A técnica Pia Sundhage convocou a seleção brasileira para os dois amistosos contra a Austrália nos próximos dias 23 e 26 de outubro. Foram sete mudanças com relação à lista de convocadas para os jogos contra a Argentina neste mês. A maior novidade foi a presença da goleira Karen, do Minas Brasília, ao lado de Letícia Izidoro (Benfica) e Lorena (Grêmio), que já estiveram no grupo na última convocação.

O Corinthians, atual campeão brasileiro, não foi o clube com maior número de convocadas desta vez. Com apenas três nomes na lista, o time alvinegro ficou atrás do vice-campeão, Palmeiras, que teve cinco nomes lembrados pela treinadora.

Vale destacar também os retornos da zagueira Rafaelle e da atacante Bia Zaneratto, que jogam no futebol chinês e haviam ficado de fora da última convocação por conta dos protocolos da Covid-19 na China com relação a viajantes retornando do Brasil. Como agora os jogos serão realizados na Austrália, elas poderão estar presentes.

Das 23 convocadas, 12 atuam no futebol brasileiro – um total de 52% -, um sinal do desenvolvimento do Brasileiro Feminino nos últimos anos.

Ao comentar a importância desses dois jogos para o novo ciclo da seleção brasileira em busca da classificação para mais uma Copa do Mundo, Pia Sundhage destacou que serão partidas interessantes para testar a qualidade da defesa e as inovações que ela tenta implementar no ataque.

“A oportunidade de jogar contra a Austrália é ótima. Vai ser um teste para o ataque e para a defesa. Você não pode só se defender no futebol, primeiro porque é chato, segundo porque futebol é sobre atacar e defender e tudo o que acontece entre essas ações. Acho que vai ser bom para a nossa defesa jogar contra atacantes boas como as que a Austrália tem, mas acho que também precisamos ser inteligentes para quebrar as linhas delas, a linha do meio-campo ou a de defesa. É um excelente adversário”, avaliou a sueca.

“Uma coisa necessária para ser bem-sucedido é saber jogar contra diferentes adversários. Isso faz o time ser mais forte mentalmente e faz com que sejamos também flexíveis quanto a forma de jogar diante dos adversários.”

Mudança no ataque

Desde a eliminação nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Pia tem falado sobre mudar a característica do ataque brasileiro. Ela considera que a parte ofensiva do Brasil acabou ficando muito “engessada” e quer ver as jogadoras acelerando mais o jogo quando estão com a bola. Por isso, a palavra de ordem atualmente é “quebrar as linhas”.

“Agora a gente tenta quebrar as linhas de maneira mais rápida quando estamos atacando. Isso significa que não mantemos tanto a posse quanto mantínhamos antes. É um pouco de equilíbrio, acho que é interessante porque se você quer ser um time vencedor, você precisa saber fazer os dois. A velocidade da jogada, não só saber jogar mais rápido, tocar mais rápido, mas também pensar mais rápido. Espero que vocês vejam a bola entrando mais na área e mais jogadoras chegando à área para podermos marcar mais gols”, explicou.

Uma convocação de seleção brasileira nunca terá unanimidade e, entre os questionamentos mais frequentes, estão a falta de oportunidades para laterais direitas de ofício, como Bruna Calderan (Palmeiras) e Katiuscia (Corinthians), que fizeram ótimas temporadas pelos seus clubes. Na lista atual, a técnica sueca repetiu a estratégia da última convocação, quando chamou apenas uma lateral direita (Bruninha, do Santos). Na ocasião, a zagueira Antonia também atuou na função no segundo jogo contra a Argentina e foi bem. Quando perguntada sobre o que pensa para esta posição, Pia respondeu:

“Quando falamos da posição, da lateral direita, eu estenderia isso às quatro jogadoras de trás, porque não é só sobre uma jogadora, ou uma posição, é sobre ser um time coeso em todas as fases do jogo, na hora de subir, na hora de descer, etc. Aqui no Brasil, temos muitas personalidades ofensivas para laterais, mas temos que ser realistas, contra a Austrália, teremos ótimas atacantes, que farão triangulações, e aí pra isso nós temos que estar organizadas. Jogadoras que vão bem no 1×1. Por isso nós mudamos algumas jogadoras e acho que ainda não teremos uma resposta definitiva depois desse jogo, mas acho que saberemos melhor quem competirá por uma vaga na esquerda e na direita”.

Renovação

Pia segue o plano de renovação da seleção brasileira e aposta em jogadoras mais jovens com o intuito também de dar um recado a outras atletas que ainda não tiveram oportunidade.

“É ótimo ter jogadoras jovens, e é necessário. Isso muda a atmosfera e a dinâmica do grupo. E isso também mostra pras jovens jogadoras: você tem uma chance. Se você jogar bem, se se dedicar, terá uma chance. Se tem uma jogadora jovem que vai bem, isso vai trazer muitas outras coisas boas. Precisamos de novos nomes pra trazer um novo time coeso.”

Ela também destacou a importância de um planejamento com mais jogos pela frente, sempre contra adversários que testem o nível do Brasil antes de chegar às principais competições – Copa América de 2022, e Copa do Mundo em 2023, caso a seleção confirme a classificação no torneio continental.

“Estou animada com esse novo ciclo. É importante jogar, nós não tivemos a mesma quantidade de jogos antes da Olimpíada do que, por exemplo a Suécia, que chegou na final. Estou muito animada quando olho para o calendário. Temos ótimos jogos vindo aí.”

Veja as convocadas:

GOLEIRAS
Letícia – Benfica
Karen – Minas Brasília
Lorena – Grêmio

DEFENSORAS
Rafaelle – Changchun Yatai
Tainara – Palmeiras
Erika – Corinthians
Antonia – Madrid CFF
Bruninha – Santos
Tamires – Corinthians
Thaís – Palmeiras
Katrine – Palmeiras

MEIO-CAMPISTAS
Julia Bianchi – Palmeiras
Ary Borges – Palmeiras
Angelina – OL Reign
Duda – São Paulo
Kerolin – Madrid CFF
Debinha – North Carolina Courage
Adriana – Corinthians

ATACANTES
Giovana Queiroz- Levante
Nycole – Benfica
Geyse – Madrid CFF
Beatriz Zaneratto – Wuhan Xinjiyuan
Marta – Orlando Pride