Em despedida de Arthur Elias, Corinthians é pentacampeão brasileiro após virada sobre Ferroviária

Em clima de despedida, o Corinthians comandado por Arthur Elias sagrou-se pentacampeão do Campeonato Brasileiro Feminino após chegar na sétima final seguida. Prestes a dedicar-se integralmente à seleção brasileira, o treinador respondeu ao carinho recebido da torcida corintiana com uma vitória de virada por 2 a 1 sobre a rival Ferroviária no segundo jogo da final, neste domingo (10), diante de mais de 42 mil torcedores. Antes do apito inicial, um mosaico com o escrito “Obrigado, Arthur” foi erguido nas arquibancadas da Neo Química Arena, em Itaquera, na capital paulista.

Quando o segundo jogo da decisão ainda estava esquentando, Mylene Carioca jogou um balde de água fria na torcida que lotou o estádio ao abrir o placar para a Ferroviária. Depois, porém, Jheniffer e Tamires balançaram as redes para o Corinthians. Como a primeira partida foi 0 a 0, o resultado construído em Itaquera confirmou a hegemonia conquistada pelo clube desde que retomou o projeto do futebol feminino em 2016, ainda em parceria com o Audax, já sob a liderança de Arthur.

A festa foi ainda mais completa pela presença dos 42.326 torcedores na arena. O número fez o Corinthians retomar o recorde de público sul-americano em um jogo de futebol feminino entre clubes, superando os 42.107 presentes na final do Campeonato Peruano uma semana antes, no Estádio Monumenta, em Lima, no Peru. Até então, a marca de maior público continental era da própria torcida corintiana, de quando encheu a Neo Química Arena com 41.070 espectadores na final brasileira de 2022 contra o Internacional.

Final começa com Ferroviária na frente

O jogo começou mais aberto do que os primeiros 90 minutos da decisão em Araraquara. Novamente, a Ferroviária foi ao campo bem postada defensivamente e soube suportar a pressão que as donas da casa imprimiram desde o início da partida. Apesar de o Corinthians ter se imposto no meio campo, faltava uma maior movimentação do ataque para conseguir infiltrar com perigo na área adversária. 

Do outro lado, a Ferroviária também buscou mais o ataque quando teve a posse de bola do que no primeiro jogo da final. E a investida surtiu efeito. Logo aos 9 minutos, Barrinha recebeu na esquerda, puxou para a perna direita e lançou dentro da área para Mylena Carioca receber livre, após infiltrar nas costas das duas zagueiras. A atacante da Ferrinha desviou de cabeça no cantinho do gol defendido por Lelê. Os poucos incentivadores da equipe de Araraquara ficaram em êxtase. A resposta da torcida corintiana foi cantar ainda mais alto.

Diante da dificuldade de criação corintiana, Arthur Elias colocou Gabi Portilho no lugar de Jaqueline ainda nos 34 minutos do primeiro tempo. A substituição deu maior profundidade ao time pela lateral direita, mas as melhores chances vieram de bola parada. Aos 41, Luciana fez uma defesa sensacional para evitar o gol  da Tarciane, que desviou na primeira trave após a cobrança de escanteio. Em nova cobrança de escanteio na sequência, Luciana não teve o que fazer na cabeçada da Jheniffer, que subiu mais alto do que todo mundo pra empatar o jogo e fazer toda a arena explodir nas arquibancadas.

Corinthians vira o jogo no segundo tempo

No intervalo, Arthur Elias organizou o time, que voltou imprimindo seu poderoso volume ofensivo. Demorou apenas 12 minutos para o Corinthians aproveitar um erro de saída de bola da Ferroviária pela esquerda para virar o jogo. Millene roubou a bola da Barrinha em uma bobeada da lateral da Ferrinha. A atacante corintiana avançou até a linha de fundo e cruzou rasteiro para dentro da área. Tamires antecipou a zagueira e colocou a bola para o fundo das redes de biquinho. Na comemoração, a “mãezona da Fiel” foi até o banco de reservas reverenciar Arthur Elias e a jogadora Grazi, veterana e referência do Timão.

