Foto: Lucas Magalhães
A seleção brasileira feminina de vôlei estreia na segunda etapa da Liga das Nações (VNL) contra a Coreia do Sul, nesta quarta-feira (14), às 21h, no ginásio Nilson Nelson, em Brasília. Dois dias antes, porém, a ponteira Ana Cristina torceu o joelho direito e os primeiros exames apontaram uma lesão no menisco que a deixará fora dos jogos em solo brasileiro. Diante da terceira baixa em menos de duas semanas do início da competição, o técnico José Roberto Guimarães voltou a criticar o calendário internacional.
“O calendário está cruel, está muito difícil. A Federação Internacional tem que prestar atenção nisso, porque não dá para continuar dessa maneira. As jogadoras saírem da Superliga e dos campeonatos nacionais dos países onde elas estão jogando para entrar direto em uma Liga das Nações”, cobrou Zé Roberto. O treinador critica o tempo extremamente curto de preparação e alerta para o desgaste causado às jogadoras.
No Brasil, a Superliga feminina terminou em 7 de maio, mas tanto Praia Clube quanto o Minas Tênis Clubes jogaram até dia 14, quando disputaram a decisão do Sul-Americano de clubes. Duas semanas depois, jogadoras que atuaram nessas decisões, como a central Carol, a ponteira Tainara e a oposta Kisy, já estavam na cidade de Nagoia, no Japão, com a seleção para a primeira etapa da Liga das Nações. Fora do Brasil, as ligas de clubes acompanharam o mesmo calendário.
“Isso é muito danoso para o físico das jogadoras. A gente tem que ter muita atenção, haja vista as coisas que estão acontecendo, mesmo tentando preservá-las e tentando diminuir drasticamente o nosso ritmo, como estamos fazendo”, advertiu o técnico tricampeão olímpico.
Ana Cristina se junta à ponteira Gabi Guimarães nos desfalques para esta etapa da VNL. A capitã da seleção se recupera de dores no joelho esquerdo e tem previsão de retornar às competições na última etapa da fase de classificação, na Tailândia.
Ainda assim, Gabi se juntou ao grupo nesta segunda etapa da Liga das Nações e faz atividades com bola sem poder saltar. Gabi jogou o último jogo pelo Vakifbank, da Turquia, no dia 20, quando foi campeã da Champions League. Assim como ela, algumas atletas da seleção não viajaram para a primeira etapa da competição no Japão e ficaram treinando no centro de Saquarema. Outras se apresentaram mais tarde, como a central bicampeã olímpica Thaísa, que retornou à seleção depois de cinco anos no último dia 24.
Zé Roberto tratou cada convocada individualmente e com precaução para evitar agravar lesões de atletas que terminaram a temporada de clubes sentindo algum tipo de desconforto. A levantadora Roberta Ratzke, por exemplo, encerrou a temporada no vôlei polonês em 13 de maio e precisou cuidar do joelho na primeira semana da VNL.
“Não é de hoje que a gente vem falando nesse calendário e, a cada ano que passa, ele tem piorado. É um absurdo achar que as atletas vão conseguir manter o alto nível depois de dois ou três dias do fim da temporada de clubes, tendo que pegar avião e lidar com fusos horários”, critica Roberta.
“Obviamente que somos sempre muito focadas, nos cuidamos muito bem e tentamos não pensar nisso, mas temos visto muitas lesões acontecendo nessa primeira etapa da VNL. Isso é um absurdo. Os responsáveis deveriam repensar o calendário para ser, pelo menos, um pouquinho mais espaçoso. Não é uma questão de férias, mas do tempo de descanso”, desabafa a levantadora.
O rendimento de qualquer atleta tende a oscilar ao longo do ano, sendo natural haver queda na preparação física após um período de grande intensidade. Se não há tempo de recuperação após as fases finais das temporadas de clubes, tampouco há um respiro na temporada com a seleção.
