Adversário do Brasil na Copa, Panamá tem liga feminina criada há 7 anos

Veja como é o futebol feminino no Panamá, o histórico do país em Mundiais e o que esperar contra o Brasil

Foto: Fepafut/Divulgação

O primeiro adversário do Brasil na Copa do Mundo é estreante em mundiais e apenas o segundo país caribenho a disputar a competição. Por lá, o futebol feminino ainda vive o processo de profissionalização. A atual Liga Feminina de Futebol começou a ser disputada em 2017 e com apenas oito times. Mas não foi por falta de mulheres interessadas em jogar. 

Há registros de uma Liga Católica de futebol disputada por colégios de meninas do Panamá entre 1939 e 1941. Entre outras iniciativas, uma Associação Nacional de Futebol Feminino (ANAFUFE) foi criada em 2003 com respaldo da Federação Panamenha e ficou ativa até 2013 para organizar campeonatos femininos de futebol.

Dentre muitas tentativas, a chegada de um mexicano em 2020 começou a impulsionar a seleção caribenha até a tão sonhada estreia em Copas do Mundo. O técnico Ignacio Quintana modificou a preparação técnica, reivindicou junto à federação equiparação salarial e encontrou reforços de maneiras inusitadas, como o da atacante Riley Tanner, de 23 anos. 

Nascida nos Estados Unidos com mãe e avó panamenhas, Riley foi convidada para testes na seleção do Panamá após o treinador ver vídeos da atleta nas redes sociais. Detalhe: não tem nem um ano que isso aconteceu. Os testes foram em dezembro de 2022. 

O grande destaque do Panamá, porém, tem nome de Rainha. Marta Cox é a camisa 10 da seleção comandada por Ignacio Quintana. A atacante do Pachuga, do México, tem passagens pelo futebol da Colômbia, Costa Rica e Estados Unidos. Assim como a craque brasileira, a panamenha começou bem novinha na seleção, aos 14 anos, e foi fundamental para o desenvolvimento do futebol feminino no Panamá. Agora, aos 26, Marta Cox fará sua estreia em Copa do Mundo diante do Brasil de Marta, a maior artilheira em Mundiais.

Liga Feminina de Futebol do Panamá

O Panamá não tem uma liga profissional de futebol feminino. A Liga Feminina de Futebol do país foi criada em 2017 pela Federação Panamenha de Futebol (FEPAFUT), com a participação de oito clubes. O campeonato passou a contar com 16 equipes apenas em 2022. Apesar do cenário de desenvolvimento do futebol feminino ser recente no país, 11 das 23 jogadoras convocadas para a Copa do Mundo atuam no Panamá – seis defendem o Tauro FC, campeão nacional nos quatro últimos anos e vice-campeão em 2020 e 2019.

Muitas atletas da seleção panamenha também jogam no futebol sul-americano, como Colômbia, Costa Rica e Equador. E tem aquelas que atuam em mercados mais consolidados, como a artilheira Karla Riley (Washington Spirit – EUA); e as defensoras Carina Baltrip-Reyes (Marítimo – Portugal); Rosário Vargas (Rayo Vallecano – Espanha); e Hilary Jaén (futebol universitário dos Estados Unidos). Camisa 10 e estrela da seleção panamenha, Marta Cox defende o Pachuga, do México.

https://twitter.com/lffpanama/status/1671919456866512898

Histórico em grandes competições

O Panamá nunca disputou Copa do Mundo ou Olimpíadas no futebol feminino. A história da própria seleção feminina em competições oficiais é muito recente, já que as mulheres começaram a disputar jogos oficiais representando o país apenas a partir de 2002. Em 2018, o Panamá bateu na trave na tentativa de conquistar uma vaga para a Copa do Mundo Feminina.

