“O que eu não quero viver aqui (em Tóquio) é sair sem a medalha (de ouro)”, foi uma das frases que a experiente Formiga disse durante coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira, em Sendai.
A experiente meio-campista da seleção declarou estar mais madura e paciente para tomar decisões dentro de campo e opinou, justamente, sobre como o time brasileiro deve se portar no gramado para conter a forte equipe holandesa, especialmente no setor ofensivo.
“Sabemos da potência que a Holanda é do meio pra frente e a Pia sempre nos pede pra ter a compactação. Fugimos um pouco disso diante do jogo contra a China e agora, contra a Holanda, é totalmente diferente, precisamos estar bem compactadas e a comunicação é um fator que vai nos ajudar bastante. De goleira pra zagueira, zagueira pro meio campo e a linha do meio campo para as atacantes”, declarou a camisa 8.
Assim como fez a lateral Tamires, Formiga também opinou sobre a zaga da Holanda. “Vamos aproveitar que a zaga delas não é tão rápida e explorar o contra-ataque. Se conseguirmos roubar essa bola e fazer essa transição direta para o ataque, com bola no chão, a gente leva vantagem. A qualidade do meio campo delas é impressionante, mas acho que fazendo esse trabalho em conjunto, ali na linha de quatro, no meio campo, vai ajudar bastante para que a gente não sofra tanto lá atrás”, completou.
A jogadora também que declarou que são muitos os artifícios usados para analisar as adversárias e corrigir os deslizes da partida anterior. “Fazemos uma soma de tudo para consertar os espaços que acabamos cedendo no jogo contra a China. São os vídeos, as conversas entre setores e com a comissão técnica nos alertando. Falhas como essas podem nos prejudicar lá na frente, então nada melhor do que ter esse feedback da comissão e termos a consciência de nossa parte que precisamos melhorar algumas coisas.”
E, falando sobre o grupo brasileiro, Formiga declarou que sempre houve união entre as atletas em edições passadas, mas fez questão de frisar a competência da comissão técnica atual. “Em todos os grupos em que estive tinha essa união, agora não é diferente. Claro que hoje a gente tem uma comissão que vem com ideias diferentes. A gente vê o currículo da Pia e nos isso nos faz acreditar ainda mais a resgatar nossa confiança e buscar o que a gente tanto deseja.”
Formiga também deu declarações sobre como fazer para conter os ânimos depois de uma goleada na estreia dos Jogos Olímpicos. “Fico até aliviada por ser experiente, uma líder, e poder conter a euforia de um 5×0. Algumas meninas, de certa forma, já têm experiência, e elas sabem que demos só um primeiro passo. Ainda temos muitas pedreiras pela frente, como uma potência que é a Holanda em nosso próximo jogo. Não vai ser fácil, o que passou, passou e o foco agora é na Holanda pra conseguir a segunda vitória em busca do nosso ouro.”
Formiga não quer que as pessoas achem ‘anormal’ ela atuar em alto nível aos 43 anos. A jogadora, que irá defender o São Paulo no segundo semestre, quer ser lembrada pelo recorde de jogar futebol em sete olimpíadas. “As pessoas devem pensar: 43 anos, sete Olimpíadas, jogando em alto nível, deve ser anormal. Que um ser humano não teria a capacidade de atingir esse nível. Então, as pessoas vão lembrar da minha idade e de estar jogando em alto nível em uma Olimpíada”
Questionada novamente sobre seu pós-carreira, Formiga voltou a afirmar seu desejo em ser treinadora e também se capacitar na área de gestão. “O que eu não posso é ficar longe do futebol, admitiu.
Finalizando o atendimento aos jornalistas, Formiga opinou sobre o posicionamento das atletas do futebol feminino em torno de temas ainda considerado tabus por muitos, como falar abertamente sobre a orientação sexual de cada uma. A volante frisou que elas são exemplos para as pessoas e que se posicionar é importante para combater o preconceito.
“Acho bacana a gente se posicionar, continuar quebrando esse preconceito, sair do armário. Eu não vejo nenhum problema e fiquei muito contente em saber que minha esposa tem falado sobre isso nas entrevistas que tem dado na tevê, que a Marta se posicionou – ela que é a maior representante do futebol brasileiro – a Cristiane com seu filho Bento, e dessa forma vamos conquistando o respeito das pessoas. Do nosso lado, fora de campo, as pessoas precisam saber e respeitar. Respeito é tudo! Importante respeitar o atleta e também o ser humano. Espero também que outros atletas do mundo possam se posicionar para conquistarmos o respeito”, finalizou.