Corinthians faz 8 a 0 no Nacional e vai à final da Libertadores em jogo marcado por racismo

Nesta terça-feira (16), no Estádio Manuel Ferreira, no Paraguai, o Corinthians enfrentou o Nacional e sacramentou sua classificação para a final da Libertadores goleando as uruguaias por 8×0. Os gols foram marcados por Giovanna Campiolo, Diany, Vic Albuquerque, Gabi Portilho, Jheniffer, Adriana, Juliete e Grazi.

Após o 6º gol, marcado por Adriana, de pênalti, houve uma confusão dentro de campo, mas a transmissão não conseguiu mostrar detalhes. Vic Albuquerque foi filmada chorando, as jogadoras das duas equipes bateram boca e a arbitragem tentava apaziguar o ocorrido. Pelas redes sociais, o Corinthians afirmou que a atacante Adriana foi chamada de “macaca” por uma adversária da equipe uruguaia.

Na saída do jogo, em entrevista, a atacante confirmou o ocorrido. “Não vi o que ela (a jogadora adversária) falou, mas todo mundo que escutou se sentiu mal. As meninas me contaram e eu também me senti mal. Nunca passei por isso, essa é uma causa que a gente trabalha muito para que não aconteça. Espero que elas nos respeitem e que isso não aconteça com ninguém porque é horrível.”

As duas equipes já haviam se encontrado na segunda rodada da Libertadores e o time brasileiro goleou as uruguaias por 5×1, com dois gols de Tamires, Vic Albuquerque, Gabi Zanotti e Jheniffer.

Essa será a 3ª final disputada pela equipe do Parque São Jorge que já levantou o troféu continental em duas ocasiões: em 2017, quando o clube fazia a parceria com o Audax e em 2019.

O adversário do Corinthians na grande decisão será o Santa Fe, da Colômbia (que eliminou a Ferroviária, nos pênaltis, na outra semifinal). A final será no dia 21 de novembro, em partida única, em Montevidéu. Pela primeira vez, a decisão feminina terá o uso da tecnologia do VAR.

O jogo

Foto: Staff Images Woman / CONMEBOL

Escalado por Arthur Elias, o Corinthians foi a campo com Kemelli, Poliana, Giovanna Campiolo, Pardal, Yasmim, Diany, Gabi Zanotti, Gabi Portilho, Tamires, Vic Albuquerque e Adriana.

O Nacional, comandado por Diego Testa, foi a campo com Villanueva, Costa, Colman, Ferradans, Vieira, C.Gómez, Bermúdez, L.Gómez, A.Gómez, Morales e Pizarro.

Se no primeiro encontro, o Corinthians abriu o placar aos 2 minutos de jogo, neste jogo da semifinal elas precisaram de 9 minutos a mais pra fazer o primeiro. Jogando debaixo de chuva, foi aos 11 minutos que o Timão balançou as redes. Yasmim cobrou escanteio e a zagueira Giovana Campiolo subiu mais alto que todo mundo e fez 1×0.

A chuva deixou o gramado mais pesado e isso dificultou bastante o estilo de jogo corinthiano, que prioriza o toque de bola. A equipe brasileira não deixou de buscar o ataque, mas encontrou dificuldades para concluir as jogadas ofensivas.

Somente aos 36 minutos do primeiro tempo o Corinthians teve uma ótima oportunidade. Na velocidade, Adriana foi acionada pelo meio, entrou na área e bateu rasteiro, mas a goleira Villanueva defendeu com os pés.

O jogo – que já estava “catimbado” na primeira etapa – começou do mesmo jeito nos 45 minutos finais. A arbitragem deixou de marcar muitas faltas no tempo inicial e teve trabalho para conter os ânimos das jogadoras.

E, aos três minutos, uma das jogadoras que estava sendo “caçada” pelas adversárias em campo marcou o segundo gol. Diany recebeu a bola na entrada da área e bateu colocada no ângulo da goleira.

Não demorou muito para sair o terceiro gol das brabas. Aos 10 minutos, um contra-ataque fulminante da equipe brasileira foi armado e Adriana partiu em velocidade para a área. A camisa 16 finalizou para o gol, mas Villanueva defendeu com rebote. Adriana estava caída após o chute, mas se levantou, cruzou para Vic e a camisa 17 marcou seu segundo gol, de voleio.

Com a porteira aberta, veio mais um gol corinthiano. Aos 16, Tamires partiu em velocidade pela lateral esquerda e cruzou na medida para a Portilho deixar o seu também.

E, após o 4º gol, o técnico Arthur Elias fez substituições para poupar as jogadoras para a final. Saíram Gabi Zanotti (que estava com cartão amarelo) e Tamires para as entradas de Andressinha e Jheniffer.

Foto: Staff Images Woman / CONMEBOL

Com o jogo completamente controlado antes da metade do tempo final, o Corinthians anotou seu quinto gol. Andressinha cruzou, Vic ajeitou e a Jheniffer finalizou para o gol.

Aos 25 minutos, Gabi Portilho entrou na área e a camisa 14 do Santa Fe, Colman, parou a atacante corinthiana com falta. A arbitragem marcou pênalti e Adriana cobrou com classe, no alto, sem chance de defesa, e fez 6×0.

Após a cobrança de pênalti, houve uma confusão dentro de campo, mas a geradora da transmissão não mostrou o que aconteceu no gramado. Vic Albuquerque foi filmada aos prantos enquanto as atletas batiam boca dentro de campo. A arbitragem conversou com as atletas e o jogo seguiu. Em seu perfil oficial no Twitter, o Corinthians relatou que a jogadora Adriana foi chamada de “macaca” pelas atletas do Santa Fe. Um episódio lamentável e que não foi punido dentro do campo de jogo.

Foto: Staff Images Woman / CONMEBOL

Retomando a partida, aos 35 minutos, o Corinthians mexeu novamente no time. Saíram Pardal, Vic e Adriana para as entradas de Ingryd, Grazi e Juliete. E, aos 38, o Corinthians marcou mais um, com Juliete chutando de fora da área e fazendo o 7º na partida.

Aos 45 minutos, Grazi sacramentou a goleada corinthiana e, junto com o elenco brasileiro, comemorou com o punho cerrado, para o alto, em combate ao racismo.


Em entrevista ao final da partida, a zagueira Colman pediu “desculpas a quem se sentiu ofendida” pelas palavras proferidas por sua companheira de equipe e frisou que essa não era a intenção do time.

A atacante Adriana, eleita como a melhor jogadora da partida, se pronunciou sobre o ocorrido em entrevista pós-jogo, “Queria falar sobre o que aconteceu após o pênalti. Não vi o que ela (a jogadora adversária) falou, mas todo mundo que escutou se sentiu mal. As meninas me contaram e eu também me senti mal. Nunca passei por isso, essa é uma causa que a gente trabalha muito para que não aconteça. Espero que elas nos respeitem e que isso não aconteça com ninguém porque é horrível.”

A grande decisão será entre Corinthians e Santa Fe no domingo (21), em Montevidéu.

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