Brasileirão feminino tem estreia tardia na Globo, mas alcança 27,5 milhões de pessoas

TV Globo exibiu três jogos das quartas-de-final; campeonato teve grande crescimento de audiência com relação a 2022.

O Campeonato Brasileiro feminino, enfim, chegou às telas da TV Globo. A emissora de maior alcance do país começou a exibir os jogos em TV aberta apenas a partir da fase mata-mata no último domingo (18), após ter adquirido parte dos direitos de transmissão da competição neste ano. Apesar da demora – e de não ter exibido nenhum jogo da primeira fase -, o resultado não poderia ser diferente. Os jogos transmitidos às 16h de um domingo – horário que torcedores são acostumados a assistir ao futebol masculino – fizeram a modalidade feminina chegar a milhões de pessoas, resultando em um crescimento significativo de audiência.

Os três jogos de ida das quartas de final exibidos simultaneamente na TV Globo alcançaram um total estimado de 27,5 milhões de pessoas, entre 16h e 18h.

Em São Paulo, o empate entre São Paulo e Palmeiras, por 1 a 1, registrou 13 pontos de audiência, sendo que 25% dos aparelhos da capital paulista ligados no horário do jogo estavam sintonizados na TV Globo. O alcance representa 9 pontos a mais do que o melhor índice registrado pela Band no ano passado, quando a emissora atingiu 4 pontos (e 9% de participação nas televisões ligadas) na final do Brasileirão de 2022, em que o Corinthians sagrou-se campeão sobre o Internacional.

Já no Rio de Janeiro, a TV Globo optou por transmitir a vitória do Santos sobre o Flamengo, por 3 a 1, partida que chegou a 14 pontos de audiência (com picos de 17 pontos) e 26% de participação nos aparelhos ligados. O número representou um aumento de 13 pontos de audiência em relação ao 1 ponto, em média, que a Band teve de audiência com a exibição da segunda fase do torneio entre os cariocas no ano passado. 

Os 13 pontos de audiência em São Paulo e os 14 pontos, no Rio de Janeiro, pelos primeiros jogos das quartas de final do Brasileiro feminino no último domingo também superam a audiência da Supercopa feminina exibida pela própria TV Globo, em fevereiro deste ano. Na ocasião, a decisão entre Corinthians e Flamengo teve 11 pontos de audiência tanto na capital paulista quanto na carioca. 

Foto: Staff Images Woman

Além disso, a audiência da Globo no domingo subiu durante os jogos do Brasileiro Feminino em relação ao que marcava antes de eles começarem. Portanto, o crescimento do alcance da modalidade fica evidente a cada nova exibição. Mas a média do futebol feminino, evidentemente, ainda é mais baixa do que jogos importantes do futebol masculino.

Portais compararam a audiência dos primeiros jogos do Brasileirão feminino exibidos na TV Globo com o jogo masculino entre São Paulo e Palmeiras da semana anterior, que teve 23 pontos de audiência e 42% de share, no mesmo horário. Essa é uma comparação, no mínimo, desleal. Porque quer equiparar o futebol masculino, que já é um produto consolidado no país, com os jogos sendo debatidos e divulgados à exaustão o tempo todo pelas variadas mídias, jornais e programas esportivos, com um produto recente que está começando a ter visibilidade agora.

O futebol feminino chegou a ser proibido por lei no Brasil por quatro décadas. A primeira Copa do Mundo feminina oficial foi realizada em 1991, 60 anos depois da primeira Copa masculina. É inegável que não se compara a história de um com a história de outro. São contextos distintos, condições de crescimento distintas. Enquanto o futebol masculino nunca encontrou barreiras pra se desenvolver, o futebol feminino enfrenta resistência até hoje – por muito tempo, os torneios não eram exibidos na TV, nem se falava nada sobre eles na mídia esportiva.

O argumento era que “ninguém queria ver”. Mas como era possível ter essa certeza se nunca haviam colocado de fato os jogos na TV pra ter essa resposta? Na Copa do Mundo feminina de 2019, por exemplo, o Brasil bateu recorde mundial de audiência com os jogos exibidos aqui. Foram mais de 30 milhões de pessoas assistindo a Brasil x França, pelas quartas de final, e à final entre EUA e Holanda teve mais gente assistindo no Brasil do que nos Estados Unidos. Será mesmo que ninguém no Brasil tem interesse em ver as mulheres jogarem futebol?

Histórico do Brasileiro feminino na TV

Em 2018, o Brasileiro feminino não contou com transmissão dos jogos na televisão (aberta nem fechada), porque perdeu a única patrocinadora que tinha desde 2013, a Caixa Econômica Federal. Em 2019, o torneio nacional chegou à TV aberta pela Band, e a modalidade sofreu um boom com a Copa do Mundo no meio daquele ano. 

Agora, às vésperas de mais um Mundial, o principal torneio nacional das mulheres dá mais um passo importante para a popularização. Chegar à TV Globo representa uma chance de massificar o futebol feminino entre clubes. Claro que poderia ser melhor, se a TV aberta tivesse exibido antes os jogos da primeira fase e se a CBF tivesse se preocupado em garantir a exibição de todos os jogos, seja na TV aberta, fechada ou streaming, como aconteceu em edições anteriores. No fim, porém, o Grupo Globo restringiu a transmissão da primeira fase a dois jogos por rodadas no canal por assinatura, enquanto as outras partidas ficaram na dependência dos clubes disponibilizarem alguma transmissão. Acabou que seis jogo do campeonato ficaram “às cegas”, sem nenhum tipo de exibição.

“As pessoas estão comparando audiência de um produto que passa na televisão no mesmo horário desde 1500 e com inúmeros estímulos diferentes com outro que começou a passar ontem e com 5% dos estímulos. Beira a questão de caráter a parada”, criticou a comentarista Ana Thaís Matos, no Twitter. “Pois é, e a canalhice de comparar audiência do masculino com feminino é bizarra, porque é óbvio que não vai ser igual. A comparação tem que ser o crescimento da audiência do futebol feminino com o futebol feminino. E foi maior que a Supercopa e maior que na Band”, completou.

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