7 fatos sobre a participação das mulheres nos Jogos Paralímpicos

Os Jogos Paralímpicos de Tóquio começaram oficialmente nesta terça-feira com a Cerimônia de Abertura e já nos emocionaram com os brasileiros Evelyn de Oliveira e Petrúcio Ferreira carregando a bandeira brasileira no Japão. Ela, campeã paralímpica da bocha em 2016, ele considerado o homem mais rápido do mundo no esporte paralímpico, comandaram uma delegação simbólica do Brasil na cerimônia por conta dos cuidados com a Covid-19.

Esta é a 16ª edição dos Jogos Paralímpicos, uma competição que começou apenas em 1960, mas que o Brasil já tem grande destaque como uma potência do esporte paralímpico. Em 2016, o país ficou em oitavo no quadro de medalhas conquistando 72 pódios, e a expectativa para Tóquio não é muito diferente. Com 260 atletas, o Brasil levou sua maior delegação para uma edição dos Jogos fora de casa.

Mas assim como acontece no esporte olímpico, em que as mulheres enfrentam muitos obstáculos para conquistar espaço, no esporte paralímpico não é diferente. Ainda há mais dificuldade de acesso à prática esportiva para as mulheres com deficiência no mundo inteiro. No entanto, nos últimos anos, houve um crescimento, tanto da participação feminina brasileira nos Jogos Paralímpicos, quanto da participação delas no mundo todo.

Reunimos aqui alguns fatos históricos das mulheres na história paralímpica:

1- Em Tóquio, serão 96 mulheres na delegação brasileira (36% dos atletas)
O Brasil viajou para Tóquio com 260 atletas paralímpicos. As mulheres representam 36% da delegação, com 96 participantes. O número bruto é um pouco menor do que o da Rio-2016, mas a porcentagem é a segunda maior da história.

A diferença do número de homens e mulheres da delegação brasileira tem diminuído desde 2004. Naquela ocasião, o Brasil viajou para Atenas com apenas 23 mulheres – em 98 atletas no total (ou seja, elas foram 23% da delegação).

Em 2008, o Brasil mais do que dobrou a participação feminina levando 55 mulheres a Pequim, depois foi com 69 mulheres a Londres e finalmente teve mais de 100 em 2016.

Divulgação CPB

2- A maior participação feminina da história do Brasil nos Jogos Paralímpicos foi na Rio-2016
Na Rio-2016, o Brasil teve número recorde de mulheres nos Jogos Paralímpicos. Foram 102 representantes em 290 atletas. Essa foi a maior participação feminina da história do país nos Jogos – o que é natural, já que, como país-sede, o Brasil teve vagas na competição.

Em relação à porcentagem, porém, essa não foi a melhor participação feminina do Brasil. Elas representaram 35,17% da delegação, número mais baixo do que o de quatro anos antes, em Londres.

Seleção feminina de vôlei sentado no pódio da Rio-2016 (Foto: CPB)

3- Em Londres-2012, o Brasil teve a menor diferença da delegação entre homens e mulheres
Nos Jogos Paralímpicos de Londres, o Brasil teve 69 mulheres e 113 homens na delegação brasileira. Essa foi a menor diferença da história do país na competição. Elas representaram 37,91% dos atletas brasileiros e conquistaram 21% das medalhas (nove de 41).

4- A primeira participação de mulheres brasileiras nos Jogos Paralímpicos aconteceu em 1976
A primeira edição dos Jogos Paralímpicos aconteceu em 1960. No entanto, a primeira participação de mulheres brasileiras na competição demorou um pouquinho mais. Somente em 1976 tivemos representantes femininas nos Jogos.

Foram apenas duas representantes: Beatriz Siqueira, na natação e no lawn bowls (disputa parecida com a bocha, só que praticada na grama), e Maria Alvares, no atletismo e tênis de mesa.

No entanto, não houve evolução na edição seguinte dos Jogos – aliás, pelo contrário. Em 1980, o Brasil não levou nenhuma mulher para os Jogos Paralímpicos – foram 14 atletas (todos homens) na delegação.

Só que quatro anos depois, viria o ápice para elas. As primeiras medalhas e o primeiro recorde.

 

5- Em 1984, as mulheres conquistaram pela primeira vez a maioria dos pódios brasileiros
Elas nunca foram maioria na delegação brasileira nos Jogos Paralímpicos, mas já chegaram a ser maioria em número de medalhas conquistadas. Um desempenho fora de série das mulheres brasileiras foi visto em 1984.

Eram apenas seis representantes femininas em uma delegação com 29 atletas. E das sete medalhas conquistadas pelo Brasil naquela edição dos Jogos Paralímpicos, cinco vieram de mulheres. Foi a primeira vez que elas subiram no pódio paralímpico representando o Brasil – e logo com um número recorde.

Anote aí o nome dessas pioneiras: Márcia Malsar, Amintas Piedade, Anelise Hermany e Miracema Ferraz, que competiram no atletismo, e Maria Jussara Mattos, que conquistou pódio na natação.

Essa foi a primeira e única vez até aqui que as mulheres conquistaram a maioria dos pódios brasileiros nos Jogos. Mas o maior número de medalhas conquistadas por elas até aqui veio em 2016, com 30 pódios femininos.

6- A maior medalhista feminina da história do Brasil nos Jogos é Ádria dos Santos
Ninguém supera o fenômeno de Ádria dos Santos. Entre as mulheres, ela é a maior medalhista brasileira da história dos Jogos Paralímpicos. Entre Seul-1988 e Pequim-2008, a velocista da classe T11 conquistou 13 pódios (quatro ouros, oito pratas e um bronze).

Ela perdeu a visão devido a uma doença genética e descobriu o esporte paralímpico aos 13 anos. Com 14, já estava ganhando sua primeira medalha nos Jogos de Seul. Especialista nos 100m, 200m e 400m rasos, ela deu muitas alegrias ao Brasil e sempre contagiou a torcida com sua alegria nas pistas.

Foto: CPB

7- Jogos Paralímpicos de Tóquio terão participação histórica das mulheres
A baixa participação feminina no esporte paralímpico é uma questão de atenção inclusive para o Comitê Paralímpico Internacional (IPC). A média do número de mulheres nos Jogos dificilmente passava dos 30% ou um pouco mais do que isso. Nesta edição de Tóquio, há um novo recorde: as mulheres representam 40% dos atletas paralímpicos no Japão. O objetivo ainda é chegar aos 50%.

Vale lembrar que, no Brasil, as mulheres representam a maioria da população com deficiência (54%), mas ainda não têm o mesmo acesso que os homens à prática esportiva.

Agora que você já se inteirou sobre a participação feminina nos Jogos Paralímpicos, vale lembrar o recado da medalhista paralímpica e atual comentarista do Sportv, Verônica Hipólito: “Manual da Paralimpíada : não olhe para a deficiência, olhe para a EFICIÊNCIA. A potencialidade! Sem usar o “que superaçãããoooo” só por ver alguém sem perna, braço, cadeirante, cego/baixa visão ou com paralisia. A gente treina pra carambaaa para estar lá”.

Que venham os Jogos!

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