Por Roberta Nina Cardoso e Maíra Nunes
A eliminação precoce do Brasil na Copa do Mundo de 2023 completou uma semana na última quarta-feira (09). A campanha frustrante pressionou a CBF por uma decisão em relação à continuidade da técnica Pia Sundhage, que tem vínculo com a seleção brasileira até agosto de 2024, no fim da Olimpíada de Paris.
Apesar de avanços consideráveis na preparação da seleção brasileira sob comando da sueca, os resultados em grandes competições foram decepcionantes. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021, o Brasil caiu nas oitavas de final para o Canadá, sendo eliminado nos pênaltis. Agora, no Mundial, a equipe sequer avançou da fase de grupos, vivendo a pior campanha dos últimos 28 anos.
O portal GE.Globo divulgou que a CBF irá definir na próxima semana com quem ficará o comando da seleção feminina e, segundo a reportagem, a permanência de Pia no cargo é improvável.
Desde a eliminação na Copa, alguns nomes passaram a ser cogitados para assumir a função, mas analisando de maneira justa o cenário do futebol feminino do país, o nome de Arthur Elias é o mais cotado e o que mais tem força no mercado. E nós vamos explicar o motivo.
Multicampeão e referência na modalidade
A trajetória de Arthur Elias no futebol feminino começou lá atrás, em 2006, em um projeto da Universidade de São Paulo (USP), onde passou três anos estudando as características de jogadoras. Em 2009, teve sua primeira experiência como treinador no Nacional-AC. Em pouco tempo, recebeu convite para ser supervisor de futebol feminino do Centro Olímpico e, depois, já como treinador da equipe, conquistou seu primeiro título nacional: foi campeão do Brasileirão de 2013 com a equipe.
Em 2016, assumiu o Audax em parceria com o Corinthians e foi campeão da Copa do Brasil. No ano seguinte, o time conquistou a Libertadores. A parceria foi encerrada em 2018, mas Arthur Elias seguiu como técnico do Corinthians e não parou de colecionar títulos.
Treinador do Corinthians desde 2016, Arthur Elias é um dos grandes responsáveis pelo sucesso do projeto de resgate do futebol feminino no clube. Sob seu comando, o time virou a principal referência da modalidade na América do Sul: em sete anos de trabalho, o Corinthians de Arthur conquistou 14 títulos: 3 Libertadores, 4 Brasileiros, 1 Copa do Brasil, 2 Supercopas e 4 Campeonatos Paulista. O contrato com o time paulista é válido até o fim deste ano.
Com experiência em gestão e montagem de elenco, o treinador é o nome mais cotado para assumir a seleção – e não é de agora. O técnico de 41 anos declarou recentemente que está preparado para assumir a seleção brasileira. “Não é o momento de ficar falando sobre seleção, que está sob o comando da Pia ainda e vem de um resultado muito ruim. Mas claro que estou preparado. Trabalho há muitos anos no futebol feminino e, não apenas isso, sou treinador de futebol há 17, 18 anos, com uma mesma comissão, que a cada ano avalia e evolui o trabalho”, respondeu Arthur Elias, após ser questionado sobre o assunto no programa “Apito Final”, da Band, no último domingo (06).
Em 2021, o treinador também chegou a declarar que gostaria de treinar uma equipe masculina. “A minha ideia é sim treinar o futebol masculino, é um objetivo meu. Tive alguns convites e talvez não demore muito. A gente está falando de capacidade de liderança, de gestão, de conhecimento técnico para conduzir o planejamento e execução dos treinamentos. Vejo que eu estou preparado para qualquer desafio que me apareça”, declarou o comandante.
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Analisando o que o treinador brasileiro não possui é experiência internacional, com exceção da vivência na Copa Libertadores. De qualquer forma, o nome de Arthur chegou a ser cotado para suceder o Vadão na seleção feminina em 2019. Mas a CBF optou pela sueca Pia Sundhage por toda a bagagem e histórico campeão que a sueca tem na modalidade.
Outros nomes correm por fora
Em algumas reportagens, nomes como o de Jonas Urias (treinador da Seleção Feminina Sub-20), Rosana Augusto (treinadora do Red Bull Bragantino), Simone Jatobá (treinadora da Seleção Feminina Sub-17), Tatiele Silveira (treinadora do Colo-Colo) e Emily Lima (treinadora da Seleção Peruana) chegaram a ser indicados para assumir o posto de Pia. E, neste cenário, acreditamos que os nomes de Jonas e de Rosana são os mais plausíveis, seja pra assumir o comando técnico ou para compor uma comissão técnica da Seleção principal
Conhecimento em formação de base e troca com a equipe principal
Jonas Urias tem 34 anos e comanda a Seleção Sub-20 na CBF desde 2019 e, sob seu comando, a equipe conquistou o título do Campeonato Sul-Americano e a medalha de bronze na Copa do Mundo da categoria em 2022.
