Foto: Ricardo Bufolin/CBG
A Seleção Brasileira de Ginástica Artística feminina vem fazendo história no Campeonato Mundial da Antuérpia, na Bélgica. Liderada pela campeã olímpica Rebeca Andrade, as brasileiras foram vice-campeãs por equipe nesta quarta-feira (4), garantindo a primeira medalha mundial do país na prova.
Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Júlia Soares somaram 165.530 pontos nos quatro aparelhos. Os Estados Unidos, que contaram com o retorno de Simone Biles, confirmaram o favoritismo e conquistaram o ouro, com 167.729. A França se superou e completou o pódio, com 164.064.
MEDALHA HISTÓRICA!!! O Brasil é prata no Mundial de Ginástica Artística, em Antuérpia, na Bélgica. 🥈🥈🥈🥈🥈pic.twitter.com/FqDvIeLuZz
— Dibradoras (@dibradoras) October 4, 2023
Com a conquista inédita do Brasil no Mundial, as representantes do país elevaram as expectativas para os Jogos Olímpicos de Paris-2024. Na segunda-feira (2), a seleção feminina já havia comemorado a conquista da vaga olímpica por equipe na fase qualificatória. Depois de ir aos Jogos de Tóquio apenas com Rebeca e Flávia, o Brasil terá novamente time completo nas Olimpíadas, com direito a cinco ginastas.
Há dois dias, o Brasil terminou a classificatória por equipe em quarto lugar, com 164.297 pontos, atrás dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e China. Mas o time brasileiro teve desempenho abaixo do esperado nas barras assimétricas na fase classificatória. Na final nesta quarta-feira, as brasileiras se superaram e aumentaram as notas, terminando com a medalha de prata, resultado muito comemorado por atletas e comissão técnica.
Com Simone Biles de volta após dois anos afastada das competições para cuidar da saúde mental, tirar o ouro dos Estados Unidos era missão quase impossível para as outras equipes. Grã-Bretanha era outra favorita à medalha e a China, classificada como terceira colocada, parecia ser a principal ameaça para o Brasil na briga pelo pódio. Mas não há descarte de notas na final, e os erros cometidos por inglesas e chinesas acabaram tirando as duas equipes do pódio mundial por equipe.
SIMONE BILES É DE OUTRO MUNDO! pic.twitter.com/D2A60ytUGm
— Dibradoras (@dibradoras) October 4, 2023
Disputa por equipes na final
O primeiro aparelho do Brasil na final foi justamente o que tirou mais pontos do país na classificatória: as barras assimétricas. Mas as três ginastas brasileiras melhoraram suas notas na decisão: Lorrane Oliveira com 13.166, Flávia Saraiva com 13.733 e Rebeca Andrade com 14.400, totalizando 41.299 – a China, também nas barras assimétricas, teve a melhor nota da primeira série: 43.032.
Desta vez, o tropeço veio na trave. Na segunda rotação, Julia Soares abriu a série do Brasil e sofreu uma queda, ficando com 12.200 pontos (um a menos do que na classificatória). Na sequência, Flávia Saraiva voltou a subir a moral brasileira, ao fazer uma bela apresentação que ganhou 14.066 pontos, aumentando seis décimos na sua nota. Rebeca fez 13.133. E, após duas séries, o Brasil figurava na sexta posição com 80.698 pontos – EUA já lideravam com 86.231.
OLHEI E GRITEI: PERFEITA!
— Dibradoras (@dibradoras) October 4, 2023
Rebeca Andrade fez 14.666 na final por equipes do Mundial de Ginástica Artística. Assista agora no @sportv e no Canal Olímpico Brasil.pic.twitter.com/1mrRdaKZIr
No solo, aparelho mais vitorioso do Brasil, Julia Soares abriu a terceira rotação com 13.600, melhorando em quatro décimos sua nota da classificatória. Rebeca apresentou sua nova coreografia, agitou a arquibancada e alcançou 14.666. Flávia Saraiva fechou com 13.900, colocando a equipe brasileira na quarta posição com 122.864, apenas 0.134 atrás da França – EUA mantiveram a liderança com 125.831.
O desfecho teve a experiente Jade Barbosa, de 32 anos, como a primeira brasileira a se apresentar no salto, pontuando 13.933. Flávia (13.833) e Rebeca Andrade, campeã olímpica nesta prova em 2021 (14.900) fecharam a participação brasileira, seguida por muita comemoração das atletas pelo desempenho. O Brasil totalizou 165.530 pontos e precisou aguardar a finalização dos Estados Unidos para confirmar o segundo lugar mais alto no pódio.
