Hegemonia continental confirmada: Corinthians vence Palmeiras e é tetra da Libertadores

Corinthians torna-se o maior campeão da Libertadores em despedida de Arthur Elias do alvinegro

Foto: Staff Images Woman/CONMEBOL

No Dérbi Paulista que definiu o campeão da Libertadores Feminina de 2023, o Corinthians venceu o Palmeiras por 1 a 0 e garantiu o tetracampeonato na maior competição de clubes da América do Sul. Millene marcou o gol da vitória alvinegra na decisão disputada em partida única, na noite deste sábado (21), diante de apenas 3.580 pessoas – menos de 10% da capacidade do estádio Olímpico Pascual Guerrero, em Cali, na Colômbia.

O clássico foi muito disputado e nervoso, com direito a arbitragem confusa, pênalti desperdiçado, expulsão e golaço da artilheira das Brabas no torneio. O Corinthians começou com um alto volume ofensivo e teve a primeira grande oportunidade de abrir o placar, aos 13 minutos, em pênalti sofrido por Gabi Portilho e desperdiçado por Vic Albuquerque (que acertou a trave igualzinha à cobrança no jogo anterior, pela semifinal contra o Internacional). Ainda assim o alvinegro terminou o primeiro tempo na frente, após belo gol de Millene da entrada da área.

Atrás no placar, o Palmeiras voltou do intervalo com tudo, se atirou ao ataque e cresceu no jogo. O duelo pegou fogo! Aos 20 minutos, Tarciane recebeu o segundo cartão amarelo após entrada dura em Bia Zaneratto. O Corinthians passou a ter que se segurar com uma jogadora a menos. E contou com ótimas defesas da Lelê, principalmente, no chute da Katrine de fora da área na sobra de um escanteio e da Bia Zaneratto, que quase encobriu a goleira. Não foi aquela apresentação de luxo, tampouco uma campanha irretocável corintiana. Mas o time soube ser efetivo nas chances que teve e resiliente para reagir (contra o Inter) ou se segurar (diante do Palmeiras).

Falando sobre a arbitragem, a paraguaia Zulma Quiñónez teve uma atuação bem questionada durante a partida. Depois de assinalar pênalti para o Corinthians (sem contestação por parte do VAR), a árbitra demorou quase três minutos para autorizar a cobrança de Vic Albuquerque.

Além disso, a árbitra chegou a mostrar o cartão amarelo para a jogadora errada (punindo Flávia Mota, quando Camilinha havia feito o pênalti). Ela foi alertada pelo VAR e só então retirou o cartão da zagueira e aplicou para a lateral.

O lance mais criticado pelas palmeirenses foi um possível pênalti não marcado nos últimos minutos de jogo, quando o braço da marcadora corintiana toca na bola em disputa dentro da área. A árbitra mandou seguir o jogo e, mais uma vez, o VAR não acionou a arbitragem dentro de campo.

Campanha invicta até o tetra da Libertadores

O Corinthians conquistou o quarto título da América após uma campanha invicta, com cinco vitórias e um empate. Até a semifinal, a equipe comandada por Arthur Elias não havia sido vazada na competição. Mas o duelo contra o Internacional ficou 1 a 1 e a vaga na final foi decidida nos pênaltis. Ao todo, as Brabas do Timão somaram 18 gols marcados e apenas um sofrido em seis jogos.

Millene foi a artilheira da campanha corintiana, com seis gols. Mas o sucesso das Brabas passa por um jogo coletivo e uma distribuição democrática dos gols. Ao todo, dez jogadoras balançaram as redes nesta Libertadores: Vic Albuquerque (3), Fernanda (2), Tarciane (1), Paulinha (1), Andressa (1), Jaqueline (1), Jheniffer (1), Gabi Zanotti (1) e Tamires (1), além da artilheira Millene (6). 

Nesse formato de tiro curto, todos os jogos foram realizados em Bogotá e Cali, na Colômbia. O Corinthians avançou como primeiro colocado do Grupo C, após vencer o Colo-Colo (1 x 0), o Always Ready (6 x 0) e o Libertad Limpeño (5 x 0). Nas quartas de final, goleou o América de Cali por 4 a 0. Na semi, empatou com o Internacional por 1 a 1 e garantiu a classificação nos pênaltis (4 x 3). Na decisão, venceu o clássico contra o Palmeiras por 1×0.

