Escanteios precisos, ataque pelos lados: o que Pia quer ver na semi da Copa América

A seleção brasileira enfrentará o Paraguai nesta terça-feira valendo vaga na final da Copa América feminina – e também valendo a classificação para a Copa do Mundo de 2023. Para essa partida, a técnica Pia Sundhage fez alguns treinamentos específicos na véspera do jogo, buscando ver uma evolução das estratégias ofensivas do Brasil no jogo.

A comandante sueca ainda não está satisfeita com as cobranças de escanteio da seleção. Ela tem variado as batedoras – já usou Bia Zaneratto, Tamires, Ary Borges…- e quer ver maior precisão na batida para que a bola vá exatamente para o lugar onde há mais jogadoras preparadas para atacá-la.

“Com relação aos cruzamentos, acho que podemos fazer melhor. Jogadoras brasileiras costumam ser muito técnicas, então acho que podemos ser melhores na hora de cruzar a bola direcionando exatamente para onde ela precisa ir. Quem vai cobrar o escanteio ou a falta precisa dar às companheiras a melhor chance de fazer o gol. Temos que treinar, treinar, treinar para sermos mais precisas. Estamos trabalhando nisso, admito”, explicou.

Foto: Thaís Magalhães/CBF

Um outro pedido da treinadora ao longo desta Copa América tem sido para o Brasil utilizar mais os lados na hora de atacar. Pia Sundhage chegou a testar uma formação com três atacantes no último jogo contra o Peru justamente na tentativa de ver toda a amplitude do campo sendo aproveitada no momento ofensivo. Para a semifinal, ela diz que pode voltar a utilizar a mesma estratégia ao longo do jogo.

“Sobre a parte tática, nós podemos jogar com três atacantes em alguns momentos do jogo. Hoje, nós treinamos isso em campo reduzido e o motivo é que a gente precisa saber manter a posse jogando por dentro, mas também usar os lados quando necessário para criarmos chances das duas formas. Se isso significa que precisamos jogar com três atacantes, ou então com duas e aí tendo as meias mais abertas, a gente vai entender de acordo com o jogo. E talvez a gente mude a estratégia tática durante o jogo, vai depender do resultado”, afirmou a sueca.

A seleção brasileira tem o melhor ataque e a melhor defesa da Copa América até aqui. Foram 17 gols marcados e nenhum sofrido. Mas Pia acredita que o time pode ser ainda mais goleador com alguns ajustes no ataque. Ela conta que um dos trabalhos da comissão técnica tem sido estimular as jogadoras a ler a melhor jogada que o jogo está pedindo – saber quando acelerar um contra-ataque com um passe mais arriscado ou quando segurar mais a bola; identificar se o adversário está oferecendo mais espaços pelo lado ou por dentro; variar a forma de atacar para surpreender o oponente.

(Foto: Thais Magalhães/CBF)

“Leva tempo, é o que eu digo. Hoje, nós treinamos essas bolas trabalhadas na amplitude em campo reduzido e vi combinações fantásticas. Mas eu também vejo as jogadoras perdendo a bola com facilidade em passes simples. O equilíbrio entre arriscar, encontrar uma combinação com pouco espaço, ou então entender que precisamos ser mais pacientes para construir o ataque, esse equilíbrio está ficando melhor”, disse.

“E quanto mais tempo elas passam juntas e treinam juntas, melhor elas se conectam. Tem também a questão do adversário. Eles são mais frágeis pelo lado direito ou pelo lado esquerdo? E aí olhamos para o nosso time, quem está bem no jogo? Se a Adriana está sendo efetiva, nós continuamos a acioná-la pela direita, mas se não, temos que sentir o jogo, mudar para jogar por dentro.”

O Brasil tem, atualmente, um time com atletas mais jovens e menos rodadas, por isso, salienta a treinadora, é preciso ter paciência com os erros na execução das jogadas.

“Com jogadoras mais jovens, é mais difícil. Se você tivesse jogadoras mais experientes, elas seriam como ‘condutoras’. ‘Ok, isso não está funcionando, vamos fazer outra coisa e mudariam a forma de jogar’. Por isso que sou mais paciente quando nós perdemos a bola, porque acho que mesmo que não esteja bom hoje, acredito que vai estar melhor amanhã. Elas precisam de mais oportunidades e que nós testemos combinações diferentes. Com uma defesa sólida, acredito que o ataque pode ser ainda melhor. Amanhã daremos um novo passo e espero que possamos fazer gols”, afirmou.

Foto: Thaís Magalhães/CBF

Sobre o adversário da semifinal, Pia alertou para a força das paraguaias na bola parada. Há diferentes jogadoras que assumem as cobranças de falta ou escanteio e ela destacou que esse precisa ser um ponto de atenção do Brasil no jogo. Além disso, considerando que a seleção vai buscar de novo manter a posse de bola, será preciso tomar cuidado para não se expor demais aos contra-ataques do Paraguai.

“Nós preparamos o time pra jogar contra o Paraguai e uma coisa foi a bola parada. Elas têm várias cobradoras que podem levar perigo. É uma seleção forte também no contra-ataque. Então quando perdermos a bola, temos que saber onde estão as atacantes delas e precisamos estar organizadas para o momento defensivo”.

O Brasil entra em campo nesta terça-feira às 21h para enfrentar o Paraguai pela semifinal da Copa América. O jogo terá transmissão do Sportv e do SBT.

Compartilhe

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *