Foto: Getty Images
Um ano atrás, a atacante Asisat Oshoala questionou: “Quem disse que a Nigéria não pode ganhar a Copa?”
Estrela do Barcelona e eleita a melhor jogadora da África no ano passado pela 5ª vez, Oshoala começa a ver o público do restante do mundo encarar com outros olhos o futebol nigeriano.
A Nigéria é um dos grandes destaques do início dessa Copa do Mundo. A seleção segurou um empate sem gols contra o Canadá, atual campeão olímpico, na primeira rodada. E venceu a Austrália de virada, por 3 a 2, diante de quase 50 mil torcedores no Brisbane Stadium nesta quinta-feira (27). O resultado garantiu a liderança do Grupo B ao país.
Aos 28 anos, Oshoala foi a autora do terceiro gol da vitória nigeriana e tornou-se a primeira jogadora africana a marcar em três Mundiais consecutivos. E olha que ela só entrou no jogo aos 19 minutos do segundo tempo, por ter passado por uma lesão recentemente.
Considerada a Rainha da África, Oshoala disse ao site da Fifa que havia boas representantes da África na Copa do Mundo: “Os resultados são decididos dentro de campo; E o futebol às vezes é um jogo de sorte”.
A Nigéria joga com a experiência no torneio a seu favor. O país é um dos cinco que disputaram todas as nove edições da Copa do Mundo feminina, desde 1991, ao lado de Brasil, Estados Unidos, Alemanha e Suécia.
A própria Oshoala está no terceiro Mundial da carreira e sonha levar sua equipe longe, assim como fez na Copa do Mundo Sub-20 de 2014. Na ocasião, a Nigéria chegou na final, que foi decidida apenas na prorrogação contra a então bicampeã mundial Alemanha. Oshoala ainda terminou como artilheira, com 7 gols, e eleita a melhor da competição.
Em 2015, a atacante nigeriana se tornou a primeira jogadora africana a atuar na primeira divisão da Inglaterra quando defendeu o Liverpool. Na Inglaterra, recebeu o apelido de “Seedorf nigeriana” pela semelhança com a estrela holandesa, e também atuou pelo Arsenal. Oshoala ainda conquistou dois títulos da liga nacional na China antes de chegar ao Barcelona, em 2019.
Os dois títulos da Champions League conquistados pelo Barça em 2020/21 e 2022/23 terminou de consolidar o clube catalão como protagonista mundial também no futebol feminino. Crescimento que passa pelos pés artilheiros de Oshoala, autora de mais de 100 gols nas quatro temporadas com o time.
Mas o histórico da seleção nigeriana adulta na Copa do Mundo não é dos mais animadores. A melhor campanha da seleção no torneio foi a 7ª colocação, em 1999. Desde então, só conseguiu avançar da fase de grupos na última edição, ainda assim, entre as melhores terceiras colocadas.
A Nigéria chegou à Copa do Mundo de 2023 como a número 40 do ranking da FIFA, enquanto Canadá e Austrália figuram no Top 10 e até a estreante Irlanda – que não somou nenhum ponto e não tem mais chances de classificação – ocupa a 22ª posição.
Mais do que nunca, a Nigéria tem perspectivas palpáveis de melhorar esse cenário.
Pela terceira rodada da Copa do Mundo, a Nigéria volta a campo para encarar a Irlanda na segunda-feira (31), às 7h (de Brasília). No mesmo dia e horário, Canadá e Austrália se enfrentam com as donas da casa dependendo de uma vitória para avançarem às oitavas de final e se manterem vivas na primeira Copa do Mundo sediada na Oceania. Há a possibilidade de a atacante Sam Kerr, estrela australiana, enfim estrear no Mundial após desfalcar a equipe nos dois primeiros jogos devido uma lesão na panturrilha.