Primeira Copa Feminina com 32 seleções está mais competitiva e decentralizada

Foto: Getty Images

Enganou-se quem imaginou uma queda do nível técnico na Copa do Mundo 2023, a primeira feminina com 32 seleções (oito a mais do que na última edição, em 2019). As goleadas existiram, é verdade. Mas seleções que há pouco tempo seriam vítimas de placares elásticos diante de grandes potências – ou nem mesmo estiveram nos últimos mundiais – mostraram que o crescimento do futebol feminino é um fenômeno no planeta inteiro.

E mais: que camisa pesada tem de provar o favoritismo em campo ou vai embora para casa mais cedo, como aconteceu com o atual campeão olímpico Canadá, a vice-campeã europeia Alemanha e o campeão da Copa América, o Brasil. Só nessa remessa, foram eliminadas, ainda na fase de grupos, três seleções do top 10 do ranking da Fifa – e com elas, as estrelas Christine Sinclair, Alexandra Popp e Marta.

A classificação de Colômbia (25º do ranking), Nigéria (40º), Jamaica (43º), África do Sul (54º) e Marrocos (72º) para as oitavas de final chama atenção para o aumento da competitividade das seleções fora da Europa e da América do Norte. Das quatro seleções africanas, três avançaram para a segunda fase (apenas Zâmbia ficou de fora), algo inédito tanto no mundial feminino, quanto no masculino. Das oito equipes estreantes, o Marrocos se classificou para o mata-mata e outras três conseguiram vencer ao menos um jogo.

O crescimento do nível técnico, tático e físico das seleções ficou evidente para Jonas Urias, treinador da seleção brasileira Sub-20 que foi observador técnico dos adversários do Brasil nesta Copa do Mundo. “Está sendo uma revolução da modalidade essa Copa do Mundo. Nitidamente os trabalhos estão mais completos, com mais disciplinaridades envolvidas e isso reflete na qualidade do jogo e das jogadoras, desde a captação e preparação até a estratégia de quando se vai para um jogo”, disse Jonas Urias, em entrevista ao Dibradoras.

“Estão tendo jogos mais equilibrados, jogadoras em plenas condições de serem em campo quem são e naturalmente se destacarem, se forem talentosas. E temos muitos talentos jovens, a modalidade está muito boa e, quando a gente projeta pro futuro, já vemos jogadoras protagonistas com 18, 19, 20 anos. Isso é muito bom e me motiva ainda mais a fazer um trabalho de elite nas categorias mais novas”, completou Jonas Urias.

Jamaica não sofreu gols contra França e Brasil

Foto: Reuters/Luisa Gonzalez

A Jamaica terminou a primeira fase sem sofrer gols: segurou o empate com França e Brasil e venceu o Panamá. Com uma defesa fechada, as jamaicanas não tiveram a defesa vazada nos três primeiros jogos e se classificaram em segundo do Grupo F, eliminando a seleção brasileira. Apesar dos placares magros, funcionou a estratégia do técnico Lorne Donaldson de se segurar na defesa e apostar na velocidade de Bunny Shaw nos contra-ataques. Agora, as Reagge Girlz vão disputar as oitavas de final contra a Colômbia na sua segunda participação delas na Copa do Mundo.

França 0 x 0 Jamaica

Panamá 0 x 1 Jamaica

Jamaica 0 x 0 Brasil

África do Sul se classificou e tirou Itália

Uma das grandes surpresas da Copa do Mundo, a África do Sul conseguiu a primeira vitória em Mundiais, na última rodada, sobre a Itália. O jogo foi marcado por viradas e um gol decisivo nos acréscimos que garantiu o país pela primeira vez na fase mata-mata, após terminar na segunda colocação do Grupo G. A seleção também chamada de Banyana Banyana é comandada pela única treinadora negra desta Copa, a Desirée Ellis.

Suécia 2 x 1 África do Sul

Argentina 2 x 2 África do Sul

África do Sul 3 x 2 Itália

Colômbia bateu a bicampeã mundial Alemanha

AFP/Franck Fife

A Colômbia é a única representante sul-americana nas oitavas de final da Copa do Mundo 2023. Apesar da derrota para Marrocos por 1 a 0 na última rodada da fase de grupos, as colombianas venceram a Coreia do Sul, por 2 a 0, e conseguiram um triunfo espetacular sobre a Alemanha, por 2 a 1. A campanha rendeu a classificação em primeiro do grupo, deixando a bicampeã mundial de fora e o estreante Marrocos vivo para avançar de fase. O desempenho corrobora a chegada de uma geração muito forte na seleção colombiana principal, que tem como grande estrela a atacante Linda Caicedo, de apenas 18 anos, e recém-chegada ao Real Madrid. 

Colômbia 2 x 0 Coreia do Sul

Alemanha 1 x 2 Colômbia

Marrocos 1 x 0 Colômbia

Marrocos, o estreante que avançou às oitavas

Foto: Alex Grimm/FIFA

A seleção marroquina começou o torneio de uma forma amarga. As africanas tiveram que se reerguer após sofrerem uma dolorosa goleada de 6 a 0 diante da Alemanha. E a volta por cima foi com vitória sobre a Coreia do Sul e a Colômbia pelo placar mínimo. O suficiente para que o primeiro país árabe a disputar uma Copa Feminina se classificasse para a fase mata-mata. Assim, o Marrocos é o único estreante deste Mundial nas oitavas de final, em que enfrentará a França.

