A final entre Palmeiras e Corinthians pela temporada atual do Brasileirão Feminino é um marco na história da modalidade aqui no Brasil. Se por torneios estaduais os dois times já se enfrentaram no passado, pelo nacional não há registros do Dérbi.
O feito inédito mexe com os ânimos não só de quem estará em campo duelando pelo título, mas também de quem ajudou a construir essa estrada e de quem faz parte do crescimento do futebol das mulheres. No cargo de coordenadora de competições femininas da CBF há pouco mais de um ano, Aline Pellegrino comentou sobre o momento histórico vivido pela modalidade.
“Talvez leve mais cinco, dez anos para acontecer um Dérbi numa final novamente, então a história do futebol feminino de fato começou a ser contada, as pessoas estão acompanhando e a gente vê isso. Nesse momento é simbólico, é histórico e acredito que a gente está conseguindo dar o peso de importância, de visibilidade que merece porque talvez, realmente, demore muito tempo para acontecer novamente”, disse a dirigente.
Para Aline, a tendência é que a cada ano o Campeonato Brasileiro Feminino supere as edições anteriores a nível de competitividade e crescimento. “Eu acho que é a maior final da história e não é especificamente pela chegada desses dois clubes. Eu acho que é o processo de desenvolvimento, são nove anos de competição, então ano passado foi melhor que 2019, que foi melhor que 2018, então essa crescente é natural, está acontecendo de forma exponencial. Tenho certeza de que ano que vem, independentemente dos clubes finalistas, o campeonato vai ser maior, a final vai ser mais grandiosa”, analisou Pelle.
Se hoje a ex-capitã da Seleção Brasileira trabalha para que o futebol feminino no Brasil tenha o reconhecimento e o espaço que merece é porque no seu tempo de jogadora ela sentiu na pele o descaso e a falta de oportunidade às meninas e mulheres. E esse descaso passou também pela falta de registros de partidas históricas, como as que vão acontecer nessas finais.
“Eu acho que isso mostra o quanto a gente precisava ocupar os espaços. É triste, é ruim saber que teve uma história que a gente não consegue contar, que aconteceu e que a gente não consegue buscar e resgatar. Mas, dentro desses nove anos foram quatro jogos, duas vitórias do Corinthians, dois empates, então acredito também que a gente tem que estar sempre olhando para frente. Olhar para o passado hoje no futebol feminino nos mostra o que a gente tem que fazer diferente, e não ficar preso no que deixou de acontecer”, ressaltou Aline.
Yessss! 30 minutos to go! https://t.co/iIwhEJdott
— Pia Sundhage (@PiaSundhage) April 17, 2021
Quem também ganha com tamanha competitividade é a Seleção Brasileira com cada vez mais jogadoras que atuam no país defendendo a camisa verde e amarela. Acompanhando de perto o Brasileirão Feminino desde que desembarcou no Brasil para assumir o time nacional, a técnica Pia Sundhage também demonstrou empolgação com o Dérbi.
“Essa rivalidade é contagiosa. Já deu para sentir o tamanho desse jogo com tudo o que estão falando, com o que estamos vendo aqui. É contagioso. E é impressionante o que esse campeonato cresceu nos últimos dois anos. Eu olho para o primeiro jogo que vi em 2019 e olho para os jogos de hoje, é impressionante a diferença! Parece outro campeonato. O futebol feminino está se desenvolvendo muito por aqui e é muito legal acompanhar isso de perto”, pontuou a comandante.
O primeiro jogo entre Palmeiras e Corinthians valendo a taça do Brasileirão acontece neste domingo (12), às 21h no Allianz Parque, com transmissão de Band, Sportv e Tik Tok da CBF e do Desimpedidos. A volta está marcada para o dia 26 de setembro, às 20h, na Neo Química Arena.