A fase final da Liga das Nações será disputada de 16 a 23 de julho. Na sequência, a seleção feminina disputa o Sul-Americano de 19 a 23 de agosto e o Pré-Olímpico de 16 a 24 de setembro, no Japão, na China e na Polônia, valendo vaga para os Jogos de Paris, em 2024.
Busca por título inédito na Liga das Nações
Após três vice-campeonatos na Liga das Nações, a seleção brasileira feminina busca o primeiro título na competição. É verdade que a equipe comandada por Zé Roberto Guimarães bateu na trave nos últimos anos, mas a seleção brasileira feminina foi 12 vezes campeã do Grand Prix, competição disputada antes de ser substituída no calendário internacional pela VNL.
A estréia das comandadas por Zé Roberto na Liga das Nações deste ano foi com derrota para a China por 3 sets a 2, em 31 de maio. Depois, a equipe embalou e conquistou três vitórias, diante de Holanda, República Dominicana e Croácia, terminando a primeira semana na 5ª posição da classificação geral, com 10 pontos.
Nesta segunda etapa, o Brasil enfrenta Coreia do Sul, Sérvia, Alemanha e Estados Unidos, no ginásio Nilson Nelson, em Brasília. Todos os jogos tem transmissão do Sportv 2. Os ingressos para sábado e domingo já estão esgotados. Mas os bilhetes para o restante dos jogos estão à venda pelo site Eventim, na bilheteria do Ginásio Nilson Nelson das 10h às 22h e no Brasília Shopping.
Antes mesmo do primeiro jogo da seleção feminina na Liga das Nações, a central Lara foi cortada da seleção. A jogadora de 34 anos do Fluminense rompeu o ligamento do joelho em um jogo-treino contra o Japão e passará por cirurgia. Houve ainda o caso da Julia Kudiess, central do Minas que chegou a ser convocada, mas uma lesão na canela a obrigou a pedir dispensa da seleção.
Os dois desfalques para a etapa de Brasília não apresentam tamanha gravidade. Mas a ausência da caçulinha da seleção Ana Cristina, de 19 anos, será sentida no ataque brasileiro. Ela terminou a primeira etapa da Liga das Nações como a sétima maior pontuadora, com 78 pontos. Só no último jogo, Ana Cristina marcou 22 pontos na vitória sobre a Croácia por 3 sets a 0.
Na primeira etapa disputada no Japão, a seleção brasileira contou com as levantadoras Macris e Naiane, as opostas Kisy e Lorrayna, as ponteiras Maiara Basso, Júlia Bergmann, Ana Cristina e Tainara, as centrais Carol, Diana, Lara e Lorena e as líberos Natinha e Laís. Se juntaram ao grupo na etapa de Brasília, a levantadora Roberta, a central Thaísa, a oposta Rosamaria, a ponteira Pri Daroit.
O regulamento da Liga das Nações 2023 é igual ao da última temporada. Cada uma das 16 seleções disputará 12 jogos na primeira fase, sendo quatro partidas por semana. As sete equipes melhores colocadas na classificação geral avançam para a fase final, juntando-se aos anfitriões Estados Unidos, já classificados por sediar a etapa decisiva.
As 14 relacionadas do Brasil para 2ª etapa da VNL
- Levantadoras: Macris e Roberta
- Opostas: Lorenne e Kisy
- Ponteira/oposta: Rosamaria
- Ponteiras: Julia Bergmann, Maiara Basso e Pri Daroit
- Centrais: Carol, Diana, Lorena e Thaisa
- Líberos: Natinha e Nyeme
Agenda dos jogos do Brasil em Brasília
Quarta-feira, 14/06
21h – Brasil x Coreia do Sul
Quinta-feira, 15/06
21h – Brasil x Sérvia
Sábado, 17/06
14h – Brasil x Alemanha
Domingo, 18/06
10h – Brasil x Estados Unidos