As despedidas de um time histórico e supercampeão

O Corinthians começa mais uma temporada no futebol feminino como favorito a conquistar todos os títulos. Não é por acaso. É porque, desde 2016, quando retomou os investimentos nas mulheres, o time alvinegro conquistou pelo menos um título por ano. Em 2021, foram três – em todas as competições que o Corinthians entrou, ele foi campeão.

Só que 2022 começa um pouco diferente. Porque algumas jogadoras que fizeram parte desse time histórico ao longo dos últimos anos estão se despedindo. Isso, obviamente, não faz do Corinthians menos favorito, nem enfraquece um clube que construiu sua trajetória vencedora não só pelo que faz dentro de campo, mas também pelo trabalho fora dele. Mas é notável que o Corinthians nunca perdeu tantas “protagonistas” de uma temporada para a outra.

Ainda em 2021, antes da reta final do Campeonato Brasileiro feminino, as atacantes Gabi Nunes e Giovanna Crivelari deixaram o clube. Para 2022, também não estarão a atacante Cacau, a meia-atacante Vic Albuquerque, as meio-campistas Ingryd e Andressinha, a lateral Poliana e a zagueira Pardal. São oito jogadoras, boa parte delas que já foram protagonistas do Corinthians em algum momento de sua passagem pelo clube – talvez Vic tenha sido protagonista em todas as temporadas desde que chegou, ainda crua, em 2019. Mais do que isso, elas criaram uma identificação com a torcida.

 

Um dos grandes trunfos do Corinthians nos últimos anos tem sido manter boa parte do seu elenco de um ano para o outro e ainda trazer reforços importantes. Ainda assim, as apostas do Corinthians no mercado da bola costumam ter uma característica: em geral, são atletas mais jovens, com grande potencial para se desenvolver e contribuir com o time por mais de uma temporada.

Foto: Ag Corinthians

De 2021 para 2022 não tem sido diferente, no sentido das renovações. O Corinthians manteve as três goleiras, sua dupla de zaga titular (Erika e Campiolo), suas duas laterais titulares (Katiuscia e Yasmim), as duas pontas titulares (Gabi Portilho e Tamires), sua camisa 10 (Gabi Zanotti) e sua atacante mais decisiva (Adriana). As principais perdas, sem sombra de dúvidas, ficam por conta das volantes Ingryd (titular no Brasileiro de 2021 e protagonista do time tricampeão nacional) e Andressinha (que não fez uma temporada regular em 2021, sofreu com lesões, mas é uma jogadora acima da média), e principalmente da meia-atacante Vic, que teve o anúncio de sua despedida nesta semana.

As despedidas

A zagueira Pardal foi capitã e protagonista de momentos importantes da construção desse time vitorioso e histórico do Corinthians. Desde 2016, quando o clube retomou o investimento no futebol feminino na parceria com o Audax, ela fez parte de conquistas como a da Copa do Brasil daquele ano, a Libertadores em 2017, o Brasileiro em 2018. Ela ainda não anunciou seu novo destino, mas está sendo especulada no São Paulo.

 

Cacau também era um símbolo da retomada do futebol feminino no Corinthians e fez parte do projeto desde o início, em 2016. “Corintiana, maloqueira, sofredora”, ela sempre foi acolhida pela torcida e representou muito a ascensão do time feminino corintiano até ele se tornar hegemônico como é hoje.

 

Gabi Nunes é outra que fez parte desse grupo desde 2016 e se despediu em 2021. Ela foi artilheira do time em vários momentos, fez gols importantes em finais, é um nome que já está marcado na história do Corinthians feminino. Crivelari é outra que foi artilheira e decisiva no ataque corintiano desde que chegou em 2019. As duas saíram no meio de 2021 para clubes europeus (Madrid CFF e Levante, respectivamente).

Foto: Rodrigo Coca/Ag Corinthians

Ingryd também chegou naquele ano, foi buscar seu espaço e, em 2021, foi uma das principais jogadoras do time. Dava sustentação ao meio-campo alvinegro e distribuía passes decisivos na construção das jogadas ofensivas do Corinthians. Ela vai jogar na Ferroviária em 2022.

Andressinha foi a grande contratação em 2020 e se tornou uma jogadora importantíssima também nas conquistas daquele ano (bicampeonato do Brasileiro e do Paulista). Ela tem um passe diferenciado, visão de jogo e uma bola parada de muita qualidade. Ainda não foi anunciado seu novo destino.

E o que falar da Vic Albuquerque? Jogadora que chegou ao Corinthians com 21 anos em 2019 e já foi um dos principais nomes do time naquele Brasileiro. Tão jovem, ela desenvolveu o melhor de seu futebol, desempenhou função de meia e jogou mais avançada, deu passes decisivos, fez gols de placa (como aquele da final do Brasileiro de 2021 contra o Palmeiras).

São jogadoras que marcaram a história do clube e contribuíram muito para o crescimento do futebol feminino dentro do Corinthians. Porque os resultados que elas ajudaram a conquistar dentro de campo deram sustento para que os investimentos continuassem e para que a torcida se empolgasse cada vez mais em acompanhar as “Brabas do Timão” em campo.

A saída delas não representa o fim de um time tão vitorioso, mas deixa uma saudade imensa para os torcedores que se acostumaram a ver essas craques brilharem com a camisa alvinegra. O Corinthians vai se reforçar (já anunciou, por exemplo, as atacantes Jaqueline que se destacou no São Paulo,  Mylena, que estava no futebol chinês, as meio-campistas Liana Salazar, ex-Santa Fé, Mariza, ex-Grêmio, e a zagueira Andressa, que também estava no Tricolor Gaúcho) e deve divulgar mais nomes nos próximos dias. O time já tem uma base muito forte e vencedora, com um técnico que sabe montar equipes vitoriosas (Arthur Elias) e entra como favorito em todas as disputas em 2022. Mas essas ausências serão sentidas.

E representam também uma evolução no mercado do futebol feminino. Se antes, a concorrência não existia, hoje, há uma disputa dos clubes pelas principais jogadoras. As ofertas estão melhorando, com salários mais altos. E algumas jogadoras buscam times onde poderão jogar mais – no Corinthians, pelo rodízio que o técnico Arthur promove e também pelo fato de o clube ter um elenco muito forte, algumas atletas qualificadas perdem espaço (foi um pouco do que aconteceu com Pardal, Cacau e Andressinha, por exemplo).

Mais: há o mercado internacional, que está de olho nos talentos do Brasil, já que o Campeonato Brasileiro está mais forte nos últimos anos, com nível competitivo mais alto e chamando a atenção de clubes de fora. Vic, por exemplo, foi para o Madrid CFF ser a camisa 10 lá – Gabi Nunes e Crivelari também saíram para jogar no futebol espanhol.

Enfim, despedidas nunca são fáceis, mas essas jogadoras já têm seus nomes marcados na história do Corinthians e do futebol feminino no Brasil. E que venha mais uma temporada de sucesso para as mulheres no futebol!

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