sueca esteve em todas as seis edições dos Jogos Olímpicos, como jogadora, técnica ou parte da comissão técnica. Em Atlanta 96, fez sua estreia como jogadora defendendo a Suécia. Em 2000 e 2004, integrou as comissões técnicas de Suécia e Estados Unidos, respectivamente, como observadora técnica.

Nas últimas três edições, ela levou o seu time à decisão. Em 2008 e 2012, foi bicampeã olímpica com os Estados Unidos. Em 2016, no Rio de Janeiro, levou a Suécia à medalha de prata – com direito a eliminação do Brasil no Maracanã, na semifinal.

Pia comandando a Suécia (TF Images via Getty Images)

A história dos Mundiais

Aqui, um breve relato sobre as seis edições de Jogos Olímpicos e o desempenho da seleção brasileira em cada um deles:

1996
Sede: Atlanta
Campeã: Estados Unidos

Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, posa ao lado da seleção feminina depois do sucesso delas em Atlanta (Foto: Acervo Pessoal)

Foi nos Estados Unidos que o futebol feminino estreou no ciclo olímpico e as vagas para as seleções participantes foram destinadas às oito primeiras colocadas na Copa do Mundo de Futebol Feminino de 1995.

Apenas uma mudança foi feita, quando a Inglaterra (que nas Olimpíadas é parte da Grã-Bretanha) cedeu lugar ao Brasil, o nono colocado no Mundial de 95. E foi com grande parte do elenco que jogou as primeiras Copas (91 e 95) que a seleção brasileira foi disputar os Jogos de Atlanta.

Sob o comando do técnico Zé Duarte, as jogadoras relacionadas foram: Meg, Nenê, Suzy, Fanta, Márcia Taffarel, Elane, Pretinha, Formiga, Michael Jackson, Sissi e Roseli. As suplentes: Didi, Marisa, Tânia Maranhão, Nildinha, Sônia, Leda Maria e Kátia Cilene.

(Foto: Getty Images)

Na fase de grupos, o Brasil empatou em 2×2 com a Noruega (dois gols de Pretinha), venceu o Japão também por 2×0 (gols de Pretinha e Kátia Cilene) e empatou com a Alemanha em 1×1, com gol de Sissi.

Como eram apenas oito times participantes, após a primeira fase, o Brasil avançou para as semis e foi dolorosamente derrotado por 3×2 pela equipe chinesa. Os gols da seleção brasileira foram marcados por Roseli e Pretinha, mas nos minutos finais, a China derrotou a equipe de Zé Duarte.

Mas o Brasil ainda foi brigar pelo bronze. O desafio era gigantesco, já que as adversárias eram as norueguesas, atuais campeãs do mundo. Com dois gols da artilheira Ann Kristin Aarønes, o Brasil finalizou sua primeira participação olímpica na quarta colocação.

A final foi disputada entre Estados Unidos e China e as americanas conquistaram o seu primeiro ouro olímpico com vitória por 2×1, diante de mais de 76 mil pessoas no Sanford Stadium (estádio localizado no campus da Universidade da Geórgia em Athens).

Com 4 gols marcados, Pretinha dividiu a artilharia da competição com duas norueguesas: Ann Kristin Aarønes (que além de campeã foi artilheira da Copa de 95) e Linda Medalen.

2000
Sede: Sydney
Campeã: Noruega

O treinador Zé Duarte continuou à frente da seleção nos Jogos Olímpicos de Sydney, na Austrália. Mas o elenco brasileiro iniciava uma renovação e as convocadas foram: Andréia, Nenê, Juliana Cabral, Mônica, Daniela Alves, Tânia Maranhão, Formiga, Cidinha, Kátia Cilene, Sissi e Roseli. As suplentes eram: Maravilha, Maycon, Raquel, Simone, Rosana, Suzana, Pretinha

Equipe medalhista de bronze na Copa de 99 foi a base da equipe olímpica de 2000 (Foto: Getty Images)

Na fase de grupos, o Brasil venceu a Suécia por 2×0 (gols de Pretinha e Kátia Cilene) e a Austrália por 2×1 (gols de Raquel e Katia Cilene) e perdeu para a Alemanha pelo placar de 2×1, o único gol brasileiro foi marcado por Raquel.

Classificada para as fases finais como segunda colocada do grupo E, o Brasil foi superado na semifinal pelos Estados Unidos por 1×0, com gol da craque Mia Hamm. E, mais uma vez na disputa pelo bronze, a seleção feminina foi derrotada. Desta vez, as alemãs venceram as brasileiras por 2×0.

A final foi disputada entre Noruega e Estados Unidos e a equipe norueguesa pode se vingar das americanas após derrota por 2×0 na fase de grupos. A Noruega levou o ouro olímpico pra casa após vencer por 3×2, com um gol marcado por Mellgren na prorrogação.

