Giro pelo mundo: confira as campeãs do futebol feminino do mês de julho

Que mês de julho foi esse? Cinco competições de futebol feminino rolaram ao mesmo tempo com seleções de quase todos os continentes – América do Sul, América do Norte, Europa, África e Oceania -, mas essa deixa por último que logo mais tem Copa do Mundo Feminina, na Austrália e Nova Zelândia. Aliás, faltam 11 meses e 17 dias para o mundial. Tem alguém ansioso (a) por aí?

Bom, esse mês já ficou marcado na história. Teve de tudo: campeãs inéditas, seleções se enfrentando em duas finais seguidas, Brasil “buscando rivais en Sudamerica”, recordes de público e grandes momentos. Mas como nem tudo são flores, também aconteceram momentos tristes, como as lesões de Alexia Putellas, da Espanha – e atual melhor do mundo -, um dia antes de começar a Eurocopa. Katoto, da França, também se lesionou no meio da competição, Lieke Martens, da Holanda, que machucou o pé na última rodada da fase de grupos e Angelina, da seleção brasileira, sofreu uma lesão no ligamento cruzado anterior (LCA) nos primeiros minutos da final contra a Colômbia. E, pra finalizar, Alexandra Popp, finalista com a Alemanha e artilheira da Euro com seis gols, sofreu um desconforto muscular e ficou de fora da decisão.

Decisão essa que atingiu recorde de público da Euro tanto feminino quanto masculino: 87.192 torcedores estiveram presentes em Wembley, na Inglaterra, para prestigiar o futebol delas e também para celebrar o segundo título mais importante para o país – o primeiro e único título da seleção masculina foi em 1966, quando a Inglaterra foi campeã da Copa do Mundo naquele ano.

Confira o giro das campeãs pelo mundo:

ESTADOS UNIDOS – ENEACAMPEÃO DA CONCACAF

As americanas foram as primeiras campeãs deste mês. Venceram as canadenses por 1×0, com um gol de pênalti convertido pela estrela Alex Morgan no segundo tempo e conquistaram o nono título da CONCACAF. Foram cinco jogos, cinco vitórias, 13 gols marcados e nenhum sofrido, se tornando campeãs invictas em cima das atuais campeãs olímpicas.

O torneio existe desde 1991, e as duas equipes já decidiram o título por seis vezes durante as 11 edições e em todas elas, as americanas se sagraram campeãs.

1991 – Estados Unidos 5×0 Canadá

1994 – Estados Unidos x Canadá – grupo único

2002 – Estados Unidos 2×1 Canadá

2006 – Estados Unidos 2×1 Canadá

2018 – Estados Unidos 2×0 Canadá

2022 – Estados Unidos 1×0 Canadá

As únicas vezes em que o Canadá conseguiu o título do torneio foi em 1998 e 2010, ambas contra o México.

Os países vizinhos têm histórias totalmente opostas na modalidade. Os Estados Unidos perdeu somente quatro vezes na história dos confrontos. A última foi recente, nas Olímpiadas de Tóquio, em 2021, quando as canadenses superaram as americanas por 1×0, com um gol de pênalti de Jessie Fleming e foram às semifinais dos Jogos Olímpicos. De um lado, foi a primeira vez que o Canadá se classificou para a final da competição. Do outro, a equipe americana nunca havia perdido uma semifinal nos Jogos.

Jessie Fleming comemora o gol da vitória do Canadá sobre os Estados Unidos, na Olimpíada de Tóquio— Foto: Naomi Baker/Getty Images

Os quatro semifinalistas da Concacaf garantiram vaga direta para a Copa do Mundo de 2023, que será realizada na Austrália e Nova Zelândia: Estados Unidos, Canadá, Jamaica e Costa Rica. O campeão também conseguiu uma vaga direta para os Jogos Olímpicos de 2024, em Paris. Já o segundo e terceiro colocados poderão se classificar na repescagem intercontinental.

ÁFRICA DO SUL – CAMPEÃ INÉDITA DA COPA AFRICANA DE NAÇÕES

Existe um Marrocos antes da Copa Africana de Nações e depois da Copa Africana de Nações. O que a torcida marroquina fez nesse campeonato foi algo espetacular e duvido quem não se arrepia ao ver essas imagens:

Esses são registros da final entre Marrocos e África do Sul, mais de 45 mil pessoas estiveram presentes no Estádio Moulay Abdellah, em Rabat para empurrar a seleção marroquina ao seu primeiro título na competição. No final, deu África do Sul por 2×1, mas nada que apagasse esse grande feito da torcida prestigiando o futebol das mulheres no continente africano.

A Copa das Nações Africanas existe desde 1991 e, até essa última decisão, só tinham duas seleções campeãs do torneio: Nigéria com 11 títulos e Guiné com dois.

Nigéria campeã da Copa Africana das Nações – 2018 – Créditos: Troféus do Futebol

A África do Sul, além de dois vices contra Guiné, também ficou no quase em 1995, 2000 e 2018. E agora, em 2022, finalmente, chegou a vez das sul-africanas se tornarem as rainhas do continente. E foi com uma campanha impecável: seis jogos, seis vitórias, 10 gols marcados e apenas três sofridos.

Fase de grupos
Nigéria 1×2 África do Sul
África do Sul 3×1  Seleção Burundinesa
África do Sul 1×0 Botswana

Quartas de final
África do Sul 1×0 Tunisia

Semifinal
Zambia 0x1 África do Sul

Final
Marrocos 1×2 África do Sul

O torneio também classificou as quatro representantes do continente africano para a Copa do Mundo de 2023: Zâmbia, Nigéria (as semifinalistas), Marrocos e África do Sul (as finalistas). As marroquinas serão as primeiras representantes árabes no Mundial do ano que vem.

