Semifinal terá duelo entre futebol envolvente da Espanha e efetividade da tradicional Suécia

Foto: Divulgação/Fifa

Espanha e Suécia se enfrentam pela primeira semifinal da Copa do Mundo 2023, no estádio Eden Park, em Auckland, na Nova Zelândia, nesta terça-feira (15), às 5h (de Brasília). O confronto inédito nesta fase da competição que vale vaga na final coloca uma seleção que sonha em consagrar a grande tradição que tem no futebol feminino finalmente com um título mundial contra um país com uma trajetória ainda recente na modalidade, mas com uma capacidade enorme de formar craques da mais alta qualidade. O jogo será transmitido por SporTV, Globoplay, Fifa+ e CazéTV.

Elenco de qualidade da Espanha supera crise com treinador

Foto: Catherine Ivill/Getty Imagens

O forte elenco desta geração da Espanha alimentou expectativas altas nesse último ciclo até a Copa do Mundo e precisou superar a frustração de ter caído ainda nas quartas de final da Eurocopa do ano passado. A seleção vem driblando uma forte crise entre jogadoras e técnico instalada desde setembro para conseguir reverter o auge do futebol feminino do país em um resultado histórico no Mundial. Na terceira participação na competição, esta é a primeira vez que o país vai além das oitavas de final.

A Espanha foi uma das últimas Federações do centro europeu a criar uma equipe nacional feminina, apenas durante os anos 1980, e disputou a primeira Copa mais recentemente ainda, em 2015. Apesar do início tardio, o futebol feminino espanhol foi impulsionado nos últimos anos pela força de clubes mundialmente conhecidos, como Barcelona e, recentemente, Real Madrid. Das 23 jogadoras da seleção na Copa, sete são do Real e nove são do Barça, que sagrou-se bicampeão da Liga dos Campeões em junho.

O clube catalão profissionalizou o time feminino em 2015, levando holofotes à liga espanhola e, a partir de 2019, viveu uma ascensão meteórica, se consolidando como uma potência mundial da modalidade. Defendendo o Barça, Alexia Putellas foi eleita a melhor jogadora do mundo em 2022 e 2023 e não voltou à seleção como titular em todos os jogos da Copa do Mundo por precaução com a condição física, já que ela ficou afastada dos gramados por 10 meses se recuperando de um rompimento de ligamento cruzado anterior (LCA) no joelho. Putellas voltou a competir em 30 de abril.

Mesmo sem a principal estrela, a Espanha tem o melhor ataque do Mundial, ao lado do Japão, que foi eliminado nas quartas de final: os dois países marcaram 15 gols em cinco jogos. E isso se deve ao jogo coletivo espanhol, que envolve muitas trocas de passes e, em boa medida, à outra craque do Barcelona: Aitana Bonmatí, camisa 6 que participou diretamente de cinco gols, sendo autora de três e dando duas assistências. Mesmos números de Jenni Hermoso, camisa 10 da Espanha, que defendeu o clube catalão até 2022 e hoje defende o Pachuca, do México. A atacante Alba Redondo, também com três gols, completa o trio artilheiro espanhol.

O talento de um dos elencos mais qualificados da Copa vem se sobrepondo à insatisfação das jogadoras com os métodos de treino e a gestão de grupo do técnico Jorge Vilda. Em setembro do ano passado, 15 atletas da seleção exigiram que a Federação demitisse o treinador sob a ameaça de não disputar o Mundial. Mesmo sem ter o pedido atendido, parte dessas atletas, como Bonmatí e Putellas, deram o braço a torcer. Já companheiras de Barcelona como Patri Guijarro e Mapi León abdicaram do sonho de disputar o torneio. 

Entre muitas turbulências, a Espanha vem apresentando um belo desempenho dentro de campo em uma grande competição e está a dois jogos do título mundial. Tão importante quanto este bom momento é que, para além desta geração de craques, o país vem sendo hegemônico nas categorias de base. Em 2022, foi bicampeão mundial sub-17 e conquistou o título inédito no mundial sub-20. Ou seja, essa tem tudo para ser apenas a primeira de muitas Copas do Mundo de protagonismo da seleção espanhola.

ESPANHA (escalação provável)
Catalina Coll; Oihane Hernández, Irene Paredes, Ivana Andrés e Ona Batlle; Aitana Bonmatí, Teresa Abelleira e Jennifer Hermoso; Salma Paralluelo, Mariona Caldentey e Esther Gonzalez
Técnico: Jorge Vilda.

Participação em Copas: 3 (2015, 2019 e 2023)

Melhor campanha: semifinais nesta Copa – antes tinha avançado até às oitavas de final, em 2019

Desempenho nesta Copa:
Espanha 3 x 0 Costa Rica – fase de grupos
Espanha 5 x 0 Zâmbia – fase de grupos
Japão 4 x 0 Espanha – fase de grupos
Suíça 1 x 5 Espanha – oitavas de final
Espanha 2 x 1 Holanda – quartas de final

Suécia pretende coroar tradição com título inédito

Foto: Divulgação/Fifa

Apesar de costumar chegar forte em grandes competições, a seleção sueca nunca conquistou um título de Copa do Mundo ou de Olimpíadas. É verdade que bateu na trave algumas vezes. Levou a prata olímpica nas duas últimas edições (2016 e 2021) e foi vice-campeão mundial em 2003. 

Em campo, a Suécia não tem um futebol tão envolvente de toques curtos quanto o da Espanha, mas a eficiência das ligações diretas entre defesa e ataque e das jogadas aéreas que apresentou já deixou duas favoritas e campeãs mundiais para trás no mata-mata. Venceu os Estados Unidos na disputa de pênaltis pelas oitavas de final e o Japão, por 2 x 1, nas quartas. 

Uma das grandes responsáveis pelo bom desempenho da seleção sueca tem sido a goleira Zecira Musovic, que fez 11 defesas só no jogo contra os EUA, batendo o recorde de mais defesas em um jogo da Copa feminina. Outro destaque é Amanda Ilestedt, a zagueira-artilheira que já marcou quatro gols no torneio e é vice-artilharia do Mundial, ao lado da alemã Alex Popp, da holandesa Jill Roord e da francesa Kadidiatou Diani – a liderança segue com a japonesa Hinata Miyazawa, com cinco gols.

Em atividade desde o início dos anos 1970, a seleção da Suécia é uma das mais tradicionais do futebol feminino e disputou todas as nove edições de Copa do Mundo. Fruto em grande medida da estrutura e competitividade das ligas e dos clubes femininos que o país cultiva desde o início dos anos 2000, tanto que a brasileira Marta venceu os três primeiros prêmios de melhor do mundo, de 2006 a 2008, defendendo a equipe sueca Umea. 

SUÉCIA (escalação provável)
Zecira Musovic; Nathalie Bjorn, Amanda Ilestedt, Magdalena Eriksson e Jonna Andersson; Filippa Angeldahl e Elin Rubensson; Rytting Kaneryd, Kosovare Asllani e Fridolina Rolfo; Stina Blackstenius.
Técnico: Peter Gerhardsson.

Participação em Copas: 9 (1991, 19951 1999, 2003, 2007, 2011, 2015, 2019 e 2023)

Melhor campanha: vice-campeã em 2003 (e ainda foi terceira colocada em 2019, 2011 e 1991).

Desempenho nesta Copa:
Suécia 2 x 1 África do Sul – fase de grupos
Suécia 5 x 0 Itália – fase de grupos
Argentina 0 x 2 Suécia – fase de grupos
Suécia (5) 0 x 0 (4) Estados Unidos – oitavas de final
Japão 1 x 2 Suécia – quartas de final

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