Após o empate de 1 a 1 contra a Holanda e a derrota para as donas da casa, por 2 a 1, a Seleção tem o seu último desafio no Torneio Internacional da França, nesta terça-feira (22), às 14h30, contra a Finlândia. E em coletiva de imprensa concedida na véspera da partida, a técnica Pia Sundhage falou sobre o que esperar das adversárias.
Confira abaixo algumas das declarações da treinadora sueca.
O que esperar de Brasil x Finlândia?
“Estou ansiosa pra jogar contra a Finlândia. Eles jogam no 4-4-2, é um time muito forte. Vai ser um jogo duro, elas são rápidas e fortes na marcação. Então nós precisamos fazer a bola correr, acelerar as jogadas, fazer trocas de passes mais rápidas. A Finlândia é boa nos contra-ataques, se elas jogam com pressão alta, elas sabem fazer isso de forma bem organizada. Uma situação 1×1 vai ser difícil pra nós, precisamos mover a bola, a velocidade das jogadas, precisamos acertar os passes e achar nosso ritmo de jogo. Elas são boas nos cruzamentos e isso vai ser bom pra treinarmos nossa defesa nos cruzamentos. Quando perdermos a bola, temos que recuperá-la o mais rápido possível. Teremos chance de testar outras jogadoras, algumas jogaram muitos minutos e temos que ter cuidado na segunda etapa, porque mesmo que eu queira que uma jogadora atue por 90 minutos, talvez eu precise abrir mão dela porque ela jogou muitos minutos, teve desgaste e tem a temporada toda pela frente ainda”, analisou Pia.
Os frequentes erros de passes da equipe brasileira
“Eu tenho conversado com as jogadoras sobre ficar com a bola. Elas são técnicas, mas elas não estão no meio da temporada, então isso é uma justificativa quando você joga contra equipes qualificadas como França e Holanda. Tem a ver com inverter as jogadas com maior frequência. Isso começa com a goleira, claro, mas temos que continuar o trabalho que temos feito para garantir que fiquemos mais com a bola. Acho que com mais jogos como esses será muito importante fazer inversões de jogadas e completar passes. Quanto mais jogos tivermos, teremos mais chances de elas conseguirem se conectar melhor. Kerolin e Ary, por exemplo, são muito técnicas, fantásticas, mas nos jogos que fizemos, a gente perdeu a posse muito rápido. Então continuamos a falar sobre ter apoio, suporte, mais jogadoras próximas à bola. Se tivermos isso, conseguiremos aumentar nossas chances de manter a posse, e não vamos ter que ficar nos defendendo tanto”, concluiu.
“Precisamos jogar mais partidas”
“Não sei se tem a ver com o estilo. Na forma como vamos jogar, temos duas situações. Quando falamos com as jogadoras, elas querem manter a posse, mas elas ficam um pouco ansiosas, claro. E tem um equilíbrio sobre o contra-ataque, um dos nossos pontos fortes. Se você está com a bola e tem três jogadoras rápidas correndo para o ataque, você aciona essas jogadoras ou você segura, mantém a posse, mantém a compactação para avançar? Acho que elas precisam jogar mais partidas, pra ser sincera. Quando elas jogam com a seleção ou com as equipes, elas precisam jogar mais partidas e num ambiente mais competitivo. É diferente jogar contra as melhores equipes do mundo, quando você é mais pressionado, no um contra um, você precisa tomar decisões mais rápido. Então temos que ser pacientes, ter coragem de ter a bola e continuar o trabalho”, declarou a treinadora.
A logística dos jogos
“Não acho que são os principais problemas, mas têm um reflexo na performance. Eu tento garantir que elas tenham a melhor condição de viagem possível. Acho que devemos continuar a fazer isso, ter boa relação com os clubes pra poder liberá-las antes quando for possível. E são as datas FIFA. A gente tenta garantir que elas tenham a melhor logística possível. No fim do dia, eu prefiro ter jogos mais difíceis para conseguir que estejamos preparadas para jogos ainda mais difíceis no futuro e também para a Copa América. Por exemplo, se tivermos 45 minutos de bom desempenho, como eu acho que tivemos contra a França, eu pego esses minutos e tiro o melhor proveito deles. Pego os detalhes desses minutos, mostro para as jogadoras, ‘você foi muito bem aqui, precisamos que você faça mais isso’. Mas quando eu digo pra elas fazerem mais disso ou daquilo, talvez elas não consigam fazer porque estão cansadas. A gente tem que levar isso em consideração na hora de avaliar jogadoras. Eu respeito muito esses minutos bons que fizemos contra a Holanda e contra a França, fomos bem em jogos de altíssimo nível internacional, agora nós temos que aumentar esses minutos”, orientou.