SENSACIONAL o salto de Jade Barbosa na final por equipes do Mundial de Ginástica Artística!!! pic.twitter.com/7VPZsQSES5
— Dibradoras (@dibradoras) October 4, 2023
Histórico do Brasil na ginástica artística feminina
O Brasil levou a primeira equipe feminina para um Mundial na edição de 1974, disputada na Bulgária, e teve a primeira participação nos Jogos Olímpicos em Moscou-1980. Já a primeira classificação olímpica por equipe foi nos Jogos de Atenas 2004, com a equipe feminina liderada pelo técnico ucraniano Oleg Ostapenko, contratado pela Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) em 2001. O ex-treinador das campeãs olímpicas ucranianas Tatiana Gutsu e Lilia Podkopayeva foi fundamental para promover uma acelerada mudança técnica e de resultados que havia começado desde a criação do Centro Olímpico em Curitiba, em 2001. Daiane dos Santos e Daniele Hypólito são frutos desse empenho.
Em 2001, Daniele Hypólito conseguiu a primeira medalha do Brasil em um mundial, ficando com a terceira colocação no solo na edição disputada em Ghent, na Bélgica. Em 2003, foi a vez de a equipe brasileira conseguir uma oitava colocação no Mundial de Anaheim, nos Estados Unidos, classificando pela primeira vez uma equipe completa para os Jogos Olímpicos da Grécia em 2004. No mesmo Mundial, Daiane dos Santos ganhou o primeiro ouro brasileiro da modalidade no campeonato, com direito a um exercício de alto grau de dificuldade batizado de “Dos Santos”.
Pouco depois veio uma nova geração, na qual Jade Barbosa está incluída. A carioca conquistou a medalha de bronze no individual geral do Mundial de 2007 e outro bronze no salto no Mundial de 2010. Entre as duas competições, Jade ainda integrou a seleção brasileira que chegou pela primeira vez à oitava posição dos Jogos Olímpicos, na edição de Pequim-2008.
De aprendiz da geração liderada por Daniele Hypolito e Daiane dos Santos, Jade passou à líder desta geração que tem Rebeca e Flavinha como protagonistas. Além de estar na equipe para passar o bastão de tudo que aprendeu, Jade mostrou que ainda tem ginástica pra gastar e energia pra subir a mais um pódio de Mundial. O salto que rendeu o notão de 13.933 pontos foi importante para a equipe brasileira subir no segundo lugar do pódio neste Mundial de 2023. E olha que as Olimpíadas já estão logo ali!
Brasil disputará sete finais individuais no feminino
As conquistas brasileiras não param na medalha de prata inédita do Brasil na disputa por equipes. Ao menos, é o que as ginastas brasileiras prometem! Pela primeira vez, uma equipe feminina do país confirmou sete vagas em finais de um mesmo mundial, sendo também inédita a classificação de duas brasileiras no primeiro grupo da final individual geral: Rebeca Andrade e Flávia Saraiva.
As sete vagas em finais no Mundial são:
- Final por Equipes Feminina
- Final Individual Geral com Rebeca Andrade
- Final Individual Geral com Flávia Saraiva
- Final de Salto com Rebeca Andrade
- Final de Trave com Rebeca Andrade
- Final de Solo com Rebeca Andrade
- Final de Solo com Flávia Saraiva
Veja as datas das finais individuais do Mundial de Ginástica
Sexta-feira (06/10) – Final individual geral feminino
O Brasil terá duas atletas na final do individual geral feminino. Atual campeã, Rebeca Andrade é favorita a conquistar uma medalha, mas terá Simone Biles como principal candidata ao ouro. Nas classificatórias, a norte-americana superou em mais de dois pontos a brasileira, que se classificou na quarta posição. Já Flávia Saraiva pegou a vaga na final após terminar a qualificatória na sexta colocação.
Sábado (07/10) – Final salto feminino
Atual campeã olímpica no aparelho, Rebeca Andrade volta à final do salto no Mundial, a partir das 9h50 deste sábado (7). Mas Simone Biles voltou com tudo, inclusive, com o salto mais difícil da ginástica e é também favorita ao ouro nesta prova. Além de Biles, as principais concorrentes da brasileira ao pódio serão a britânica Jessica Gadirova e a sul-coreana Yeo Seo-jeong.
Domingo (08/10) – final trave feminina
A trave é o aparelho em que Rebeca Andrade chega com menos chances de subir ao pódio. A brasileira teve a nona melhor nota na classificação e se classificou pela presença de três chinesas entre as oito (só é permitido duas atletas por país na final). A prova começa às 9h45.
Domingo (08/10) – Final solo feminino
Com Rebeca Andrade e Flávia Saraiva, o Brasil terá dobradinha na final do solo feminino, marcada para 11h30 deste domingo (8). As duas se classificaram como terceira e quarta, respectivamente, e estão na briga por medalha.