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O futebol nunca foi tão popular na Austrália quanto no último mês. E as Matildas são as responsáveis por alavancar uma multidão de torcedores embalada pela Copa do Mundo que está sendo sediada no país e na Nova Zelândia. A seleção australiana, por sua vez, vem retribuindo o apoio massivo com uma campanha histórica no Mundial, chegando pela primeira vez às semifinais. Mas pela frente terá a última grande favorita que ainda sobrevive na competição: a Inglaterra, atual campeã europeia.
Austrália e Inglaterra se enfrentam por uma vaga na final da Copa do Mundo nesta quarta-feira (16), às 7h (de Brasília). O palco do confronto será o Accor Stadium, em Sydney, na Austrália, e promete virar um caldeirão pela torcida para as donas da casa. São esperadas mais de 75 mil pessoas no estádio, além de outras milhões na frente das televisões do país.
No Brasil, o jogo que definirá o adversário da Espanha na final da Copa terá transmissão ao vivo pelo canal da Cazé TV no Youtube e via streaming pelo Fifa+.
Matildas terão um caldeirão de torcedores
A seleção australiana está entre as mais tradicionais do futebol feminino. Ela foi criada oficialmente em 1978 e só não disputou a primeira edição da Copa do Mundo feminina, em 1991. Após longa trajetória na modalidade, foi preciso receber o mega evento em casa para as Matildas assumirem o papel de protagonistas.
A espera parece ter valido a pena. Afinal, a caminhada delas até as semifinais rendeu quebras de recordes nos estádios e de audiências nas TVs locais em uma mobilização de um país inteiro que nunca teve o futebol como esporte popular. Em cinco jogos, a Austrália venceu três, empatou um e perdeu outro, tendo marcado 9 gols e sofrido três.
Antes, a Austrália havia vencido apenas um jogo de mata-mata de mundial em 2015, quando a competição teve as oitavas de final pela primeira vez – nas edições de 2007 e 2011, o país avançou da fase de grupos direto para as quartas de final.
Mas a Austrália não é considerada nenhuma azarona nesta Copa do Mundo. Pelo contrário, a quarta colocação nos Jogos Olímpicos de Tóquio, disputados em 2021, provou a força de um elenco formado por jogadoras que atuam nos melhores campeonatos da atualidade e estão adaptadas à alta competitividade.
A base da seleção australiana atua na forte liga inglesa. Ao todo, são dez das 23 atletas, entre elas Sam Kerr (Chelsea), Caitlin Foord (Arsenal), Mary Fowler e Hayley Raso (Manchester City). Outras seis jogam na Suécia, duas nos Estados Unidos, além de uma na França e outra na Noruega. Apenas a atacante Cortnee Vine e a zagueira Clare Hunt competem no próprio país.
Apesar do tropeço no início da Copa com derrota para a Nigéria, na segunda partida, a recuperação australiana diante do atual campeão olímpico Canadá com uma goleada por 4 x 0 garantiu a liderança do Grupo B e embalou as donas da casa. Isso sem a principal estrela: Sam Kerr. Devido a uma lesão muscular na panturrilha, a atacante só estreou na Copa nos últimos 10 minutos das oitavas de final, contra a Dinamarca, quando a Austrália já vencia por 2 x 0.
Contra a França, pelas quartas, Sam Kerr entrou aos 20 do segundo tempo e jogou a prorrogação da partida que terminou 0 x 0, ficando 55 minutos em campo. Ela também converteu uma das sete cobranças que garantiram a classificação australiana à semifinal na maior disputa de pênaltis das Copas, com 20 batidas.
A expectativa é que Sam Kerr tenha possibilidade física de atuar mais minutos contra a forte Inglaterra na busca por uma vaga na final. Com a principal estrela dentro ou à beira de campo, a certeza fica por conta do apoio massivo da torcida para embalar as Matildas. São esperadas mais de 75 mil pessoas no estádio olímpico de Sydney para o jogo contra a Inglaterra que vale a vaga inédita à final.
AUSTRÁLIA (escalação provável)
Arnold; Carpenter, Hunt, Kennedy e Catley; Gorry, Cooney-Cross, Raso e Foord; Van Egmond (Sam Kerr) e Fowler.
Técnico: Tony Gustavsson.
