A seleção inglesa fez história na Euro Feminina em 2022. Além de conquistar a taça depois de bater na trave duas vezes em edições anteriores, a equipe quebrou recordes de público e viu o país sediar o maior torneio de futebol feminino da história até aqui. Com o resultado, a expectativa é de que o legado de um mês inteiro dedicado ao futebol feminino na Inglaterra se estenda para as próximas gerações.
A final contra a Alemanha foi vista por 87.192 pessoas no estádio de Wembley, principal palco do futebol inglês. O público foi o maior da história da Euro, masculina ou feminina, e o maior público em uma partida de futebol entre seleções de futebol feminino na Europa.
E dava para perceber que o público queria fazer história. Tive a oportunidade de cobrir dois jogos da Euro feminina em 2022 – a abertura, entre Inglaterra e Áustria, e o confronto entre Espanha e Finlândia pela primeira rodada. Nas duas partidas, o público formado por famílias, torcedores dos clubes e pessoas que queriam apenas conhecer a atmosfera se empolgava com o futebol apresentado e as diversas atrações ao redor do estádio.
Em Manchester, por exemplo, além das atrações dos jogos, o Museu Nacional do Futebol também montou uma exposição inédita sobre futebol feminino.
Havia espaços disponíveis para comprar souvenires, tirar fotos com mascotes, testar habilidades com a bola, comer e beber. Além disso, nos Fan Festivals – espaços para os fãs nos centros das cidades-sede – havia atrações musicais, animadores de torcida e até exibição de filmes. Confesso que antes de Espanha x Finlândia, parei no cinema ao ar livre no Fan Festival de Milton Keynes e estava passando “Driblando o Destino” (aquele filme icônico com Parminder Nagra e Keira Knightley que completou VINTE ANOS esse ano). O filme, que eu já vi milhares de vezes, me prendeu e eu quase perdi o ônibus para ir para o estádio!
Nos festivais e no caminho para o estádio, o torcedor ainda tinha acesso a brindes como bandeiras da Euro, tintas para pintar o rosto com as cores de uma das seleções e, para as crianças, réplicas da bola oficial da competição. Pôsteres e informações sobre as cidades-sede e o plano de legado para os próximos anos também eram divulgados por voluntários e funcionários. Nesta segunda-feira (01), após a conquista do título, milhares de pessoas se reuniram na Trafalgar Square, em Londres, para celebrar com as jogadoras.
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Em Old Trafford, na partida de abertura, 68.871 pessoas compareceram às arquibancadas. Na segunda rodada da fase de grupos, a Euro na Inglaterra superou a marca de mais pessoas em estádios na história da competição – o recorde anterior era de 240.055 pessoas, na edição de 2017. No total, os estádios receberam 574.875 pessoas em todos os jogos. Os jogos da Inglaterra contra a Espanha nas quartas e Suécia nas semifinais também quebraram o recorde para as etapas específicas do torneio.
Dentro de campo, a Inglaterra se tornou a equipe com mais gols marcados em uma única edição – foram 21, sendo 14 só na fase de grupos. Beth Mead, inglesa e artilheira da competição, e Alex Popp, alemã, marcaram seis gols. A treinadora das Lionesses, Sarina Wiegman, se tornou a primeira a vencer o torneio com duas nações diferentes – ela conquistou a taça com a Holanada em 2017.
Ao redor do mundo, a Euro também refletiu o sucesso que exibiu no país sede. Antes da semifinal da Inglaterra contra a Suécia, a UEFA anunciou que esta se tornou a edição da Euro mais assistida pelo mundo. O recorde anterior era da Euro 2017, na Holanda, assistida por 164 milhões de pessoas ao redor do mundo. O número subiu 58%, ainda a três jogos do fim. Além disso, 54% da audiência era de pessoas que não torciam para nenhuma das equipes em campo – mostrando que o interesse não é só das torcidas locais, e sim, mundial. Nas redes sociais, o engajamento também foi gigantesco, principalmente no TikTok, gerando 39,7% das mais de 150 milhões de interações.
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No entanto, em qualquer estádio ou transmissão, não havia dúvidas: a favorita era a Inglaterra. A seleção anfitriã entrou em campo como uma das favoritas ao título, mesmo tendo como adversárias na briga grandes equipes como Suécia, França, Holanda, Alemanha e Noruega.
A organização da Inglaterra para receber a Euro foi bastante criticada, chamada até de “sem ambições”, devido à escolha de estádios que não são do primeiro escalão do futebol inglês para receber as partidas. Ainda assim, o torneio se refletiu em sucesso de público e renda. E, dentro de campo, as inglesas puderam cantar, enfim, que o futebol voltou para casa.
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