Foto: Leandro Lopes/CBF

O caminho da seleção brasileira de futebol feminina na primeira fase dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 foi definido nesta quarta-feira (20), após sorteio realizado em Saint-Denis. O técnico Arthur Elias acompanhou o evento da capital francesa e viu que a seleção brasileira feminina até fugiu dos adversários que o eliminaram nas últimas competições, mas sabe também que não terá vida fácil na busca pelo ouro olímpico inédito na França.

O Brasil caiu no Grupo C, ao lado da campeã mundial Espanha, do Japão e da Nigéria ou da África do Sul (a definição da vaga será em 5 e 9 de abril). O representante africano será o primeiro adversário das brasileiras na competição, em 25 de julho, no Estádio Matmut Atlantique, em Bordéus. Começar as Olimpíadas diante do adversário teoricamente mais acessível do grupo é uma boa notícia para o elenco brasileiro poder lidar melhor com a ansiedade da estreia e conquistar um bom resultado para ganhar confiança.

Claro que ainda está fresca a memória recente da eliminação brasileira ainda na fase de grupos da Copa do Mundo Feminina de 2023 após uma estreia com goleada diante do Panamá. Mas essa lembrança também pode servir de alerta para o Brasil manter uma alta concentração no segundo jogo, contra o Japão, que promete ser o confronto mais decisivo na disputa por uma provável segunda colocação nessa chave que tem a Espanha como a grande favorita.

Já sob comando de Arthur Elias, a seleção brasileira fez dois amistosos contra o Japão entre novembro e dezembro de 2023. Em nenhum dos dois jogos o Brasil encantou em campo, mas venceu o primeiro duelo por 4 a 3 e perdeu o segundo, por 2 a 0. Depois disso, porém, a equipe apresentou crescimento tático e melhorias no jogo coletivo durante a Copa Ouro, disputada no início deste mês, em que terminou com o vice-campeonato após somar cinco vitórias e uma derrota na final para os Estados Unidos.

Ainda que o grupo do Brasil nas Olimpíadas de Paris não seja dos mais fáceis, a equipe de Arthur Elias não terá que cruzar logo no início da competição com a França (que eliminou a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2019 e nunca perdeu para o Brasil) e com o Canadá (que despachou as brasileiras nos Jogos de Tóquio-2020), já que ambas estão juntas no Grupo A de Paris-2024. Outros fantasmas que não estão no caminho brasileiro na fase de grupos são os Estados Unidos (campeão nas duas vezes que o Brasil chegou na final das Olimpíadas, em 2004 e 2008) e a Alemanha (que também foi campeã na única decisão de Mundial que a seleção brasileira feminina disputou, em 2007).

Brasil na primeira fase

• Brasil x (Nigéria ou da África do Sul) – 25/08, no Estádio Matmut Atlantique (Bordeaux)
• Brasil x Japão – 28/08, no Parc des Princes (Paris)
• Brasil x Espanha – 31/08, no Estádio Matmut Atlantique (Bordeaux)

O futebol começa antes mesmo da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos, que será em 26 de julho. A disputa feminina da modalidade terá início em 25 de julho e a decisão que definirá o campeão está agendada para 10 de agosto, no Parc des Princes, em Paris. Esta será a primeira vez em que os jogos Olímpicos terminarão com a final do futebol feminino, em 10 de agosto, e não com a decisão do futebol masculino, que será no dia 9.

Sistema de disputa

As seleções participantes são: Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, França, Japão, Nova Zelândia, além das duas vagas africanas que faltam ser definidas. As 12 equipes são divididas em três grupos. As duas melhores de cada chave e as duas melhores terceiras colocadas vão se classificar para as quartas de final.

GRUPO A: França, Canadá, Colômbia e Nova Zelândia
GRUPO B: Estados Unidos, Alemanha, Austrália e África 2 (Zâmbia ou Marrocos)
GRUPO C: Espanha, Japão, Brasil e África 1 (Nigéria ou África do Sul)

No Grupo A, a anfitriã França tem tudo para aproveitar o embalo da torcida para crescer nas Olimpíadas e ser muito competitiva, assim como foi na Copa do Mundo Feminina de 2019. Na mesma chave ainda está o Canadá (atual campeão olímpico) e a Colômbia (que despontou em uma crescente nos últimos anos). A Nova Zelândia é a seleção mais tranquila desse agrupamento.

Já no Grupo B, Estados Unidos e Alemanha buscam resgatar a excelência que já rendeu títulos de Olimpíadas e Copas do Mundo aos dois países, após campanhas frustrantes no Mundial de 2023. Para isso, a equipe americana contará com a chegada da técnica britânica Emma Hayes, comandante do Chelsea que vai assumir a seleção dos EUA a dois meses dos Jogos Olímpicos. A chave ainda conta com a Austrália, que ficou na quarta colocação da Copa do Mundo em que foi sede, além de uma vaga que será definida entre Zâmbia e Marrocos.

Elite do futebol feminino volta à França 

Cinco anos após sediar a Copa do Mundo Feminina de 2019, a França volta a receber uma das principais competições internacionais da modalidade com as Olimpíadas de 2024. O Mundial foi um marco para o futebol de mulheres, diante dos recordes de público nos jogos e da audiência nas transmissões por todo o mundo. 

Diferentemente da maioria das modalidades olímpicas dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, o futebol será disputado em estádios espalhados por sete cidades: no Parque dos Príncipes (Paris), Estádio Matmut Atlantique (Bordeaux), Stade de la Beaujoire (Nantes), Groupama Stadium (Lyon), Vélodrome (Marselha), Allianz Riviera (Nice) e Stade Geoffroy-Guichard (Saint-Etienne).

Diferença do futebol nas Olimpíadas

Uma diferença do futebol olímpico em relação às competições organizadas pela Fifa é o limite dos elencos. Nas Olimpíadas, é permitida a inscrição de 18 jogadoras por seleção. No contexto do futebol olímpico, há outras distinções entre a disputa de homens e mulheres. No feminino, não há limite de idade (diferente do masculino, em que é permitido apenas três jogadores com mais de 23 anos por seleção) e são 12 seleções participantes (enquanto a competição masculina contempla 16 países). 

Medalhistas olímpicos no futebol feminino

Atlanta-1996: Estados Unidos (ouro), China (prata) e Noruega (bronze)
Sydney-2000: Noruega (ouro), Estados Unidos (prata) e Alemanha (bronze)
Atenas-2004: Estados Unidos (ouro), Brasil (prata) e Alemanha (bronze)
Pequim-2008: Estados Unidos (ouro), Brasil (prata) e Alemanha (bronze)
Londres-2012: Estados Unidos (ouro): Japão (prata) e Canadá (bronze)
Rio-2016: Alemanha (ouro), Suécia (prata) e Canadá (bronze)
Tóquio-2020: Canadá (ouro), Suécia (prata) e Estados Unidos (bronze)