Eternizada em estátua, Marta resume sentimento: “Tudo valeu a pena”

(Foto: Lucas Figueiredo / CBF)

A rainha Marta, finalmente, está eternizada no Museu da Seleção Brasileira, na sede da CBF – conforme a jornalista Renata Mendonça havia adiantado, em 2020, em sua coluna na Folha de S.Paulo. Na manhã desta quinta-feira (08) a entidade prestou homenagens à maior atleta do futebol brasileira, eleita em seis ocasiões como a melhor jogadora de futebol do mundo, e apresentou a estátua de cera que foi feita sob medida para eternizar os feitos da atleta.

A camisa 10 da Seleção Brasileira foi recebida pelo Presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, pela técnica da equipe feminina, Pia Sundhage, e pelo técnico do time masculino, Tite.

“É um orgulho para a CBF homenagear aqueles que tanto fazem pelo futebol brasileiro em vida. É um reconhecimento do que tem sido feito por Marta, uma das maiores incentivadoras para o futebol feminino do Brasil estar nesse estágio. Ainda não é o ideal, mas com certeza se chegou até aqui, é porque ela foi persistente, defendeu bandeiras em prol das mulheres do futebol feminino”, destacou o Presidente da CBF.

(Foto: Thais Magalhães/CBF)

Marta falou sobre a importância de ser o rosto de um momento como esse para o futebol feminino e também relembrou a luta das pioneiras em um país em que o esporte feminino foi proibido por quase 40 anos.

+ HÁ 80 ANOS, UMA LEI TENTOU IMPEDIR MULHERES DE JOGAREM FUTEBOL

“Representa um novo tempo. É importante aproveitar esse espaço, vamos continuar escrevendo a nossa história de maneira que a gente possa ver cada vez mais taças da seleção feminina aqui, camisas, uma história realmente contada pra que as pessoas tenham o interesse de vir aqui conhecer o futebol brasileiro, que não é só o masculino, é do feminino também. E se tiver a oportunidade de resgatar a história daquelas que começaram esse projeto num tempo em que o futebol feminino era proibido, que possam resgatar essa história e colocar aqui.”

A estátua de cera de Marta pesa entre 30 e 40 quilos e foi produzida por uma empresa brasileira sediada em Blumenau, no interior catarinense. As medidas foram aferidas em um processo de quase três horas de duração. A obra foi produzida durante mais de um ano em um ateliê em Londres, com cerca de 30 artesãos, que também servem alguns dos mais importantes museus de cera do mundo, como o Museu Madame Tussauds, na capital inglesa.

Marta participou de todo o processo, aprovando as etapas, decidindo a pose oficial e até citou os “pitacos” que deu durante a criação da estátua. “Eu a vi por inteiro hoje, mas eu vi o esboço antes. Quando eu vi, a bochecha estava um pouco maior então eu pedi para reduzir a bochecha. Eu acho que ficou legal, bacana. Eu mandei algumas fotos e a gente entrou em um consenso e a maioria decidiu por essa daqui – afirmou Marta.

Somente Marta e Pelé ostentam suas imagens no Museu da Seleção Brasileira e jogadora também falou sobre isso. “Não existe um Rei sem Rainha, né? Eu acho que ele está feliz também. Ele já demonstrou isso desde o primeiro momento em que ficou sabendo (da estátua da jogadora) e é um cara com quem eu tenho um diálogo muito bacana. A gente não se fala com frequência, mas sempre que temos uma oportunidade, é uma conversa muito bacana, cordial e verdadeira”, afirmou.

Além da inauguração de sua estátua de cera, que é um marco de representatividade do futebol feminino no Museu Seleção Brasileira, Marta recebeu uma placa pelos 20 anos de história com a Seleção Brasileira, das mãos de Tite e Pia.

Foto: Lucas Figueiredo

Meia-atacante do Orlando Pride, Marta está ausente da Seleção Brasileira por conta de uma lesão no ligamento do joelho que aconteceu em março deste ano, quando defendia o time dos Estados Unidos. A jogadora não quis estipular um prazo para o retorno, mas afirmou que ainda deseja vestir a amarelinha.

“Já disse pra Pia que está tudo certo, estou correndo e não estou sentindo dor, tá tudo tranquilo. A gente tá um pouco mais avançada do que o normal, essa é a verdade. Mas, sem colocar muita expectativa, sem colocar data pra voltar, espero dar continuidade à esse trabalho que a gente vem fazendo e que tá tendo um retorno muito bom. E aí, o tempo dirá se realmente vai acontecer ou não.”

Ainda falando sobre Seleção Brasileira, o presidente Ednaldo Rodrigues foi questionado pelo Dibradoras sobre o planejamento da entidade para a modalidade visando a Copa do Mundo de 2023. O mandatário declarou que o futebol feminino é uma das prioridades da sua gestão.

20 anos de Marta

A primeira convocação da meia aconteceu em 2002, aos 16 anos de idade. De lá para cá, Marta se tornou a maior artilheira de todos os tempos da Seleção Brasileira e a atleta com mais gols na Copa do Mundo, entre homens e mulheres. Ela também foi seis vezes eleita a melhor jogadora do mundo e conquistou duas medalhas de prata nas Olimpíadas de Atenas 2004 e Pequim 2008.

“As pessoas que hoje estão no comando do futebol brasileiro hoje estão entendendo isso, hoje a gente vive um cenário bem diferente, então é importante a gente usufruir do momento e fazer com que cada vez mais a gente possa progredir, e não regredir. Então é uma responsabilidade boa, mas é muito saborosa, porque a gente tá colhendo frutos daquilo que a gente já vem fazendo há muito tempo”, disse a Rainha.

Ao ser questionada sobre o que significava olhar para sua estátua e pensar em tudo que passou para chegar ao auge, a Rainha declarou: “Resumindo? Que tudo valeu a pena.”

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