Na última semana, um pedido tomou conta das redes sociais: #LasGladiadorasEnLaBombonera era a hashtag usada por torcedores, jornalistas e até mesmo pelas próprias atletas como um pedido para que o time feminino do Boca Juniors pudesse jogar no Estádio Alberto José Armando, mais conhecido como La Bombonera.
O clube argentino entrou com um pedido oficial para que a partida do time feminino pudesse acontecer como uma preliminar do masculino, que enfrentará o San Lorenzo no dia 09 de março (sábado). O vice-presidente Rodolfo Ferrari levou a iniciativa em reuniões do Conselho e com a aprovação de vários líderes, o sonho das jogadoras se tornou realidade.
As jogadoras da equipe argentina enfrentarão o Lanús jogando em um dos estádios mais famosos do mundo. Apesar do feito não ser inédito – as mulheres já jogaram na Bombonera nas décadas de 80 e 90 – a conquista quebra um hiato de 20 anos e esta será a primeira vez que o futebol feminino argentino ocupará os gramados oficial do clube no século XXI.
Lo de #LasGladiadorasEnLaBombonera que se viene no será la primera vez. Ya en la década del 80 y 90 han jugado en la Bombonera partidos oficiales como preliminar. Acá un video compartido por @Pionerasdelfut1 pic.twitter.com/UscL3RPfpp
— BocaFútbolFemenino (@BocaFutFemenino) February 19, 2019
Campanha ganhou força nas redes sociais
Para que o pedido fosse atendido, diversas montagens das jogadoras atuando na Bombonera foram feitas: a foto oficial da equipe unida, a comemoração de um gol, o abraço das atletas, entre outras.
A jogadora Ruth Bravo Sarmiento, zagueira do Boca e da seleção argentina, também fez questão de divulgar seu desejo pelas redes sociais usando uma destas imagens: “Este é o meu sonho”, escreveu como legenda em uma foto onde aparece comemorando um gol.
ESTE ES MI SUEÑO …. #LasGladiadorasEnLaBombonera 💙💛💙 @BocaJrsOficial @La12tuittera pic.twitter.com/dQS3BOCoPg
— Ruth Bravo Sarmiento (@ruthbravo36) February 15, 2019
Hoje, as jogadoras do Boca Juniors comemoram o feito alcançado, mas é importante ressaltar que o futebol feminino argentino tem ganhado destaque negativamente nos últimos tempos. Já falamos sobre a história de Macarena Sanchez que processou a Federação e seu antigo clube, o UAI Urquiza pelos anos em que atuou como profissional e não foi valorizada. Depois de entrar na justiça contra a AFA e contra o clube, Maca tem recebido diversas ameaças de morte pelas redes sociais.
Hace 20 años que juego al fútbol. Siempre viví exclusión y discriminación. Desde que inicié la denuncia de público conocimiento no paro de recibir mensajes con insultos y agravios, pero todo tiene un límite. Hoy me llegó este mensaje: pic.twitter.com/N0uXjOMpkl
— Maca Sánchez (@Macasanchezj) February 9, 2019
A seleção argentina também pediu para que fossem escutadas durante a Copa América de 2018, exigindo que a Federação olhasse para as atletas com mais respeito.
Recentemente, o Manchester City chamou a atenção ao promover, no mesmo dia, os jogos do time masculino e do feminino que enfrentariam o mesmo adversário, o Chelsea. São exemplos como este, que valorizam a igualdade de oportunidades para ambos os gêneros, que as mulheres tanto pedem no futebol.
Sueños que se cumplen! Gracias @BocaFutFemenino por no bajar los brazos nunca, gracias @BocaJrsOficial por esta oportunidad increible, gracias a todos y cada uno que desde el día 1 están al lado en las buenas y en las malas pic.twitter.com/3LyKGRBIJC
— Mosk (@ElisabethMinnig) February 19, 2019
Com essa conquista histórica da equipe feminina do Boca Juniors, é possível pensar em dias melhores e em quebrar o preconceito que ainda assola o futebol argentino. Esperamos que esta seja a primeira de muitas vezes que as Gladiadoras ocupem os gramados e que o exemplo sirva de inspiração para tantos outros clubes do país e também da América do Sul.