Foto: Staff Images Woman/CONMEBOL

Primeira fase:

06/10 – Corinthians 1 x 0 Colo-Colo-CHI
Gols: Millene.

09/10 – Corinthians 6 x 0 Always Ready-BOL
Gols: Fernanda, Millene (3), Jaqueline e Tamires.

12/10 – Libertad Limpeño-PAR 0 x 5 Corinthians
Gols: 
Vic. Albuquerque, Gabi Zanotti, Andressa, Jheniffer e Paulinha.

Quartas de final:

15/10 – Corinthians 4 x 0 América de Cali-COL
Gols: Mariana Zamorano (contra), Millene, Vic Albuquerque e Fernanda.

Semifinal:

18/10 – Corinthians (4) 1 x 1 (3) Internacional

Gols: Priscila (Inter) e Vic. Albuquerque (Corinthians).

Final:

21/10 – Palmeiras 0x1 Corinthians

Gol: Millene.

Hegemonia corintiana passa por Arthur Elias

(Foto: Rodrigo Gazzanel / Ag Corinthians)

Com mais um título, o Corinthians mantém a marca invicta em todas as finais de Libertadores que disputou – que, por curiosidade, sempre foram em anos ímpares: 2017, 2019, 2021 e 2023. E todas elas aconteceram sob o comando de Arthur Elias, que se despede do time após quase oito anos para assumir integralmente a Seleção Brasileira Feminina.

Agora é oficial: o Corinthians é o maior campeão da Libertadores Feminina. O quarto título fez as Brabas superarem o São José, tricampeão da América e com um longo período de soberania do futebol sul-americano. Cenário que começou a mudar desde a chegada de Arthur Elias no projeto corintiano de reativar o futebol feminino a partir de uma parceria com o Audax, que durou de 2016 a 2017 e depois seguiu de maneira independente sob a gestão da diretora Cris Gambaré para se tornar a maior referência do futebol feminino na América Latina.

Antes de assumir o Audax/Corinthians, Arthur Elias já havia conquistado seu primeiro título brasileiro, no comando do Centro Olímpico em 2013. Mas esse era apenas o início da enorme coleção que viria com a equipe do Parque São Jorge. Depois que o Corinthians entrou na sua vida, Arthur somou mais cinco títulos de Campeonatos Brasileiros (2018, 2020, 2021, 2022 e 2023), dois da Supercopa (2022 e 2023), um da Copa do Brasil (2016), o tri Paulista (2019, 2020 e 2021) e, agora, se despede com o tetra na Libertadores (2017, 2019, 2021 e 2023).

O Corinthians virou o time a ser batido por todos os títulos que conquistou, e manteve sua hegemonia mesmo diante da mudança de cenário do futebol feminino no Brasil, com a chegada de mais investimento dos clubes de camisa e maior competitividade desde a obrigatoriedade imposta pela Conmebol e CBF em 2019 para os participantes dos seus principais campeonatos terem também equipes femininas. O time alvinegro sabia dos desafios que teria, e correu atrás para se manter no topo.

(Foto: Conmebol)

“Nós não nos reinventamos. Evoluímos e trouxemos elementos novos que foram deixando aquilo que a gente já tinha de estrutura de jogo, ideia de jogo, mais complexo, imprevisível para esses adversários e desafiador para as meninas, que toparam. É importante enxergar coisas novas, que você é capaz de fazer diferente, fazer mais, de responder a situações, que na verdade estamos competindo com a gente mesmo para seguir vencendo”, explicou Arthur.

Os resultados foram colhidos em campo. Junto do sucesso do Corinthians, cresceu o reconhecimento do trabalho de Arthur Elias e as cobranças por uma oportunidade para ele assumir um time masculino ou a Seleção Brasileira Feminina. O convite da CBF para assumir a amarelinha veio em setembro deste ano. Desde então, Arthur Elias concilia a seleção com o Corinthians. Nessa dobradinha, ele foi campeão brasileiro com o Timão diante de mais de 40 mil torcedores – e recorde de público de clubes do futebol feminino sul-americano – na Neo Química Arena, em São Paulo.

Mas a Libertadores era a última dança desse casamento entre o o treinador e o Corinthians. E a despedida foi em grande estilo! Como diria Vinicius de Moraes, que seja eterno enquanto dure. E foi! Arthur Elias se eternizou no Corinthians.

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