Por Roberta Nina e Renata Mendonça
A CBF anunciou na tarde de segunda-feira (22) que Vadão não é mais o treinador da seleção brasileira feminina de futebol. Em sua segunda passagem – que durou um ano e 10 meses -, Vadão teve 53% de aproveitamento sob comando da seleção e recentemente disputou sua segunda Copa do Mundo.
A entidade também frisou em nota que “está trabalhando para a definição do próximo nome a dirigir a Seleção Feminina Principal no prazo mais curto possível”.
Vadão deixa o comando da Seleção Brasileira Feminina.
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— CBF Futebol (@CBF_Futebol) July 22, 2019
Nomes para substitui-lo já estão sendo especulados há um certo tempo. Alguns apostam na volta de René Simões, outros sugerem a contratação da treinadora sueca Pia Sundhage. Porém, mais do que pensar somente em um treinador(a), é necessário montar uma equipe com conhecimento sobre a modalidade e preparada para comandar a seleção – de preferência durante um bom tempo, independentemente de resultados ruins que possam ocorrer, para que a nova filosofia possa ser implantada.
A presença de mulheres que acumulam vasta experiência no futebol feminino na comissão técnica e em cargos de gestão dentro da seleção brasileira é mais do que importante, é urgente. E nomes capacitados para ocupar os cargos já existem. Listamos alguns abaixo:
Ex-jogadora, foi a primeira mulher a treinar as categorias de base e a equipe principal da seleção brasileira em 2017. Atua como treinadora desde em 2011 e já dirigiu as equipes femininas da Portuguesa-SP, Juventus, São José e, desde 2018, é treinadora do Santos Futebol Clube.
Em dezembro de 2018, concluiu a Licença Pro CBF Academy, que corresponde ao nível mais alto no sistema de graduação para treinadores com a chancela da Confederação Brasileira de Futebol. Antes dela, há a licença C, a B, a A – a Pro é reconhecida até mesmo internacionalmente.
De março de 2017 até dezembro de 2018, Débora atuou como auxiliar técnica da seleção brasileira feminina sub-17 e foi a primeira a concluir a Licença Pro da CBF. Ela, inclusive, conseguiu o certificado quando apenas 9 técnicos da Série A tinham a mesma qualificação.
Para chegar neste nível, a treinadora concluiu os cursos de Licença C, B e A. Também é habilitada pela Federação Holandesa e pelo Curso de Gestão da Fifa. “Eu sempre era a única mulher nos cursos que fiz para técnicos de futebol. Hoje, nas licenças da CBF, já tem mais de 10 mulheres. Está crescendo”, revelou em entrevista recente às dibradoras.
Ex-jogadora da seleção brasileira por 10 anos, Daniela Alves assumiu o posto de assistente técnica de Doriva Bueno – antigo treinador da seleção sub-20 na CBF – em 2016.
Em 2017, Dani concluiu a Licença B da CBF e em janeiro deste ano, assumiu o comando da equipe sub-17 feminina do Corinthians.
Ana Lúcia Gonçalves
Pós-graduada em Fisiologia do Exercício pela Unifesp e em Treinamento Desportivo pela Unicamp, Ana Lúcia já cursou a Licença A da CBF. Atualmente é treinadora da equipe feminina do Palmeiras, classificando a equipe para as semifinais da série A2 do Brasileiro com a melhor campanha.
Ela também já tem experiência no cargo comandando outras equipes femininas, como Ponte Preta, Guarani e Audax, onde disputou a Libertadores em 2018.
Tem 38 anos, é formada em Educação Física e foi a primeira mulher da história do futebol brasileiro a ter o seu nome registrado como treinadora no BID (Boletim Informativo Diário) da CBF. Ela assumiu o comando da equipe do Manthiqueira (de Guaratinguetá) em 2012, deixou o cargo por questões pessoais em 2017 e retornou em 2019.
O clube atualmente disputa a quarta divisão paulista e a Copa São Paulo de Futebol Junior. Antes de treinar a equipe principal, trabalhou com a base do Manthiqueira (sub-15 e sub-17).
Michele Kanitz tem 28 anos e já atuou como treinadora da equipe feminina da Ferroviária e como analista de desempenho do time feminino do Corinthians e do Guarani masculino, como contratada do técnico Osmar Loss.
Em 2015, cursou a Licença C da CBF. No ano seguinte, ela fez a Licença B e, no ano posterior, fez parte de uma das primeiras turmas a fazer o curso de Análise de Desempenho também da CBF.
