Fotos: Safa.net/Reuters/Reprodução Facebook
A Copa do Mundo Feminina da Austrália/Nova Zelândia, que começa nesta quinta-feira (20), terá 12 técnicas mulheres, três a mais do que na edição da França, em 2019. Proporcionalmente, porém, as treinadoras continuam sendo 37,5% do total. É porque neste Mundial o número de equipes participantes aumentou de 24 para 32.
Na última Copa feminina, as treinadoras começaram como minoria: nove das 24 seleções eram comandadas por mulheres. Quando a competição chegou à fase eliminatória, esse cenário se inverteu. Os cinco dos oito países que avançaram às quartas de final eram comandados por mulheres (62,5%), sendo que a final teve 100% de representação feminina entre as técnicas.
Na decisão, a britânica Jill Ellis garantiu o bicampeonato mundial consecutivo dela e dos Estados Unidos sobre a holandesa Sarina Wigman, que levou seu país à primeira decisão de uma Copa do Mundo feminina.
Pia Sundhage – Brasil
Sueca – 63 anos
Bicampeã olímpica com os Estados Unidos (2008 e 2012) e vice-campeã nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 sob comando da seleção sueca, Pia Sundhage chegou badalada ao Brasil após a Copa do Mundo Feminina de 2019, quando atuava na equipe sub-15 da Suécia, trabalhando no desenvolvimento do futebol feminino do seu país. Passados quatro anos, Pia é a primeira técnica estrangeira a comandar a seleção brasileira em uma Copa do Mundo. “É o maior desafio que já tive na vida. E essa seria a maior vitória da minha carreira, independentemente da cor da medalha”, afirmou, em entrevista exclusiva ao Dibradoras. Desde sua chegada, Pia liderou a seleção brasileira em 53 jogos, somando 32 vitórias, 12 empates, 9 derrotas, além de 120 gols marcados e 40 gols sofridos. Foram mais de 90 jogadoras convocadas nesse período, marcado pela chegada de várias jovens atletas que consolidam uma renovação na equipe. O Brasil está no Grupo F e estreia na Copa do Mundo no dia 24 de julho diante do Panamá, em Adelaide (AUS). Na sequência, enfrenta a França, no dia 29, em Brisbane (AUS), e fecha a primeira fase contra a Jamaica, em 2 de agosto, em Melbourne (AUS).
Sarina Wiegman – Inglaterra
Holandesa – 53 anos
E O QUE FALAR DESSA MULHER?
— Dibradoras (@dibradoras) July 31, 2022
Sarina Wiegman se torna a primeira treinadora a vencer a @WEURO2022
duas vezes seguidas com países diferentes!
✅ 12 jogos
✅ 12 vitórias
✅ Campeã da Euro com a Holanda em 2017
✅ Campeã da Euro com a Inglaterra em 2022 pic.twitter.com/YpGEllgCMy
A holandesa Sarina Wiegman chega à Copa do Mundo de 2023 após ser eleita pela terceira vez como a melhor treinadora do futebol femininopelo Fifa The Best e no comando da Inglaterra, grande favorita ao título mundial inédito pelo forte elenco e após ter sido campeã da Eurocopa em 2022 em casa. Em 2017, Wiegman conquistou o torneio continental sob o comando da seleção do seu país, quando também levou o prêmio da Fifa de melhor técnica do mundo. Depois, ganhou o prêmio novamente em 2020, um ano após levar a seleção da Holanda à primeira final de Copa do Mundo Feminina em 2019. Ela lidera a seleção inglesa desde 2021. A Inglaterra está no Grupo D, ao lado de Haiti, Dinamarca e China.
Martina Voss-Tecklenburg – Alemanha
Alemã – 55 anos
À frente da seleção alemã desde o fim de 2018, Martina Voss-Tecklenburg recolocou o país na briga por um grande título ao chegar na final da Eurocopa do ano passado. A Alemanha acabou derrotada na decisão, mas a campanha na UEFA Euro feminina mostrou o potencial da equipe com forte tradição no futebol feminino para voltar a brigar por um título mundial. Na Austrália e Nova Zelândia, a equipe comandada pela treinadora de 55 anos buscará o tricampeonato mundial – o país foi campeão em 2007, em cima do Brasil, e em 2003, sobre a Suécia. Martina Voss também foi técnica da seleção da Suíça de 2012 a 2017 e, antes de tornar-se treinadora, foi meia atacante e defendeu a seleção do seu país até 2000. A Alemanha está no Grupo H, com Marrocos, Colômbia e Coreia do Sul.