A seleção panamenha havia atingido o melhor desempenho no Campeonato da Concacaf, chegando à disputa de terceiro lugar contra a Jamaica. A partida foi decidida nos pênaltis e a equipe jamaicana venceu, levando a medalha de bronze e a vaga direta para o Mundial de 2019. A última chance do Panamá foi na repescagem contra a Argentina, mas saiu derrotado por 5 a 1. 

Última seleção a se classificar para a Copa

As coisas começaram a mudar em dezembro de 2020, com o treinador mexicano Ignacio Quintana. Sob seu comando, a seleção feminina do Panamá realizou uma série de períodos de treinamento em uma preparação mais completa e com maior planejamento visando a fase final do Campeonato da Concacaf. Quintana também foi um importante articulador entre as jogadoras e a federação nacional em pró da equiparação salarial entre as seleções de futebol feminina e masculina do Panamá.

Na nova caminhada em busca da sonhada vaga para a Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia, o Panamá venceu as quatro partidas da fase preliminar da Copa da Concacaf de 2022, contra Barbados, Belize, Aruba e El Salvador. Na rodada seguinte, as panamenhas ficaram em terceiro lugar do grupo, atrás de Canadá e Costa Rica. A colocação não assegurou a vaga direta para o Mundial, mas deu um gás novo para mais uma repescagem.

No primeiro desafio da repescagem, as panamenhas venceram a Papua Nova Guiné por 2 a 0. Mas ainda restava um confronto contra o Paraguai. Dessa vez, a preparação foi bem maior e com vitória nos amistosos contra Chile, Venezuela e Equador. A partida decisiva contra o Paraguai foi disputada em fevereiro deste ano, na Nova Zelândia, e a atacante Lineth Cedeño, de 22 anos, marcou de cabeça o gol que garantiu a vitória e a classificação do Panamá para sua primeira Copa do Mundo Feminina, tornando-se o segundo país caribenho a disputar o Mundial.

https://twitter.com/lffpanama/status/1672040969233891328

Amistosos na preparação para o Mundial

O Panamá chega na Copa do Mundo pressionado por três resultados muitos ruins nos últimos amistosos antes da competição, mas diante de adversárias com mais peso no futebol feminino. Há uma semana (14/07), a equipe sofreu uma goleada diante do Japão por 5 a 0, em Sendai. Antes, havia perdido para a Espanha, em 29 de junho, e para Gibraltar, três dias antes, ambos por 7 a 0. Em junho, o Panamá também jogou dois amistosos contra a Colômbia: perdeu o primeiro por 2 a 0 e empatou o segundo em 1 a 1. Antes disso, em abril, a seleção panamenha conquistou duas vitórias sobre a República Dominicana, por 1 a 0 e 4 a 3.

O que esperar do Panamá contra o Brasil? 

O Panamá não terá vida fácil na primeira experiência em Copa do Mundo, já que enfrenta Brasil e França. Os amistosos recentes são prova da fragilidade da defesa panamenha. Por outro lado, é uma equipe com estilo de jogo agressivo e vertical quando consegue imprimir velocidade nas jogadas. A aposta diante dos favoritos do Grupo F será os contra-ataques, que contam com a habilidade e o entrosamento da meia Marta Cox com a atacante Riley Tanner.

Marta Cox é o grande destaque da seleção e com papel de liderança importante, mesmo com seus 26 anos. Já Riley Tanner é recém-chegada à seleção aos 23 anos, mas sua técnica e efetividade perto do gol foram suficientes para impressionar o treinador Ignacio Quintana pelas telas de um aparelho eletrônico. Agora presencialmente, Riley se soma à seleção panamenha na realização do sonho de disputar a primeira Copa do Mundo do país. Que seja o primeiro de muitos passos em direção ao crescimento do futebol feminino panamenho.

A Seleção Brasileira e o Panamá estreiam na Copa do Mundo da Austrália/Nova Zelândia na segunda-feira (24/07), às 8h (de Brasília), no estádio Hindmarsh, em Adelaide. 

Compartilhe

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *