Recordes de público no continente elevam expectativas para a Libertadores Feminina

A cidade de Quito, no Equador, está pronta para receber a Libertadores Feminina 2022 e o Brasil terá três representantes no torneio. Corinthians, Palmeiras e Ferroviária terão a oportunidade de aumentar a hegemonia brasileira no continente, que por enquanto é de dez títulos.

As 16 equipes classificadas foram divididas em quatro grupos e dentro deles, todas se enfrentam na primeira fase. Primeiros e segundos colocados avançam para o mata e em um único jogo o vencedor vai se garantindo até chegar à final. Em mais um ano, tudo isso deve ser decidido em apenas duas semanas de competição, com pouco descanso entre uma partida e outra. Resumindo: a organização ainda é bem diferente da masculina (teve um salto de 10 times participantes em 2009 para 16 dez anos depois).

Para a 14ª edição do torneio continental, a Conmebol anunciou ainda no fim da temporada passada o aumento da premiação, que não era reajustado desde 2019. O campeão receberá 1,5 milhão de dólares e o vice, 500 mil dólares. No ano passado, quando levantou o troféu pela terceira vez na sua história, o Corinthians arrecadou 85 mil dólares.

Times brasileiros

Corinthians

Por falar em Timão, as Brabas embarcaram logo após conquistarem mais uma vez o Campeonato Brasileiro Feminino (dessa vez em cima do Internacional). Entre as 20 relacionadas pelo técnico Arthur Elias (número limite permitido pela Conmebol), tem a volta da zagueira Erika, que foi justamente na Libertadores do ano passado que sofreu a lesão séria de joelho e precisou passar por cirurgia, Luana, reforço que ainda não estreou e a ausência de uma lateral-direita de ofício (sem Katiuscia e Paulinha).

Na sua quinta participação, o Corinthians não sabe o que é perder sequer um jogo de Libertadores Feminina (quando foi eliminado nas semis na temporada 2020, viu o América de Cali passar nas penalidades após 1 a 1 no tempo normal). Acumula até aqui 20 vitórias e três empates em 23 jogos, além de incríveis 92 gols marcados e 8 sofridos. Arthur Elias e suas comandadas chegaram em Quito na última quarta-feira (5).

Ferroviária

Campeã em 2020 (e 2015), a Ferroviária espera nesta sua quarta participação consecutiva ir mais longe do que foi na temporada passada, quando ficou com o terceiro lugar. À frente da equipe está a recém-chegada Jéssica de Lima, treinadora que assumiu o grupo no lugar de Robertinha.

As Guerreiras Grenás viajaram com oito dias de antecedência à sua estreia no torneio continental justamente para acostumar-se o mais rápido possível com os 2.850 metros de altitude do nível do mar que se encontra a cidade equatoriana. “Fazer com que essas meninas estejam cada vez mais próximas do ambiente que a gente vai enfrentar, já dentro de um país que tem condições atmosféricas totalmente diferentes da nossa, eu só consigo enxergar isso como uma preparação melhor do mundo. Acho que a Ferroviária acertou num primeiro momento com essa estrutura que trouxemos para cá”, comentou a técnica grená.

Palmeiras

Debutando na competição, o Palmeiras foi o último dos três representantes brasileiros a deixar o país rumo ao Equador. Na manhã desta terça-feira (11), a equipe palestrina viajou sem divulgar sua lista de relacionadas.

Vale lembrar que o clube perdeu recentemente sua dupla de zagueiras, titulares nas últimas temporadas. Agustina e Thaís se desligaram após polêmica na semifinal do Campeonato Brasileiro Feminino contra o Corinthians, quando sequer foram relacionadas. No plantel, apenas Day Silva e Carolzinha (jovem de 19 anos) fazem a função de ofício. Júlia Bianchi também joga por ali improvisada.

+ LIBERTADORES: CORINTHIANS, FERROVIÁRIA E PALMEIRAS TENTAM MANTER HEGEMONIA BRASILEIRA NO TORNEIO

Expectativa com as outras equipes

Já falamos dos três representantes brasileiros, país com o maior número de times nesta edição. Na sequência vem Paraguai (Olimpia e Libertad Limpeño), Colômbia (Deportivo Cali e América de Cali), Chile (Universidad de Chile e Santiago Morning) e Equador (Club Ñañas e Independiente Dragonas) com dois times cada.