Bev Priestman – Canadá
Inglesa – 37 anos
Com experiência nas categorias de base do Canadá. Bev Priestman foi foi assistente técnica da seleção canadense principal sob o comando do técnico Herdman. A treinadora inglesa também treinou a seleção feminina sub-17 do seu país de origem e foi assistente técnica da seleção inglesa principal sob o comando do técnico Phil Neville de 2018 a 2020. Priestman assumiu como técnica da seleção principal do Canadá em 2020 e no ano seguinte comandou a equipe ao ouro dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Na campanha até a medalha de ouro olímpico inédito, o Canadá eliminou o Brasil nas quartas de final, nos pênaltis. Para a Copa do Mundo, a treinadora de 37 anos convocou 18 jogadoras que disputaram as últimas Olimpíadas, mantendo a base daquele elenco vitorioso. O Canadá está no Grupo B, com Austrália, Irlanda e Nigéria.
Milena Bertolini – Itália
Italiana – 57 anos
Diferentemente do futebol masculino, a Itália não tem forte tradição na modalidade feminina. Apesar disso, é por meio da seleção feminina que os italianos podem torcer pelo seu país em uma Copa do Mundo desde 2014. Mas este será apenas o terceiro Mundial feminino que a seleção italiana disputa e o melhor desempenho feminina foi chegar às quartas de final nas edições da China em 2007 e da França em 2019. Essa última foi uma espécie de renascimento do futebol feminino na Itália, quando a equipe já era comandada por Milena Bertolini, que desde 2017 está à frente da seleção feminina de um país que profissionalizou totalmente a Série A do campeonato nacional apenas neste ano, assim como já funciona na Alemanha, França e Inglaterra, por exemplo. Apesar do fortalecimento da liga feminina, a seleção italiana terá de superar o fantasma que ficou após a decepção na Eurocopa de 2022, em que a Itália terminou em último do grupo com França, Bélgica e Islândia. Milena Bertolini foi jogadora até 2001, quando se tornou assistente técnica do Foroni Verona, o clube em que jogou pela última vez, com o time vencendo a Copa da Itália de 2001-02. Na temporada seguinte, foi promovida a treinadora principal e o clube foi campeão da Supercopa Italiana e da Série A. A partir de então traçou uma carreira vitoriosa no futebol feminino da Itália e chegou à seleção principal em 2017. A Itália está no Grupo G, com Suécia, África do Sul e Argentina.
Vera Pauw – Irlanda
Holandesa – 60 anos
Vera Pauw é uma treinadora com longa trajetória em seleções nacionais do futebol feminino, incluindo Escócia, Holanda, Rússia e África do Sul. À frente da seleção da Irlanda desde 2019, ela conquistou a classificação inédita do país para a Copa do Mundo feminina. Ex-jogadora de futebol, defendeu a seleção holandesa de 1983 a 1998 e foi a primeira jogadora do seu país a jogar profissionalmente fora, quando assinou pelo Modena, clube italiano da Serie A, em 1988. Pauw revelou em 2022 que foi estuprada e abusada sexualmente por três homens que trabalhavam no futebol holandês quando tinha 24 anos e acusou a Associação de Futebol local (KNVB) de recusar abrir uma investigação completa sobre os episódios de violência. Após aposentar as chuteiras, foi nomeada treinadora e diretora técnica da Escócia em 1998 e da seleção da Holanda a partir de 2004. No comando da equipe do seu país, chegou à semifinal da Eurocopa 2009. Depois, trabalhou nas seleções femininas da Rússia e África do Sul antes de assumir a da Irlanda. Na Copa do Mundo, enfrentará Austrália, Nigéria e Canadá pelo Grupo B.
Amelia Valverde – Costa Rica
Costarriquenha – 36 anos
Desde 2011 na seleção da Costa Rica, a ex-jogadora Amelia Valverde exerceu várias funções, como auxiliar técnica sub-20 e da equipe principal. Em janeiro de 2015, ela assumiu a seleção como técnica principal no lugar de Garabet Avedissian e comandou o país na primeira participação na Copa do Mundo sediada no Canadá – empatou com Espanha e Coreia do Sul e perdeu para o Brasil. A jovem treinadora estabeleceu equipes de observação das novas gerações de atletas do país e mudou o futebol feminino costarriquenho. Agora, chega a sua segunda participação em mundiais com a missão de alcançar as oitavas de final. A Costa Rica está no grupo C, ao lado de Espanha, Japão e Zâmbia.
Desiree Ellis – África do Sul
Sul-africana – 60 anos
Nascida na Cidade do Cabo, Desiree Ellis integrou a Banyana Banyana no primeiro jogo internacional da seleção feminina, sendo a segunda capitã da história da equipe, e se aposentou como jogadora aos 38 anos, em 2002. Em 2016, ela assumiu como técnica interina da seleção feminina da África do Sul no lugar de Vera Pauw e foi oficializada como treinadora principal em 2018, quando foi vice-campeã da Copa Africana de Nações Femininas e se classificou para a Copa do Mundo Feminina pela primeira vez.