O gol fez as donas da casa crescerem ainda mais na partida e criaram muitas oportunidades claras de gol. A vitória só não foi mais elástica por conta da bela atuação da goleira Luciana, que protagonizou pelo menos três defesas incríveis. Um dos grandes destaques do campeonato, a atacante Aline Milene, de apenas 18 anos, entrou no jogo aos 10 minutos do segundo tempo e teve poucas oportunidades de reverter a desvantagem da Ferroviária.

Nos 7 minutos de acréscimo, a equipe de Araraquara conseguiu imprimir uma pressão no Corinthians e os ânimos esquentaram. Aos 48, Sochor acertou o travessão após cobrança de escanteio e quase levou a decisão para os pênaltis. Dois minutos depois, Jéssica de Lima, técnica da Ferroviária, foi expulsa por reclamação. Mas o placar terminou mesmo 2 a 1 para o Corinthians, que comemora o quinto título no Brasileiro Feminino, sendo o quarto de forma consecutiva.

Desde 2019, ninguém desbancou o alvinegro no Brasileirão. O clube bateu Avaí/Kindermann, Palmeiras, Internacional e, agora, a Ferroviária nas finais. Em 2018, o time levantou a taça após vencer o Rio Preto na decisão. 

Melhor do início ao fim do Brasileiro

O título consagrou o clube de melhor campanha em todo o Campeonato Brasileiro. O Corinthians liderou a primeira fase com 12 vitórias, um empate e duas derrotas, sendo o time de melhor ataque, com 53 gols, e da melhor defesa, com 8 sofridos. Na fase mata-mata, sobrou também diante dos primeiros  adversários. Venceu o Cruzeiro por 6 a 3 no placar agregado (2×1 e 4×2) nas quartas de final e derrotou o Santos por 5 a 0 no agregado (3×0 e 2×0) nas semifinais. A final foi mais equilibrada, com empate sem gols no primeiro jogo e vitória por 2 a 1 suficiente para sair como o campeão.

Com a conquista em cima da Ferroviária, Arthur comemorou o 15º título à frente do Corinthians, que se tornou a maior potência da modalidade no continente sul-americano desde que retomou o futebol feminino em 2016, já com Arthur como técnico. São cinco títulos de Brasileirão (2018, 2020, 2021, 2022 e 2023), três de Libertadores (2017, 2019 e 2021), três de Paulistão (2019, 2020 e 2021), duas Supercopa (2022 e 2023), uma Copa Paulista (2022) e uma Copa do Brasil (2016).

Títulos do Corinthians na era Arthur Elias

  • Brasileirão Feminino: 2018, 2020, 2021 e 2022
  • Libertadores Feminina: 2017, 2019 e 2021
  • Paulistão Feminino: 2019, 2020 e 2021
  • Supercopa do Brasil Feminina: 2022 e 2023
  • Copa do Brasil Feminina: 2016
  • Copa Paulista: 2022

FICHA TÉCNICA

CORINTHIANS 2 X 1 FERROVIÁRIA

CORINTHIANS: Lelê; Paulinha (Katiuscia), Tarciane, Mariza e Yasmin; Duda Sampaio, Jaqueline (Gabi Portilho), Gabi Zanotti (Ju Ferreira) e Tamires (Fernandinha); Millene (Vic Albuquerque) e Jheniffer.
Técnico: Arthur Elias

FERROVIÁRIA: Luciana; Day Silva, Luana e Géssica (Ingryd); Mônica Bittencourt (Daiane Rodrigues), Raquel, Suzane (Patrícia Sochor), Mylena Carioca (Aline Gomes) e Barrinha; Eudimilla e Laryh (Lelê).
Técnica: Jéssica de Lima

GOLS: Mylena Carioca (Ferroviária), aos 9′ do 1T; Jheniffer (Corinthians), aos 41′ do 1T; Tamires (Corinthians), aos 12′ do 2T.

Cartões amarelos: Raquel Domingues, Eudimilla e Luana (Ferroviária); Millene e Mariza (Corinthians).
Cartões vermelhos: Jéssica Lima (Ferroviária)

Árbitro: Edina Alves Batista (Fifa-SP)
Assistentes: Neuza Inês Back (Fifa-SP) e Fabrini Bevilaqua Costa (Fifa-SP)
VAR: Daiane Muniz (Fifa-SP)

Local: Neo Química Arena, em São Paulo (SP)
Público: 42.566 torcedores
Renda: R$ 900.325,90

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