A torcida brasileira ainda está digerindo essa notícia. Os Jogos Olímpicos de Tóquio começam para a seleção feminina nesta quarta-feira e, pela primeira vez em quase 20 anos, não teremos Cristiane em campo. A maior artilheira da história da Olimpíada (entre homens e mulheres) não foi convocada pela técnica Pia Sundhage.

Aos 36 anos, Cris tinha a expectativa de disputar sua última Olimpíada em Tóquio. Ela esteve em outras quatro edições dos Jogos, desde 2004, conquistou duas medalhas de prata com a seleção e anotou 14 gols. Na Copa do Mundo de 2019, Cristiane também foi a artilheira do Brasil tendo marcado quatro gols (três na estreia contra a Jamaica e um contra a Austrália).

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Mas desde o Mundial, a atacante conviveu com lesões e isso atrapalhou um pouco a presença dela na seleção sob o comando de Pia, a treinadora que assumiu o cargo em julho de 2019.

Foram 12 convocações de Pia Sundhage desde então, e Cristiane esteve em 5 delas. Ao todo, a atacante fez 8 jogos sob o comando da sueca e marcou dois gols.

Em entrevista às Dibradoras, a técnica sueca falou sobre a ausência de Cristiane na lista de convocadas e sobre os motivos que a levaram a tomar essa decisão.

“Eu vou fazer essa exceção (de falar sobre uma jogadora não convocada) porque é a Cristiane, todo mundo gosta dela e eu entendo isso. Tenho muito respeito por tudo o que ela já fez pela seleção brasileira, sempre jogando muito bem”, disse a treinadora.

“Falamos sobre duas coisas principalmente: completar os passes, controlar a bola, ser agressivo e o nível físico. Eu sei o quão difícil é jogar uma Olimpíada com apenas 16 jogadoras de linha. Então temos que ter a certeza de que elas estão prontas e bem fisicamente para jogar com partidas de dois em dois dias. Nós tivemos uma conversa, falei com Fábio (Guerrero, preparador físico) e (Luciano) Capelli (fisiologista) e tivemos os números e tudo mais para analisar”, explicou.

Pia também reforçou que fez uma análise criteriosa dos jogos de Cristiane com a camisa do Santos pelo Campeonato Brasileiro.

“A outra coisa são os jogos no Campeonato Brasileiro. Ela jogou, acredito, seis jogos até aquele momento e eu tive todo o cuidado para acompanhar seu desempenho em cada partida. Então juntando tudo isso em comparação com o que a gente tinha, e considerando que agora que temos a chance de ter cinco substituições, se você olhar para as características do ataque, velocidade, nós temos isso no time agora”, afirmou.

“Acho que o que nós precisamos para ter infiltrações na área, por exemplo, boa presença aérea, nós temos isso. E essas duas coisas, o desempenho dela, e o fato de nós termos outras jogadoras que vão fazer o time ser melhor. E como você sabe, não é sobre uma jogadora, nem mesmo uma jogadora como a Marta, é sobre o time. E a forma que nós trabalhamos melhor como equipe. Então acho que temos todos os componentes para sermos bem-sucedidos”, finalizou.

Com a ausência de Cristiane, pela primeira vez desde 2004, o Brasil não terá seu “trio de ferro” nos Jogos Olímpicos. Marta, Cristiane e Formiga são as três jogadoras que representam melhor a história mais recente das mulheres no futebol e foram elas que inspiraram muitas das atletas dessa nova geração a persistirem nos gramados.

Será uma ausência sentida, mas o Brasil segue firme e forte em busca do ouro inédito na Olimpíada. Cristiane fará parte dessa história, agora como comentarista dos Jogos Olímpicos na Globo.

A seleção feminina estreia nos Jogos nesta quarta-feira às 5h (horário de Brasília) contra a China.