Bolívia (Always Ready), Argentina (Boca Juniors), Uruguai (Defensor Sporting), Peru (Alianza Lima) e Venezuela (Deportivo Lara) chegam com uma equipe cada.

Chile (com o Colo-Colo em 2012), Paraguai (com o Sportivo Limpeño em 2016) e Colômbia (com o Atlético Huila em 2018) foram os únicos países que conseguiram se enfiar dentro da hegemonia brasileira e vencer a Libertadores Feminina. Muito forte na temporada passada ficando com o vice, o Santa Fé, da Colômbia, não está nesta edição.

O Palmeiras tem no seu grupo C o Universidad de Chile, que venceu a competição chilena da temporada passada de forma invicta. Já o Corinthians, no grupo A, tem como adversário o Deportivo Cali, que chegou às quartas no ano passado, mas parou no Nacional. Aliás, o time colombiano tem uma importante baixa: Linda Caicedo, jovem de 17 anos que chegou à final da Copa América 2022 com seu país, está neste momento servindo a seleção Sub-17 no Mundial da categoria.

Linda Caicedo, baixa na equipe do Deportivo Cali (Foto: Conmebol)

No grupo B, da Ferroviária, há o mais recente campeão equatoriano, o Club Ñañas. E para fechar, o que promete ser o mais competitivo grupo D, que além de ter o América Cali de Catalina Usme (uma das maiores artilheiras da Libertadores Feminina com 29 gols), conta com dois recém campeões nacionais: o Deportivo Lara na Venezuela e o Alianza Lima, bicampeão no Peru.

Momento de evolução do futebol feminino no continente

Está muito bonito de acompanhar o movimento que passa o futebol de mulheres mundo afora. Se por aqui o Brasil sobra no nível técnico, os outros países do continente andam representando nas arquibancadas.

No dia 5 de junho de 2022 a Colômbia viu 37.100 torcedores irem ao Estádio Pascual Guerrero para ver o América de Cali vencer o Deportivo Cali por 3 a 1 e ficar com o bicampeonato nacional. Foi o novo recorde de público da modalidade no país, já que em 2017 o Santa Fé colocou mais de 33 mil torcedores no “El Campín”, em Bogotá, na conquista do seu primeiro título nacional diante do Huila.

O feito na Colômbia era recorde, inclusive, continental. Até que na final do Brasileiro Feminino deste ano entre Corinthians e Internacional, 41.070 torcedores lotaram a Neo Química Arena e estabeleceram um novo marco.

Mais recente, o Alianza Lima teve o terceiro maior público do futebol feminino na América do Sul em 2022 ao colocar mais de 30 mil torcedores no Estádio Alejandro Villanueva (casa do clube). A força da torcida peruana empurrou o time rumo ao bicampeonato (e a classificação para a Libertadores).

Transmissão

Neste ano o SporTV terá os direitos de transmissão da Libertadores Feminina. Há a possibilidade de a Globo entrar na jogada caso as equipes brasileiras avencem para semis e final.

Além do canal fechado, a Pluto TV, serviço de streaming gratuito da Paramount, exibirá o campeonato pela primeira vez para a América Latina. Ainda não há informações sobre a venda de ingressos para as partidas.

A Libertadores Feminina acontece entre os dias 13 e 28 de outubro e veremos se assim como aumentou a premiação, subiu também o nível competitivo do torneio. A diferença técnica dos times brasileiros para os outros do continente segue grande e cabe à Conmebol estruturar a competição com seriedade e compromisso para, quem sabe, um dia a competição se aproximar da organização de uma Eurocopa Feminina.

As estreias dos brasileiros 

Quinta-feira (13), às 19h15: Corinthians x Deportivo Cali (COL) e Ferroviária x Club Ñañas (EQU)
Sexta-feira (14), às 19h15: Palmeiras x Sportivo Limpeño (PAR)

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