A importância do ritmo de jogo
É muito importante. Se você consegue inverter a direção da jogada, aumentar a velocidade das jogadas, por 90 minutos, então você está pronto. Acho que a intensidade da Rafa (zagueira da seleção) na liga inglesa é diferente de muitos jogos no Brasil e alguns jogos na Espanha também, ela está inserida numa situação diferente. Essa é a realidade, para todos os países, a velocidade do jogo é diferente. O que as jogadoras podem fazer individualmente é adicionar coisas. Se você joga no clube e quer melhorar seu desempenho em nível mundial, você precisa adicionar algumas coisas. Nós tentamos ajudá-las, nossa equipe de preparação física fica à disposição para sugerir coisas que elas podem fazer, e eles mantêm contato com os clubes. As jogadoras precisam correr, não posso correr por elas. Nós podemos inspira-las, mostrar o que precisam fazer para chegar nesse nível. A parte física eu vou seguir trabalhando porque acho que podemos melhorar um pouco mais”, avaliou a comandante.
Objetivo 2019 x Objetivo 2022
“Quando cheguei ao Brasil, tinha que me acostumar com o estilo de jogo e tentei continuar trabalhando com o que eu tinha ali. Por exemplo, a Formiga, jogou a Olimpíada. Eu também comecei a trabalhar para fazer o time ser mais organizado e também que melhorasse fisicamente. Essas foram as prioridades. Quando olho para jogadoras como Kerolin e Ary, elas são fortes fisicamente, técnicas, e são “loucas”. Eu gosto disso. Agora o trabalho é encaixar isso na organização. Acho que a defesa está melhor, agora o próximo passo é quem vai jogar na direita ou na esquerda, devemos mudar um pouco a forma de jogar? Sinto que temos mais opções agora e espero que, principalmente no ataque, a gente consiga fazer coisas novas”, pontuou.
“As jogadoras mais jovens precisam de mais tempo para fazer bons jogos. Elas precisam de 30 minutos aqui, outros 45 minutos lá para provar que podem fazer bons jogos. Então é uma mescla nos jogos que nós fazemos, comparado ao que fazíamos antes dos Jogos Olímpicos. É divertido porque muitas vezes elas me surpreendem, elas tomam as decisões que eu nem poderia imaginar no jogo. Isso é muito interessante. Precisamos ainda ser organizadas e ser mais rápidas, a velocidade das jogadas é a chave para termos melhores resultados no futuro”, exalta Sundhage.
FIM DE JOGO! De virada e em casa, a França vence o Brasil por 2×1 (dois gols de Katoto). O tabu segue e o Brasil, em renovação, tem muito para evoluir, especialmente no ataque e nas laterais. Na terça (22), o Brasil enfrenta a Finlândia, às 14h.
Thais Magalhães / CBF pic.twitter.com/5vcsm5Q5kt
— Dibradoras (@dibradoras) February 19, 2022
“Precisamos de jogos contra os melhores times do mundo”
“Acho que todo mundo fica nervoso quando joga uma partida pela seleção. Mas juntas, nós podemos ganhar mais confiança. Posso ver a coragem delas na defesa. O ataque está muito mais difícil. Todo mundo ao redor do mundo está melhor defensivamente, então você precisa ser muito habilidoso e estar conectado para infiltrar na área. Isso é mais difícil agora porque elas não estão no meio da temporada. A primeira coisa que você perde quando você está fora de temporada é o ritmo de jogo. Estou positiva, vocês vão ver um time mais conectado nos próximos jogos. É como eu digo sempre, precisamos de jogos contra os melhores times do mundo porque aí saberemos se estamos conseguindo nos conectar. As últimas partidas no fim de 2021 contra equipes mais frágeis nós ficamos conectadas, tivemos grandes oportunidades no último terço do campo, fizemos mais gols. Agora, contra adversários melhores, precisa de mais capricho, mais acertos, tem que começar a correr mais cedo, por isso estamos jogando contra esses times. Contra a Finlândia, vai ser difícil, time forte, bom na jogada aérea, precisamos estar conectadas. Mas acredito muito nesse time. Acho que temos tempo o suficiente para melhorar até a Copa América”, enalteceu a treinadora.
Brasil e Finlândia se enfrentam nesta terça-feira (22), às 14h30 (horário de Brasília), no estádio Michel D’Ornano, em Caen, na França, com transmissão do SporTV.
O trabalho continua! Terça-feira tem mais! Vamos com tudo!
Thais Magalhães/CBF pic.twitter.com/su3wgY7PRp
— Seleção Feminina de Futebol (@SelecaoFeminina) February 19, 2022