Pia admite responsabilidade e comenta despedida de Marta após eliminação

Foto: Fifa

A treinadora Pia Sundhage deu respostas mais curtas do que de costume na coletiva de imprensa da seleção brasileira após a eliminação do país na Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia. A equipe, que deixa o torneio de forma precoce após a fase de grupos, empatou em 0 a 0 com a Jamaica em Melbourne e viu ruir o sonho de ver Marta conquistar um título mundial. Na entrevista, Pia afirmou que faltou velocidade à seleção para furar a defesa jamaicana.

“Nós jogamos de forma muito lenta para tentar furar o bloqueio da defesa da Jamaica. Elas fizeram um bom trabalho e nós não conseguimos criar muitas chances, apesar de termos criado algumas. Também não conseguimos chegar à linha de fundo, um dos objetivos quando se enfrenta esse tipo de defesa. Não funcionou”, avaliou Pia. “Quando não conseguimos furar a defesa delas, acabamos ficando estressadas. E quando a gente fica estressada, acaba ficando mais lento, sem coragem.”

Uma das principais questões sobre o comando brasileiro na partida foi a demora em realizar mudanças na equipe. No intervalo, Pia optou por colocar Bia Zaneratto no lugar de Ary Borges – no entanto, a mudança não surtiu o resultado esperado. Apenas aos 35 minutos da segunda etapa, a treinadora tirou Antônia, Marta e Luana para a entrada de Geyse, Andressa Alves e Duda Sampaio.

“Essa é uma pergunta que sempre se faz quando não funciona. É sobre o timing. Em algumas situações no segundo tempo, eu achei que o time parecia melhor. Mas primeiro, se precisamos fazer algo, tem um debate sobre quem entrar, quem está mais descansada. Olhando para o resultado, eu provavelmente devo ter mexido tarde demais.”

Bunny Shaw (centro) comemora com colegas classificação da Jamaica. Foto: Fifa

Pia também foi perguntada sobre eliminações do Brasil após campanhas , como na Copa de 2023 e na Olimpíada de Tóquio-2020. A treinadora assumiu a responsabilidade pelos resultados e fez questão de ressaltar que precisa olhar para trás e buscar soluções para os problemas encontrados.

“No final o resultado é minha responsabilidade, mas não minha apenas. Tem a ver com a forma como trabalhamos, a nossa preparação. Eu realmente tenho que pensar se poderia ter feito diferente, mas agora não tenho resposta para isso. Nós fizemos uma boa preparação, bons jogos e bons treinamentos”, disse. “No fim das contas, a Jamaica jogou defensivamente e foi um 0 a 0. Não é uma grande diferença entre falha e sucesso.”

Por fim, a treinadora sueca também falou sobre o próprio futuro na seleção: “o meu contrato acaba em 30 de agosto do próximo ano”. E, finalmente, comentou o fim do ciclo de Marta com a seleção brasileira em Copas do Mundo. Apesar de a jogadora ter anunciado que não voltará para uma sétima Copa, a sua presença nos Jogos Olímpicos de 2024 em Paris ainda pode acontecer. “Eu acho que ela vai continuar jogando, porque ela ama o futebol. Mas se ela é boa o bastante para ser convocada, veremos”, afirmou.

Marta é dúvida para Paris-2024. Foto: Fifa

“Ela tem tanta experiência e esse é um dos motivos, e ela treinou bem para segurar a posse de bola. A equipe não conseguiu, com ela, encontrar o último passe, o que é uma de suas forças”, avaliou. “Ela, infelizmente, esteve um pouco machucada. Ela não jogou contra a Inglaterra e Alemanha em abril. E, claro, uma jogadora como ela, quanto mais ela estiver no time, melhor ele será. Com a equipe, se eu ainda estiver no comando, eu farei um esforço para encontrar novas jogadoras porque vai ser mais difícil para Marta estar na equipe.”

Outros pontos da coletiva:

Falta de efetividade no ataque:

“Nós estávamos preparadas para este estilo de defesa, que elas estariam defendendo muito bem, porque com o 0 a 0 elas avançavam. Houve algumas situações em que elas chegaram perto, mas eu acho que nós fomos bem defensivamente em contra-ataques. Nós falamos em duas coisas, que são a velocidade do jogo e o fato de que, quando você tem uma defesa tão compacta, deve usar mais as laterais do campo. Do jeito que tentamos passar por fora ou chegar à linha de fundo, não funcionou.”

Plano de jogo:

“As jogadoras tomam as decisões e nós tentamos ficar na mesma página. Falamos sobre usar toda a largura do campo, e é lógico quando temos Marta e Debinha. Ao invés de ter cruzamentos no ar, queremos passes para trás. E se tem alguém do meio chegando, Ary é muito boa, mas isso não aconteceu muito. Então esse foi o plano, mudar o ponto de ataque para forçar a Jamaica a mudar, e chegar à linha de fundo. Quanto mais perto do gol, melhor.”

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