Amistosos da seleção feminina na Globo foram vistos por milhões

Futebol feminino não dá audiência. Essa máxima sempre foi repetida, ainda que ninguém tivesse tido a coragem de testá-la. Era tão óbvio, que não precisaria nem comprovar.

Ou talvez era o próprio medo dos preconceituosos de terem sua “certeza” contrariada o que impedia os principais veículos do país de darem espaço para o futebol das mulheres. E se desse audiência, né? Eles teriam que “engolir”.

Não foi por acaso que isso começou a mudar quando a sociedade também mudou. Quando as mulheres foram ganhando voz e reivindicando o direito de ocupar também o espaço do esporte, o espaço do campo, o espaço da transmissão de futebol. E, se na Copa do Mundo feminina, em 2019, essa máxima já havia caído por terra, os amistosos da seleção transmitidos pela Globo mostram o quanto os preconceituosos estavam errados.

Tanto na segunda-feira, quanto na última sexta, a Globo exibiu os jogos entre Brasil e Canadá e Brasil e Rússia, respectivamente, e registrou números impressionantes na audiência. Uma média nacional de 12,7 pontos na partida de segunda, que chegou ao pico de quase 16 no Rio de Janeiro. Na sexta, os números foram ainda melhores, chegando a mais de 20 pontos no Rio.

 

Essa audiência da seleção feminina (tanto na sexta, quanto na segunda) superou a audiência da estreia da seleção masculina na Copa América, no último domingo.

E vale registrar aqui: isso não é uma competição. Não existe seleção feminina x seleção masculina. Mas é uma constatação de que há, sim, muito interesse das pessoas em assistirem aos jogos das mulheres. Faltava a elas apenas a oportunidade disso. Não falta mais.

Desde que a Globo transmitiu todos os jogos do Brasil na Copa do Mundo feminina (e registrou recorde mundial de audiência), mais gente passou a conhecer o futebol das mulheres. A própria emissora passou a apostar mais na modalidade e transmitiu pela primeira vez na história um amistoso da seleção feminina em novembro de 2019.

Agora, no aquecimento para a Olimpíada, os dois jogos do time comandado por Pia Sundhage foram transmitidos com narração do principal nome da Globo, Galvão Bueno, e sempre com presença feminina no estúdio – Ana Thaís Matos na sexta, e a dibradora Renata Mendonça na segunda. E mesmo sendo jogos no meio da tarde em dias úteis, eles registraram números de audiência superiores ao padrão para o horário.

Não dá para dizer que “ninguém quer ver futebol feminino” quando a realidade é que as pessoas nunca tiveram essa escolha para fazer. Estão tendo agora a chance de ver ou de mudar de canal. E pela amostra que tivemos na Copa e agora nesses amistosos, tem muita gente disposto a ver jogos com as mulheres do Brasil em campo.

Tem gente que acha chato – e tem todo o direito de achar. Mas o seu direito de achar chato não pode tirar o direito do outro de assistir, se assim quiser. Afinal de contas, vivemos numa democracia (graças a Deus), e o controle remoto é a serventia da casa.

Num país onde as mulheres foram proibidas por lei de jogar futebol por 40 anos, hoje milhões de brasileiros estão tendo a chance de descobrir pela TV que lugar de mulher também é no campo!

 

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