Neste ano, ele teve a oportunidade de integrar a delegação da seleção principal comandada por Pia Sundhage e participar da Copa do Mundo Feminina como observador técnico dos adversários do Brasil na competição disputada na Austrália e Nova Zelândia.
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Jonas começou a carreira como treinador das categorias de base do Centro Olímpico, clube que é referência nacional na formação de jogadoras de futebol e, em 2016, assumiu a equipe principal. No ano seguinte, foi técnico do Sport, onde trabalhou até assumir a seleção feminina sub-19, que depois de uma reformulação tornou-se sub-20.
Durante o ciclo à frente da seleção de base, Jonas Urias apresentou bons resultados, mesmo tendo uma pandemia no percurso. No ano passado, a equipe comandada por Jonas Urias teve 100% de aproveitamento na conquista do Sul-Americano sub-20: venceu os sete jogos disputados. A campanha que rendeu pódio no Mundial da categoria, com vitória sobre a Holanda na disputa pelo terceiro lugar, também rendeu destaque ao treinador, já que o Brasil não alcançava um resultado como esse desde 2006.
E uma das melhores contribuições de Jonas Urias à frente da seleção sub-20 certamente foi o trabalho de preparar promessas para o futuro, algumas delas já para o presente, casos de Lauren e Bruninha, que integraram a seleção principal nesta Copa do Mundo.
Atleta multicampeã e vasta experiência internacional
Rosana Augusto tem 41 anos, comanda o Red Bull Bragantino há um ano e meio e, recentemente, conquistou o título da Série A2 do Brasileirão Feminino. A campanha que também rendeu uma vaga na elite ao clube contou com 82% de aproveitamento (10 vitórias, dois empates e apenas uma derrota). O time também disputa o Campeonato Paulista, em que está na sexta colocação, com 13 pontos (4 vitórias, 1 empate e 3 derrotas).
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Rosana assumiu o Bragantino no início de 2022, temporada em que o clube disputou a Série A1 do Brasileiro e acabou rebaixada. Ainda assim, o clube a manteve no comando do time, que voltou a ser campeão da segunda divisão e ganhou o direito de retornar à elite em 2024. A treinadora tem expectativas de reforçar o elenco para o campeonato, mas o contrato dela com o clube é até janeiro do ano que vem.
O Red Bull Bragantino é somente o segundo trabalho de Rosana como treinadora. A primeira experiência foi logo após a aposentadoria como jogadora, aos 38 anos, no início de 2021. No ano seguinte, assumiu o comando do Athlético-PR, pelo qual conquistou o título paranaense e chegou até as quartas de final do Brasileiro A2, quando foi eliminado justamente pelo o Bragantino, batendo na trave por uma vaga na elite.
Rosana leva para a função de treinadora a experiência de mais de 20 anos como jogadora, sendo 18 deles defendendo a Seleção Brasileira. Rosana foi medalhista olímpica nos Jogos de Atenas-2004 e Pequim-2008 e disputou quatro Copas do Mundo, sendo vice-campeã em 2007.
Em 2019, foi condecorada como Lenda pela Fifa, Rosana também atuou pelos principais clubes do mundo como Sky Blue e North Carolina Courage (EUA), Santos, São Paulo, Corinthians, Internacional e São José (SP), Lyon e PSG (FRA) e Avaldsnes IL (NOR).
Mas, antes mesmo de se aposentar como atleta, Rosana concluiu vários cursos na Universidade do Futebol. Em 2013, terminou uma especialização em treinamentos de base pela UEFA, tirou as licenças A, B e Pró da CBF entre 2018 e 2019 e tem cursos de Gestão (pela Conmebol e FPF)
2 respostas
Bom, nao sabemos quem sera melhor entre Urias e Elias que estao ao menos rimando bem.
O do corinthians tem a facilidade de o time ter mais investimento que os outros no feminino brasileiro. Nao é o suficiente.
A CBF tem que dar um ”Thank you very much” logo a Pia pelos serviços prestados mas é ora de jogar o marco do objetivo para a frente.
De preferencia com Urias.
onde está escrito ”ora” , leia-se ‘hora’.