Alemanha 6 x 0 Marrocos

Coreia do Sul 0 x 1 Marrocos

Marrocos 1 x 0 Colômbia

Nigéria aprontou pra cima de Austrália e Canadá

Foto: Fifa/Getty Images

Experiente em Copas do Mundo, a Nigéria participou de todas as edições da competição feminina. A melhor campanha foi em 1999, quando chegou às quartas de final. Mas o país ocupa apenas a 40ª posição do ranking da Fifa, bem distante de Canadá e Austrália, no Top 10 das melhores seleções do mundo. Dentro de campo, porém, as nigerianas jogaram o favoritismo das adversárias pro alto. Depois de empatar com as atuais campeãs olímpicas, as nigerianas viraram o jogo em cima da Austrália diante de mais de 50 mil torcedores – a grande maioria de australianos. Bem que a atacante Oshoala avisou um ano atrás: “Quem disse que a Nigéria não pode ganhar a Copa?”

Nigéria 0 x 0 Canadá

Nigéria 3 x 2 Austrália

Estados Unidos foram salvos por uma trave!

Foto: Robin Alam/USSF/Getty Images

Após conquistar os dois últimos títulos mundiais de forma consecutiva, os EUA passaram por uma renovação e o desempenho em campo oscilou no último ciclo até a Copa do Mundo 2023. Ainda assim, quase que as estrelas Megan Rapinoe e Alex Morgan voltam antes do esperado para casa. Diante do estreante Vietnã, a vitória por 3 x 0 não chegou nem perto de outras goleadas aplicadas pelas americanas em outras Copas do Mundo contra adversários mais vulneráveis como o 37º do ranking. Após empatar com a Holanda na reedição da final do Mundial de 2019, os EUA ficaram apenas no empate com Portugal, outro estreante na Copa Feminina. O detalhe é que as portuguesas meteram uma bola na trave no último minuto do jogo! Se essa bola entrasse, seria a primeira vez em que os Estados Unidos seriam eliminados na fase de grupos. Até porque a pior colocação das estadunidenses no Mundial foi o terceiro lugar, em 1995, 2003 e 2007. Nas outras cinco edições, os EUA foi tetracampeã (1991, 1999, 2015 e 2019) e vice-campeão (2011).   

Estados Unidos 3 x 0 Vietnã

Estados Unidos 1 x 1 Holanda

Portugal 0 x 0 Estados Unidos

Espanha, de Putellas, foi atropelada pelo Japão

Foto: Reuters

É verdade que o Japão tem tradição e um título de Copa do Mundo em 2011 no futebol feminino, mas a seleção surpreendeu ao terminar a primeira fase com o melhor ataque, com 11 gols marcados nos três jogos e sem ter sofrido nenhum gol  (apenas Suíça e Jamaica também avançaram às oitavas sem terem a defesa vazada nenhuma vez). Com 100% de aproveitamento, a equipe japonesa não tomou conhecimento da Espanha, que tem a atual melhor jogadora do mundo. Ainda assim, a seleção espanhola foi a que mais chutou ao gol (29 finalizações no alvo) e que mais ficou com a bola nos pés (trocando mais de 2 mil passes certos) na primeira fase do Mundial. 

Japão 4 x 0 Espanha

Inglaterra demorou, mas desencantou

Foto: Isabel Infantes/PA Images via Getty Images

Atual campeã europeia, a Inglaterra foi econômica nos dois primeiros jogos com vitórias por apenas 1 a 0. O destaque ficou por conta do Haiti, que perdeu por um placar magro diante de uma das grandes favoritas ao título. Na última rodada, porém, a seleção inglesa apresentou um futebol envolvente e goleou a China. 

Inglaterra 1 x 0 Haiti

Inglaterra 1 x 0 Dinamarca

China 1 x 6 Inglaterra

Veja os confrontos das oitavas de final

A primeira fase da Copa do Mundo feminina acabou com decepções, surpresas, e a certeza da evolução do futebol de mulheres. Confira os confrontos da próxima fase da competição.

Suíça x Espanha 

Sábado (5), às 2h da manhã (de Brasília).
Eden Park, em Auckland, na Nova Zelândia.

Japão x Noruega 

Sábado (5), às 5h da manhã (de Brasília).
Estádio Regional de Wellington, na Nova Zelândia.

Holanda x África do Sul 

Sábado (5), às 23h (de Brasília).
Allianz Stadium, em Sydney, na Austrália.

Suécia x Estados Unidos 

Domingo (6), às 6h (de Brasília).
Estádio Retangular de Melbourne, na Austrália.

Inglaterra x Nigéria 

Segunda-feira (7), às 4h30 da manhã (de Brasília).
Estádio de Brisbane, na Austrália.

Austrália x Dinamarca

Segunda-feira (7), às 7h30 (de Brasília).
Estádio Olímpico de Sydney, na Austrália.

Colômbia x Jamaica 

Terça-feira (8), às 5h (de Brasília).
Estádio Retangular de Melbourne, na Austrália

França x Marrocos 
Terça-feira (8), às 8h (de Brasília).
Estádio Hindmarsh, em Adelaide, na Austrália.

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