Mulheres de ouro! Martine e Kahena são bicampeãs em Tóquio e constroem tradição feminina na vela

Nem a falta de ventos no dia anterior (01) atrapalhou a dupla brasileira da vela, Martine Grael e Kahena Kunze, de subirem ao degrau mais alto do pódio olímpico, pela segunda vez, agora em Tóquio.

A medal race da classe 49er FX iria acontecer na regata de segunda-feira, na Baía de Enoshima. Mas, com o adiamento, Martine e Kahena confirmaram o 1º lugar na tarde de terça-feira, em Tóquio. Com muita segurança, elas concluíram a regata decisiva, ficando na 3ª colocação e conquistaram o ouro por terminarem em primeiro lugar na colocação geral da modalidade.

Vale lembrar que nas competições de vela o ranking é decidido em uma série de regatas que acontecem ao longo de de vários dias. As dez melhores equipes avançam para a final, que vale pontuação dobrada.

(Foto: Jonne Roriz/COB)

Mesmo com toda a experiência, a dupla precisou se superar para chegar ao ouro depois de um início ruim de competição. “No primeiro dia aconteceram umas coisas que a gente, mesmo com muitas horas no barco, nunca tinham acontecido. Prendeu a escota num lugar que nunca aconteceu antes. E nenhuma de nós duas é muito supersticiosa, mas a gente prendeu fitinha, pedimos pra abençoar o barco depois. Umas duas ou três coisas que exigiram que a gente tivesse um recomeço para chegar aqui hoje”, contou Martine Grael.

“Ter o Robert aqui mostrou pra gente que não tem idade, se você tem vontade, se você está preparada para aquilo, você pode fazer. A gente não começou bem a nossa semana, mas fomos indo, batalhou cada regata e mostrou que a gente conseguiu chegar ao objetivo”, afirmou Kahena Kunze.

Para disputarem a medal race, a dupla brasileira chegou em segundo lugar no ranking – mesma pontuação da equipe holandesa, mas perdeu no critério de desempate. Mas, na regata final, a sorte também apareceu, já que todas as equipes que poderiam tirar o primeiro lugar do Brasil ficaram em colocações piores.

(Foto: Jonne Roriz/COB)

Com isso, Martine e Kahena – que juntas ganharam o primeiro ouro feminino brasileiro do esporte na história das Olimpíadas – entraram para um seleto grupo de brasileiros que se tornaram bicampeões olímpicos por duas vezes seguidas: Adhemar Ferreira da Silva (1952/1956) e parte do time de vôlei, com Sheilla, Jaqueline, Fabi, Fabiana, Paula Pequeno e Thaisa (2008/2012).

“É uma honra estar no mesmo patamar de nomes que fizeram história do esporte olímpico brasileiro. Ainda não caiu a ficha”, declarou Martine.

A medalha de prata ficou com as alemãs Tina Lutz e Susann Beucke, e a medalha de bronze, com as holandesas Annemiek Bekkering e Annette Duetz.

Com o resultado da dupla, este é o 8º ouro da vela na história olímpica do Brasil, mantendo a modalidade como a mais vencedora do país. Além dos oito ouros, são três pratas e oito bronzes, com 19 no total

Exemplos que vêm de casa

Tanto Martine como Kahena são de famílias tradicionais da vela. A Martine é filha de Torben Grael (que já conquistou cinco medalhas olímpicas) e sobrinha de Lars (com duas medalhas). Kahena é filha de Cláudio Kunze, campeão mundial juvenil nos anos 80.

(Foto: Jonne Roriz/COB)

E o Torben, que hoje atua como chefe da equipe de vela brasileira no Japão, valorizou a conquista da dupla. “Foi tudo muito difícil, a vinda pra cá, não teve condições de treinar antes do evento, só já perto da competição. O campeonato foi uma competição em que elas tiveram alguns obstáculos que nunca tinham acontecido. Na primeira regata, elas estavam super bem e a escuta do balão ficou presa entre a asa e o barco e elas acabaram caindo pra 15º. Depois uma penalidade, junto com a norueguesa na largada, um outro resultado difícil que elas salvaram recuperam muito. Esse segundo ouro foi um desafio grande para elas”, declarou

“Você quando está competindo, está entretido. Não tem muito espaço pra emoção. Quando está de fora assistindo não tem nada pra fazer, só torcer. E é muito mais emocionante pra mim ver uma medalha dela do que ganhar uma medalha porque ver meus filhos bem sucedidos é muito bom”, concluiu o pai de Martine.

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