África do Sul, atual campeã da Copa Africana de Nações

BRASIL – OCTACAMPEÃO DA COPA AMÉRICA

Que o Brasil era favorito para essa Copa América, era óbvio, aliás, em nove edições, a seleção brasileira venceu oito – apenas a Argentina quebrou a sequência de títulos brasileiros em 2006. Mas não esperávamos uma final tão equilibrada como foi a decisão contra a Colômbia.

“Acho que não conseguimos manter a posse, nós perdemos muito a bola no meio campo e não usamos a inversão de jogo para usar os lados do campo. Nós contamos também que a Colômbia teve 12 ou mais contra-ataques na primeira meia hora de jogo. E isso significa que nós estamos perdendo a bola num setor mais alto do campo, quando estávamos atacando. Não encontramos o ritmo. A Colômbia fez um ótimo jogo e foi inteligente quando recuperava a bola para ser vertical no ataque. Não foi um jogo bonito, mas fomos eficientes e conseguimos manter o resultado”, disse a técnica da seleção brasileira Pia Sundhage.

Foto: Thais Magalhães/CBF

Jogando em casa, a seleção colombiana contou com o apoio da torcida que representou bem, lotando os estádios em dias dos jogos – todos os 22 mil ingressos disponíveis foram vendidos para a final. O público presente no Estádio Alfonso López, em Bucaramanga, não parou de apoiar e, no final, mesmo com a derrota e o vice-campeonato, aplaudiram de pé a garra das jogadoras, que, mesmo com o governo interrompendo o campeonato local um mês antes da Copa América no país, e mostraram força, vontade e reforçaram a importância que o futebol feminino tem para o país.

O Brasil sofreu, mas foi campeão invicto e, pela primeira vez na história, sem levar nenhum gol. Ao todo foram seis jogos, seis vitórias, 20 gols feitos e nenhum sofrido.

Fase de grupos
Brasil 4×0 Argentina
Brasil 3×0 Uruguai
Brasil 4×0 Venezuela
Brasil 6×0 Peru

Semifinal
Brasil 2×0 Paraguai

Final
Brasil 1×0 Colômbia

Lorena levou o prêmio de melhor goleira da competição e Linda Caicedo, com apenas 17 anos, levou o prêmio de melhor jogadora. Agora, o próximo desafio da seleção brasileira será em fevereiro de 2023, contra a Inglaterra – atual campeã da Eurocopa.

INGLATERRA – CAMPEÃ INÉDITA DA EUROCOPA

A terra da rainha ficou pequena para a Euro Feminina de 2022. A 13ª edição do torneio foi realizada na Inglaterra e teve um total de 574.875 espectadores, média de 18.544 pessoas por jogo. Na estreia do time da casa contra a Áustria (vitória das inglesas por 1 a 0), 68.871 torcedores compareceram ao Old Trafford.

O caminho da Inglaterra até Wembley não foi dos mais fáceis, mas o time de Sarina Wiegman mostrou a sua força desde o primeiro jogo. Elas tiveram pela frente na fase de grupos: Áustria (1×0), Noruega (8×0 – maior goleada da competição, entre homens e mulheres) e Irlanda do Norte (5×0). Já nas quartas passou um sufoco contra a Espanha, vencendo de virada e na prorrogação por 2×1. Nas semis, pegou a Suécia e aplicou 4×0 fora o baile – com direito a um golaço de Alessia Russo, de calcanhar, entre as pernas da goleira.

A expectativa era alta para a grande final. De um lado, a Alemanha, maior campeã da competição com oito títulos. Do outro, a equipe comandada por Sarina – campeã na edição passada com a Holanda -, em casa, diante de um Wembley lotado, com a possibilidade de ganhar o primeiro título da Euro e quebrar o jejum de 56 anos sem uma conquista importante – a última foi o Mundial de 1966 da seleção masculina.

Foi um jogo duríssimo, as equipes marcando forte e se estudando. O primeiro tempo acabou sem gols. Na volta do intervalo, a Alemanha voltou melhor, mas quem abriu o placar foram as anfitriãs. Aos 17 minutos, Ella Toone fez um golaço de cobertura para a alegria da imensa maioria no estádio. Faltando 10 minutos para acabar o jogo, as alemãs empataram a partida com Magull. Na prorrogação, as duas equipes estavam visivelmente cansadas, mas ambas partindo pra cima em busca do segundo gol. E ele veio, na raça, com Chloe Kelly garantindo o triunfo inglês.

“Estamos incrivelmente orgulhosos de ter defendido o futebol feminino e emocionados por podermos trazer um momento esportivo tão especial para o público”, disse o diretor-geral da BCC, Tim Davie. “Este foi o jogo de futebol feminino mais assistido na televisão do Reino Unido de todos os tempos e o programa mais assistido em 2022 até agora – e merecidamente. Todos na BBC estão encantados com a vitória e por poder compartilhar isso com o público.”

Em fevereiro, teremos pela primeira vez uma finalíssima em um evento organizado pela UEFA e Conmebol, onde a campeã da Copa América enfrenta a campeã da Eurocopa, no caso: Brasil x Inglaterra. O torneio será disputado na Europa, mas as entidades organizadoras da competição ainda irão anunciar a data e local do duelo.

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