2004
Sede: Atenas
Campeã: Estados Unidos

Foi a partir deste ciclo que iniciou a era da geração mais vitoriosa do futebol feminino brasileiro. Embaladas pela conquista dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, a o time vivia um “choque de gerações”.

A equipe contava com nomes experientes – como Tânia Maranhão, Juliana Cabral, Formiga, Roseli, Maravilha e Andréia Suntaque -, e a chegada de duas novatas, especificamente, deram uma nova cara à seleção.

Uma delas tinha 17 anos jogava no Vasco e uma outra, de 18 anos, defendia o Juventus. Trata-se de Marta e Cristiane que, junto com a chegada do técnico René Simões, tinham o desafio de iniciar uma nova era em busca da medalha de ouro.

NÃO TE CONTARAM? A 1ª vez que a seleção feminina de futebol chegou a uma final olímpica

Até hoje, o resultado alcançado pelo time de René é valorizado pelas atletas. Foi ele quem brigou por espaços e acessos ao time brasileiro dentro da CBF, como por exemplo, usar as academias, o vestiário, os campos principais da Granja Comary e ter uniformes de jogo próprios para elas.

Depois de treinos intensos, amistosos preparatórios e trabalho psicológico, o Brasil foi para Atenas mais preparado do que nas edições olímpicas anteriores. E foi possível perceber a diferença dentro de campo.

As convocadas foram: Maravilha, Grazielle, Mônica, Tânia Maranhão, Juliana Cabral, Renata Costa, Formiga, Daniela Alves, Pretinha, Marta, Rosana, Cristiane, Aline Pellegrino, Elaine, Maycon, Kelly, Roseli e Andréia Suntaque.

O Brasil estreou vencendo a Austrália por 1×0 (gol de Marta), perdeu para as americanas por 2×0 e goleou as gregas, donas da casa, por 7×0 (três gols de Cris, um de Grazi, Pretinha, Marta e Dani Alves).

Cristiane, artilheira da competição (Foto: Claro Cortes IV/Reuters)

Nas quartas-de-final, o Brasil derrotou as mexicanas por 5×0 (dois gols de Cris, dois de Formiga e um de Marta) e passou pela Suécia, vencendo por 1×0, com gol de Pretinha.

E na primeira final olímpica das mulheres do futebol, o encontro inevitável: as americanas. E nesse jogo, a seleção feminina lutou até o último minuto.

Os Estados Unidos saiu na frente aos 38 minutos do primeiro tempo e o Brasil conseguiu o empate aos 28 da etapa final, com uma linda jogada de Cristiane e gol de Pretinha. A vitória passou perto, já que o Brasil acertou duas bolas na trave e foi prejudicada pela arbitragem que não marcou um toque de mão das americanas dentro da área.

O jogo foi para a prorrogação e faltando três minutos para acabar o segundo tempo extra, Abby Wambach acabou com o sonho olímpico brasileiro.

(Foto: Ivo Gonzales/O Globo)

As brasileiras estavam visivelmente tristes, mas extremamente gratas por todo trabalho realizado, mesmo com tão pouco apoio das entidades. Na época, não existia campeonatos regulares de futebol feminino no Brasil e, ainda assim, elas fizeram história!

O bronze ficou com a seleção alemã e a artilharia da competição foi dividida entre Cristiane e a alemã Birgit Prinz, ambas com 5 gols marcados.

2008
Sede: Pequim
Campeã: Estados Unidos

A seleção de prata de 2008 (Ivo Gonzales/Agência O Globo)

Os Jogos Olímpicos de Pequim pareceram uma reedição de Atenas-2004. Afinal, o campeão, o vice e o 3º lugar foram as mesmas equipes da edição anterior e o trauma brasileiro seguiu o mesmo.

Em 2007, a seleção brasileira havia ficado com o vice-campeonato Mundial realizado na China, após bater as americanas na semifinal por 4×0 e perder a final para as alemãs, por 2×0.

Sob o comando de Jorge Barcellos, o Brasil daquele ano era composto por: Andréia, Simone, Andréia Rosa, Tânia Maranhão, Renata Costa, Maycon, Daniela Alves, Formiga, Ester, Marta, Cristiane. Bárbara, Francielle, Pretinha, Fabiana, Érika, Maurine e Rosana.

Na fase de grupos, empataram em 0x0 com a Alemanha, bateram a Coréia do Norte por 2×1 (gols de Dani e Marta) e derrotaram a Nigéria por 3×1, com hat-trick de Cristiane.

Nas quartas, o Brasil despachou a Noruega por 2×1 (gols de Dani e Marta) e fez 4×1 nas alemãs, se vingando pelo vice-campeonato no Mundial, com gols de Formiga, Marta e dois de Cristiane.