Desta vez, o principal objetivo das Banyanas Banyanas é garantir a primeira vitória em Copa do Mundo e, quem sabe, passar para a fase mata-mata. Para isso, a África do Sul chega embalada após ser campeã da Copa Africana das Nações no ano passado, o resultado mais expressivo da equipe feminina do país. A África do Sul está no Grupo G, com Suécia, Itália e Argentina.
Hege Riise – Noruega
Norueguesa – 53 anos
Desde 2022, a seleção da Noruega tem como treinadora a melhor jogadora da história do país: a ex-meio-campista Hege Riise. Com ela em campo, o país conquistou o primeiro e único título mundial feminino, com vitória por 2 a 0 sobre a Alemanha na final da Copa do Mundo de 1995. Na edição anterior, porém, o país já havia batido na trave – perdeu a decisão da primeira Copa do Mundo oficial para os Estados Unidos. Hege Riise e sua geração também foram campeãs da Eurocopa, em 1993, e dos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000. Riise se aposentou como jogadora no final da temporada de 2006 e tornou-se a treinadora-chefe do Team Strømmen na primeira liga feminina norueguesa no ano seguinte. Em 2009, ela aceitou o convite para ser auxiliar técnica da seleção feminina dos Estados Unidos. Em 2021, assumiu interinamente a seleção da Inglaterra entre a renúncia de Phil Neville e a chegada da holandesa Sarina Wiegman. Chegou à seleção norueguesa como técnica da equipe sub-19 e, naquele mesmo, ano substituiu Martin Sjögren na seleção principal. A Noruega está no grupo A, com Nova Zelândia, Filipinas e Suíça.
Jitka Klimková – Nova Zelândia
Tcheca – 48 anos
No comando da seleção da Nova Zelândia desde 2021, Jitka Klimková chega à Copa do Mundo pressionada por uma sequência negativa de 10 jogos sem vencer. Apesar de viver um momento delicado no cargo, o objetivo da seleção coanfitriã da Copa do Mundo é avançar para a fase eliminatória pela primeira vez, já que nunca passou da fase de grupos nas cinco edições de Mundial que disputou – não venceu nenhum dos 15 jogos que disputou no torneio. Jitka Klimková foi jogadora da República Tcheca e chegou a comandar a seleção do seu país também como treinadora, de 2009 a 2010. Acumula experiências também como técnica da seleção dos Estados Unidos feminina sub-20 e sub-19 e do Canberra United na liga australiana, trabalho pelo qual foi eleita a melhor treinadora da temporada de 2011/2012. Na Nova Zelândia, ela treinou a seleção feminina sub-17, foi auxiliar técnica da sub-20 e chegou ao comando da seleção principal em 2021. A Nova Zelândia está no Grupo A da Copa do Mundo, ao lado de Noruega, Filipinas e Suíça.
Inka Grings – Suíça
Alemã – 44 anos
Desde o final de 2022, a seleção da Suíça é treinada por Inka Grings, a terceira maior artilheira da seleção da Alemanha, com 64 gols. Apesar de ter sido campeã europeia em 2005 e 2009, Grings acumulou frustrações quando o assunto foi Copa do Mundo. Após estrear marcando três gols na primeira edição do Mundial feminino em 1999, com apenas 20 anos, ela não foi convocada para as duas edições seguintes de 2003 e 2007, quando a Alemanha sagrou-se campeã. O motivo da primeira ausência foi uma lesão e da segunda, um desentendimento com a técnica Silvia Neid. Depois, a jogadora e a treinadora se reconciliaram e a artilheira voltou para a seleção como titular no Mundial de 2011, disputado no próprio país. Mas a Alemanha foi eliminada nas quartas de final, nos pênaltis, pelo Japão. Aos 44 anos, a agora técnica volta a disputar uma Copa do Mundo, desta vez, à beira do campo e para liderar a Suíça. A larga experiência é um fator que colabora para assumir o comando da seleção nove meses antes do Mundial. Antes, ela havia se destacado como técnica do FC Zurich. A Suíça está no Grupo A, em que três das quatro seleções são comandadas por mulheres: Nova Zelândia, liderada por Jitka Klimková; Noruega, da Hege Riise, e Filipinas, do treinador Alen Stajcic.
Shui Qingxia – China
Chinesa – 56 anos
Vice-campeã olímpica com a seleção chinesa em 1996, a ex-meio campista Shui Qingxia viveu um domínio chinês no futebol asiátio entre 1986 e 1999. Após uma campanha frustrante nas Olimpíadas de Tóquio, o técnico Jia Xiuquan foi demitido e convidou Shui para assumir o comando da seleção principal em novembro de 2021. Menos de três meses depois, Qingxia conseguiu quebrar um jejum de 16 anos ao liderar a China até o título da Copa Asiática. De quebra, se classificou para a Copa do Mundo. Vice-campeão na primeira edição da Copa Feminina, em 1999, a China parou nas quartas de final nos últimos mundiais. Desta vez, o país está no Grupo D, com Inglaterra, Dinamarca e Haiti.