Desempenho nesta Copa:
Austrália 1 x 0 Irlanda – fase de grupos
Austrália 2 x 3 Nigéria – fase de grupos
Canadá 0 x 4 Austrália – fase de grupos
Austrália 2 x 0 Dinamarca – oitavas de final
Austrália (7) 0 x 0 (6) França – quartas de final
Participação em Copas: oito.
1995 – fase de grupos
1999 – fase de grupo
2003 – fase de grupos
2007 – quartas de final (perdeu para Brasil: 3×2)
2011 – quartas de final (perdeu para Suécia: 3×1)
2015 – quartas de final (perdeu para Japão: 1×0) *primeira edição com oitavas
2019 – oitavas de final (perdeu para Noruega nos pênaltis)
Favorita aposta no seu auge no futebol feminino
A Inglaterra tem uma das ligas mais competitivas e valorizadas do futebol moderno mundial. Na Copa do Mundo, é a única grande favorita que segue viva na competição. Semifinalista do último mundial, a Inglaterra chegou com ainda mais moral para esta edição sediada na Austrália e Nova Zelândia após a conquista inédita da Eurocopa um ano atrás.
Nos últimos anos, aliou o forte elenco ao comando da holandesa Sarina Wiegman, eleita melhor técnica do mundo de futebol feminino pela terceira vez em 2022. Na Copa de 2019, Sarina liderou a Holanda até a final. Neste ano, a missão é fazer com que as inglesas também sintam esse gostinho inédito de chegar à decisão do Mundial.
Mas as Lionesses começaram a competição com atuações abaixo das expectativas: vitórias magras diante do Haiti e da Dinamarca pela fase de grupos. Apesar de uma goleada convincente sobre a China por 6 x 1 na última rodada da primeira fase, as inglesas sofreram contra a Nigéria nas oitavas de final, garantindo a classificação apenas na disputa de pênaltis (4×2), após empate sem gols no tempo regulamentar e na prorrogação.
Diante de uma Copa do Mundo que vem mostrando que favoritismo não ganha jogo, a Inglaterra voltou a tomar susto contra a Colômbia nas quartas de final, porque saiu atrás no placar de uma das principais sensações do torneio. Mas Hemp contou com uma falha da goleira Catalina Pérez para chegar ao empate e, depois, Alessia Russo marcou o gol da virada.
A Inglaterra garantiu a classificação, mas jogou sem um dos seus principais destaques no torneio. Autora de três gols e três assistências, a atacante Lauren James foi expulsa por pisar de forma proposital na nigeriana Alozie em um lance sem bola na partida anterior. Com dois jogos de suspensão, ela também não poderá atuar contra a Austrália na semifinal.
Ainda assim, a Inglaterra aposta no poder ofensivo que já marcou 10 vezes nos cinco jogos que disputou nesta Copa, aliado à defesa sólida, que foi vazada apenas por duas vezes. É uma seleção que reúne muita organização tática sob o comando de uma das melhores treinadores do mundo com um elenco muito técnico e forte fisicamente.
Esta é a sexta participação da Inglaterra em Copas do Mundo, sendo a terceira vez que chega às semifinais de forma consecutiva. Em 2019, perdeu para os Estados Unidos e, depois, acabou derrotada para a Suécia na disputa de terceiro lugar. Em 2015, foi derrota pelo Japão na semifinal, mas depois venceu a Alemanha, garantindo a melhor campanha no torneio: a terceira colocação. Será que chegou a vez de as Lionesses coroarem a grande evolução do futebol feminino no país com um título mundial?
INGLATERRA (escalação provável)
Earps; Jess Carter, Bright e Greenwood; Lucy Bronze, Walsh, Stanway, Toone e Daly; Hemp e Alessia Russo.
Técnica: Sarina Wiegman.
Desempenho nesta Copa:
Inglaterra 1 x 0 Haiti – fase de grupos
Inglaterra 1 x 0 Dinamarca – fase de grupos
China 1 x 6 Inglaterra – fase de grupos
Inglaterra (4) 0 x 0 (2) Nigéria – oitavas de final
Inglaterra 2 x 1 Colômbia – quartas de final
Participação em Copas: seis
1995 – quartas de final (perdeu para Alemanha: 3 x 0)
2007 – quartas de final (perdeu para Estados Unidos: 3 x 0)
2011 – quartas de final (perdeu para França, nos pênaltis)
2015 – terceiro lugar (melhor campanha) *primeira edição com oitavas
2019 – quarto lugar