Na final, novamente as americanas apareceram no caminho do Brasil e, mais uma vez, elas venceram na prorrogação, com gol de Lloyd. Nesta edição, os Estados Unidos conquistaram seu terceiro título olímpico (segundo consecutivo).

A Alemanha ficou com a medalha de bronze ao superar o Japão por 2 a 0, repetindo o mesmo pódio dos Jogos de Atenas em 2004.  Cristiane foi a artilheira da competição com 5 gols marcados.

2012
Sede: Londres
Campeã: Estados Unidos

Depois de bater na trave duas vezes, em 2012 o Brasil não conseguiu mostrar a mesma força de 2004 e 2008. Ainda sob o comando de Jorge Barcellos, a equipe que disputou os Jogos Olímpicos de Londres foi: Andréia, Fabiana, Daiane, Aline, Érika, Maurine, Ester, Formiga, Thaís Guedes, Marta, Cristiane, Rosana, Francielle, Bruna Benites, Danielli, Renata Costa, Grazielle e Bárbara.

Na fase de grupos, o Brasil venceu Camarões por 5×0 (gols de Fran, Renata, dois de Marta e Cristiane), derrotou a Nova Zelândia por 1×0 (gol de Cris) e perdeu da Grã-Bretanha de 1×0.

A eliminação do Brasil para o Japão (Luca Bruno/AP)

Classificadas para as quartas-de-final, o Brasil se despediu da Olimpíada após perder por 2×0 para o Japão. A equipe japonesa encontrou com as americanas na final e perdeu por 2×1. Assim, os Estados Unidos conquistaram sua quarta medalha de ouro olímpica (a terceira consecutiva).

O bronze ficou com o Canadá, que teve sua maior craque, Sinclair , como artilheira da competição com 6 gols marcados.

2016
Sede: Rio de Janeiro
Campeã: Alemanha

Nove anos depois de terem vivido a experiência de lotar o Maracanã e serem campeãs Pan-Americanas em casa, a seleção brasileira de futebol voltou a se reencontrar com sua torcida.

E foi muito grande e inédito o apoio por parte da CBF para que a equipe chegasse forte no Mundial de 2015 e na Olimpíada deste ano. Foi criada então a chamada “Seleção Permanente” e, com isso, um grupo de jogadoras (especialmente aquelas que não tinham atividades pelos clubes durante o ano) passou a servir somente o Brasil e recebendo salários para isso.

Foram convocadas as seguintes jogadoras: Bárbara, Fabiana, Mônica, Rafaelle, Thaísa, Tamires, Debinha, Formiga, Andressa Alves, Marta e Cristiane. Poliana, Érika, Bruna Benites, Raquel Fernandes, Bia Zaneratto, Andressinha e Aline Reis.

A equipe comandada por Vadão empolgou a torcida na primeira fase da competição. Venceu a China por 3×0 na estreia (gols de Mônica, Andressa Alves e Cristiane), derrotou a forte Suécia por 5×1 (um gol de Cristiane, dois de Bia Zaneratto e dois de Marta) e empatou em 0x0 com a África do Sul.

Na edição de 2016, pela primeira vez, as norte-americanas não disputaram medalhas. Elas foram superadas pela Suécia nas quartas de final, na disputa de penalidades.

Na fase eliminatória, a seleção brasileira viveu minutos de dramas. Nas oitavas, diante da Austrália, o placar não saiu do zero no tempo regulamentar e na prorrogação. Foi nas cobranças de pênaltis que as brasileiras avançaram para as semis, por 7×6.

E na semis elas encontraram a Suécia – que haviam goleado na primeira fase, mas que se portou totalmente de outra maneira na fase decisiva. O jogo e a prorrogação terminaram em 0x0 e, sob o comando de Pia Sundhage, as suecas eliminaram o Brasil por 4×3, diante de mais de 70 mil pessoas no Maracanã.

2016 Rio Olympics – Soccer – Final – Women’s Football Tournament Bronze Medal Match – Brazil v Canada – Corinthians Arena – Sao Paulo, Brazil – 19/08/2016. Brazil’s (BRA) players react after losing the match. REUTERS/Paulo Whitaker FOR EDITORIAL USE ONLY. NOT FOR SALE FOR MARKETING OR ADVERTISING CAMPAIGNS.

As brasileiras sentiram muito o golpe da eliminação em casa e, com o psicológico abalado, elas também perderam na disputa do bronze, diante do Canadá, por 2×1. O time acabou a competição em 4º lugar.

Com a seleção americana eliminada e a Noruega fora do torneio, a Alemanha se sagrou a terceira campeã do torneio ao derrotar a Suécia na final por 3×1. A artilheira da Rio-2016 foi a alemã Melanie Behringer, que marcou 5 gols na competição.

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