Tatiele Silveira
Foi auxiliar da seleção brasileira feminina sub-17 no Mundial disputado em 2017. Na sequência, assumiu o comando do time feminino do Internacional, onde foi campeã gaúcha em 2017 e vice em 2018.
Ela é a única treinadora no sul do Brasil licenciada pela CBF: concluiu o curso da licença A da entidade nacional, a única abaixo da licença Pro. Hoje, comanda a Ferroviária, que está em oitavo lugar na tabela da série A1 do Brasileiro feminino.
Ex-capitã da seleção brasileira no vice-campeonato Mundial em 2007, Aline está revolucionando a modalidade há pouco mais de dois anos, quando ocupou o cargo de coordenadora do departamento de futebol feminino da Federação Paulista de Futebol (FPF).
Foi a grande responsável pelo fortalecimento do feminino na capital paulista, criou a primeira competição de base federada do futebol feminino no país, com o Paulista Sub-17, e também o Festival Sub-14 de futebol feminino, uma oportunidade de equipes ainda mais jovens disputarem um título estadual. Além disso, neste ano, Pellegrino organizou a primeira peneira coletiva de futebol feminino do país, reunindo quase 400 meninas de 14 a 17 anos em São Paulo, com 20 equipes presentes para selecionar as jogadoras.
Aos 18 anos, Christiane foi para os Estados Unidos e, com bolsa de estudos, se formou em Sports Management (Gerenciamento de Esportes). além de defender o time da Universidade. Também treinou um time de high school de meninas, fazia clínicas para as categorias sub-11 e sub-10 e foi auxiliar técnica em equipes da Islândia.
Aos 35 anos, a brasileira assumiu o posto de dirigir o time feminino do Avaldsnes, tradicional equipe norueguesa, em 2018. Atualmente, é treinadora interina do Sky Blue, dos Estados Unidos.
Recém-aposentada dos gramados, Rosana foi atleta por 21 anos e foi uma jogadora completa, que passou pelos principais clubes do mundo como Sky Blue e North Carolina Courage (EUA), Santos, São Paulo, Corinthians, Internacional e São José (SP), Lyon e PSG (FRA) e Avaldsnes IL (NOR).
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Rosana já é especializada em Gestão Técnica do Futebol, já participou de diversos cursos na Universidade do Futebol – desde metodologia de treinamento até modelo de jogo e tática no futebol – além de ter concluído, em 2013, especialização em treinamentos de base pela UEFA e as licenças B e A da CBF nos últimos dois anos.
Um dos maiores nomes da modalidade, Sissi foi a primeira camisa 10 da seleção brasileira. Pioneira do futebol feminino e esquecida pelo próprio país, foi nos Estados Unidos que ela encontrou outra vocação: a de treinadora.
Sissi trabalha com o desenvolvimento de atletas nas categorias de base de clubes americanos desde 2004, acumulando uma vasta experiência no país que mais forma jogadoras de futebol no mundo inteiro. Atualmente, aos 51 anos, ela comanda a equipe sub-12 do clube Walnut Creek e também é diretora do clube, comandando o programa de futebol para meninas de 9 a 16 anos.
Marcia Tafarel
Ex-atleta da seleção, também atuou como treinadora de categorias de base nos Estados Unidos desde 2005. Neste ano, assumiu o desafio de criar todo o programa de iniciação ao futebol para crianças de 2 a 8 anos no Copa Soccer Training Center na Califórnia.
A ex-atleta é responsável pelo currículo de desenvolvimento de futebol para meninos e meninas no clube e acumula experiências na beira do gramado como treinadora, e agora também como gestora.
“A gente sempre fala que queremos ajudar o Brasil a evoluir no futebol feminino. Não estamos pedindo cargo na CBF de treinadora principal, mas queremos ajudar com os programas que vemos aqui e dá muito certo. Aqui nos Estados Unidos, eles fazem programas regionalizados para a modalidade e dá muito certo. E aí a gente pensa, imagina se tivesse isso no Brasil e gente pudesse ajudar a implantar?”, afirmou Tafarel às Dibradoras.
É até leviano dizer que não existem mulheres preparadas para assumir cargos de liderança – seja treinando, coordenando, gerindo ou compondo uma comissão técnica. As mulheres estão se capacitando cada vez mais e tentando abrir espaços em um meio ainda tão masculino. A única coisa que falta para elas é a oportunidade.